Se você está enamorado, seja pela primeira vez ou de novo, pense nestas palavras:
"Não tive consciência, logo que a conheci, do quanto ela necessitava de mim. Não compreendi também a grande transformação que ela tinha imprimido a sua vida, a seus hábitos, a fim de me oferecer aquela imagem ideal de si mesma que ela, tão cedo, suspeitou que eu tivesse criado".
Este texto está no livro Sexus, de Henry Miller. Diz aqui que quando aquela mulher que nos atrai intensamente e para toda vida nos conhece, tem uma intuição do ideal de companheira que buscamos. Dai, ela também sentindo que somos o homem da vida dela, se molda ao que ambicionamos. O compositor Adelino Moreira disse a mesma coisa nestes versos de Escultura cantados por Nelson Gonçalves:
"Cansado de tanto amar
Eu quis um dia criar
Na minha imaginação
Uma mulher diferente
De olhar e voz envolvente
Que atingisse a perfeição"
O pior é que ela entra na fantasia. Se é uma boa mulher ela adota essa nova imagem sem segundas intenções, só com uma única, nos agradar.
"Esforçava-se por fazer-se indispensável, por me amar com tanta devoção, com um sacrifício tão completo que aniquilou seu passado. Não o fazia deliberadamente. Não tinha sequer consciência do que estava fazendo". Maravilhoso!
Mas, se no decorrer da vida ela descobre a droga que somos, ou se quem ela é mesma não aguenta ficar mais guardada, ou escondida, ela se torna uma megera. Quando somos nós, os homens, que damos uma de principe encantado para agradar uma mulher romântica, quando cansamos viramos um sapo asqueroso. Os românticos que me desculpem.