Sábado, 28 de Maio de 2011

Uma carta ao meu neto.

Bruno, doze anos é uma idade muito importante, é simbólica. Lembra que Jesus nesta idade entrou nas dependências do templo de Jerusalém onde os estudiosos da Torah discutiam as interpretações do texto sagrado e impressionou aqueles professores com perguntas inteligentes e uma atenção intensa ao que eles explicavam? Neste momento da vida o jovem judeu passa por uma cerimônia chamada B’nai Mitzvah, onde ele é iniciado na vida adulta. Você já é um adulto perante Jeová Deus. Pela lei dos homens ainda falta alguns anos para a idade responsável perante as leis.

A Wikipédia diz: “Quando uma criança judia atinge a sua maturidade (aos 12 anos de idade, mais um dia para as meninas), torna-se responsável pelos seus atos, de acordo com a lei judaica. Nessa altura, diz-se que o menino passa a ser Bar Mitzvá ( בר מצוה , "filho do mandamento"); e a menina passa a ser Bat Mitzvá (בת מצוה, "filha do mandamento"). E, ao completar 13 anos, o jovem judeu é chamado pela primeira vez para a leitura da Torah (o Pentateuco). Ao ser chamado pela primeira vez, o jovem pode, a partir daí, integrar o miniam (quórum mínimo de 10 homens adultos para realização de certas cerimônias judaicas).

No continente africano os meninos e as meninas também passam por uma cerimônia nesta idade, é a inciação que inclui a circuncisão nos meninos e a excisão nas meninas. Um site que explica a tradição Bantu conta: “A iniciação parece-se em muitos aspectos com um 'sacramento' que põe o jovem em contacto transcendente com o mundo espiritual, quer porque lhe revela parte do sagrado. O iniciado deixa definitivamente uma existência profana para passar a outra sacralizada; de natural passa a consagrado e mover-se-á para sempre dentro do circuito místico. Nenhum dos seus gestos será estranho aos mundos visível e invisível. É radical a ruptura com o mundo infantil, natural, irresponsável, assexuado e desconhecedor da cultura, dos mitos. Mas não é um fim. É preciso considerar a iniciação no Continente Negro mais como uma transformação lenta do indivíduo, como um trânsito progressivo da exterioridade à interioridade. A descoberta que o iniciado faz da sua realidade humano-comunitária e dos fundamentos mítico-religiosos da sua cultura obriga a uma introversão na qual descobre variadíssimas potencialidades na vida”.

Este é o meu garoto: louro, alto, bonito e muito inteligente. E que agora já é um “quase homem”. Continue olhando para os exemplos de seu pai e sua mãe que já passaram por esta idade. E no meu também, que já tive doze anos há muito tempo.



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Abraços de Vôdal.


publicado por joseadal às 15:00
Quinta-feira, 26 de Maio de 2011

Esta tela, que já foi completamente branca encheu-se de cor e ação vibrante pelo talento de Jacques-Luis David. Quando entrevistava o imperador para saber como queria ser retratado, o corso definiu sua filosofia de vida numa frase: “Pinte-me numa pose tranquila sobre um cavalo fogoso”.

O livro Grupos Criativos diz: “Entregando o corpo e alma ao vício do trabalho, produzindo muito mais do que o necessário, os proletários criaram os pressupostos para o consumo supérfluo e, em vez de exigir para si mesmos a vida ociosa dos ricos estenderam à burguesia a aberração de matar-se de tanto trabalhar e a si mesmos a de matar-se de tanto consumir”.

A razão da luta dos escravos e dos intelectuais esclarecidos pela libertação teve por finalidade a liberdade, o domínio sobre a própria vida, o direito de escolher fazer ou não fazer. Ainda precisamos de uma outra princesa Izabel, uma que nos libere para viver, que nos dê o domínio sobre o tempo - tempo que se escoa a cada instante - de nossas vidas. Napoleão conseguiu esta vitória, a maior entre todas as batalhas que lutou, a de não deixar o turbilhão da vida o engolfar. O seu cavalo podia estar irrequieto, seu reino podia estar em reviravolta, mas seu espírito estava tranquilo, seguro de si. É para isto que vivemos.



publicado por joseadal às 22:33
Terça-feira, 24 de Maio de 2011

Quando os Beatles formaram a banda, em 1962, com o quarteto que ficou famoso, aconteceu um fenômeno que em Física se chama força centrífuga. O livro Grupos Criativos descreve assim: "A capacidade criativa de um grupo depende de um tipo de espiral interativa que nele se arma. No interior da equipe há uma dinâmica que não é linear de estímulo e resposta, mas uma lógica circular onde cada um reage não a um único esforço, mas uma complexa relação interativa".

Durante nossa vida participamos de diversos grupos, equipes e associações, porém o conjunto mais importante, aquele que vai perpetuar nossa linhagem ancestral, é nossa família. Então, é preciso nos perguntarmos: será que estou fazendo o melhor, não, será que estou dando o máximo de mim para que a equipe lá de casa seja muito boa, a melhor?

Porém, por melhor que trabalhemos como técnico e lider do conjunto da nossa família não conseguiremos impedir a ação de outra força da natureza, a centrípeta.

Os geniais rapazes de Liverpool em poucos anos conquistaram mentes e corações no mundo todo. Com a energia centrífuga revolvendo entre eles (como frutas num liquidificador) as capacidades de cada um, produziram músicas fantásticas. Porém, de alguma forma a energia em cada um deles começou a separá-los numa ação centrípeta (de arremessar para fora como um ventilador) e, em 1970, anunciaram que os Beatles não existiam mais. Cada músico foi cuidar de sua carreira solo.

Infelizmente, quando saírmos dessa vida, nossos filhos se encontrarão cada vez menos e nossos netos, os primos que brincavam juntos com tanta afeição, quase nunca mais se verão. Sei que minha família vai se desmanchar tal qual uma equipe campeã em um ano desmantela o time todo no ano seguinte. Então é tratar de treiná-los bem para que sejam campeões da paz e sempre felizes por onde quer que forem.      


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publicado por joseadal às 23:58
Quinta-feira, 19 de Maio de 2011

James Hillman, eminente psicanalista, no livro O Mito da Análise, disse: "Quando somos tocados e abertos à experiência da alma descobrimos que o que nela existe não somente é significativo e necessário. Mas também atrante e belo".

Fico impressionado com o pensamento de grandes estudiosos que admitem a existência de mais coisas do que matéria.

Domenico de Masi falando da criatividade, diz: "É um método diferente do pensamento comum, é a capacidade de revelar mistérios, de ver antes dos outros e de fazer os outros ver, é a subjetividade na arte e o mais alto grau de objetividade na ciência, é a capacidade que nos liberta das escolhas habituais, que enriquece não só a si próprio como todo gênero humano".

Tudo isto é muito mais do que levar a vida cuidando de si mesmo. É plantar numa outra seara e contribuir para este mundo que nos recebeu.      


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publicado por joseadal às 00:20
Segunda-feira, 16 de Maio de 2011

Uma revolução é um corte abrupto em uma linha de ação. Ela pode ser promovida por elementos com força bélica, como os militares, ou pela força moral do povo que se apoia no valor da vida humana. Este é o tipo que agora sacode os países árabes com suas gerontocracias (governos de velhos ou velhos governos), como nomeia Bertrand Badie, especialista francês em conflitos internacionais.

Ele fala de um de seus alunos: "O jovem Kahled Tawfik, que estuda na Universidade de Londres, trancou a matrícula e voltou ao Egito para participar das manifestações. Antes de ir ele me disse: 'Há algo de muito errado quando alguém chega aos 26 anos de idade sem jamais ter visto outro presidente em seu país'.

Mas esta revolução será apenas para tirar do poder um homem velho e colocar um jovem? Gary Wasserman que é professor visitante na universidade do Qatar, diz: "Meus estudantes são, em esmagadora maioria, muçulmanos. São da elite em seus países, mas são viajados, acostumados com as conecções online e enturmados com músicas e filmes que falam de uma cultura diferente da deles. Porém, continuam confrontados com as rígidas demandas da família árabe, da tribo, da religião controladora e das tradições".

E o que diz o professor sobre esta geração árabe de 2011?

"Meus estudantes acham difícil reconciliar estas duas fontes de pressão. Entendem que os atuais governos são indifentes às profundas mudanças que ocorrem no mundo. Os que são egípcios querem Mubarak fora e querem a democracia a qualquer custo, e não tem certeza que se possa conseguir isto com paz. A liberdade é um conceito ótimo, mas se preocupam com a desordem que ela possa trazer, provocada por um povo que sempre viveu reprimido".

Este século, que só vou ver uma pequena parte, pelo que já ví nestes 10 anos, não será igual ao século 20 em que nos primeiros 14 anos começou o maior conflito havido até então, a 1ª Guerra Mundial. Creio que será maravilhoso em mudanças e com espiritualidade crescente. Quem sabe é a tal influência da era de Aquários que ouço falar desde a década de 1970.                              


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publicado por joseadal às 22:43
Sábado, 14 de Maio de 2011

Quando o economista Rodrigo Constantino começou seu artigo em O Globo de 03/05/2011 citando Roberto Campos: “O Estado fica melhor como um jardineiro que deixa as plantas crescerem, do que como um engenheiro florestal que as encurrala em canteiros simétricos” - sei não, quando estive nos jardins de Versailles achei que as plantas arrumadas com simetria também ficam lindas - vi logo que a opinião dele era de direita. Conservadora? Se acharmos que o capitalismo conforme os norte-americanos ensinam é o único jeito de cuidar dos povos, então é ser conservador.

Mas Rodrigo diz: “O capitalismo de Estado é o modelo mais próximo do socialismo. Ele existe quando o poder do Estado é tão grande a ponto de asfixiar a iniciativa privada. Os que defendem este modelo dizem que o Estado é a grande locomotiva que garante a prosperidade da nação. Este modelo leva ao autoritarismo por meio da crescente concentração de poder na casta governante”. Ele está falando do modelo PT de governar.

Mas levanta uma questão que deve nos fazer refletir para não acontecer de novo o “Pra Frente, Brasil”, o pau comendo e a maioria do povo não estava nem aí. “No capitalismo de Estado a política deixa de ser um meio de alavancar negócios; ela é o grande negócio. Burocratas e políticos passam a controlar a máquina estatal. As leis deixam de ser isonômicas, passando a representar um braço dos privilégios. Como dizia Octávio Paz, ‘é a vida privada incrustada na vida pública’. A troca de favores é o meio para o sucesso. Não os méritos ou a eficiência, o melhor atributo é ser ‘amigo do rei’. É um modelo insustentável que beneficia os governantes e seus apaniguados”. E a gente só vê o Bolsa Família e o Pré-sal.

É o que o mestre Jesus ensinou, dito em palavras do vernáculo: não se pode olhar só para o umbigo da gente, é preciso vigiar e orar.

Constantino disse que o que aumenta o perigo é que “não há lideranças políticas confrontando isto, apesar dos 44 milhões de votos na oposição. Falta quem lute pela substituição desta política pelo império da lei e da ética”.

Que tal começar por cada um de nós. Levantemos a voz em toda ocasião para criticar e exigir um governo que queira mesmo ver o Brasil como uma das lideranças do mundo em sua visão afável, confiante e espiritualizada do mundo.



publicado por joseadal às 00:20
Sexta-feira, 06 de Maio de 2011

"O Ford modelo T permaneceu o mesmo apenas na aparência durante os 20 anos em que foi produzido. Mas hoje a mudança é incessante, os produtos estão em frenética evolução absorvendo progresso de todos os setores. Durante o século 20 a União Soviética entrou em crise não com ameaça de armas nucleares mas pela televisão com suas propagandas consumistas. A invenção de novos materiais e a biotecnologia provoca mudanças em nossos utensílios e no nosso DNA. Tudo isso modifica incessantemente nosso modo de ver e viver a vida".

Dito isto, de Masi cita John von Neumann que fez uma comparação histórica só compreendida por quem conhece os fatos sobre os primeiros séculos da igreja de Cristo. "Para a ciência moderna passou o tempo dos mártires e entramos na época dos bispos. Os diretores de pesquisa trabalhando com grupos poderosos estão expostos aos perigos dos pecados carnais de orgulho e cobiça de poder". São Lino 10-76 dC foi eleito papa em 64, segundo a Enciclopédia Católica. Sua relação era só com as congregações cristãs - como os antigos cientista que pesquisavam sós ou com colaboradores em seus laboratórios. Depois de Constantino os bisbos tinham uma relação íntima com o poder dos imperadores - como os cientista de agora que trabalham com verbas de milhões de dolares para pesquisa e um situação de poder e de sucesso na sociedade mundana.

Cada vez fica mais difícil encontrar um homem íntegro e desprendido. E você questiona: e quem precisa disto?          



publicado por joseadal às 20:40
Quinta-feira, 05 de Maio de 2011

A criatividade, segundo Domenico Masi, começa "com uma dissociação junto a uma euforia e exaltação que 'baixam a guarda', suspendem a dúvida e reduzem-lhe a censura" e define-se com o surgimento do insight.

Se nos ocorre uma boa idéia em um momento que estamos em guarda tendemos a ficar revirando o plano na cabeça, criticando e procurando dificuldades e a invenção ou descoberta acaba sendo descartada.

Jesus contou uma párabola falando da dificuldade de um novo conhecimento vingar. Comparou o novo plano com um semeador jogando sementes: umas os pássaros comem, outras a pouco profundidade de terra não a deixa enraizar e mais algumas são mortas pelo mato. Mas a semente que cai numa terra fértil, que não cria impedimentos ao seu desenvolvimento, cresce e dá muitos frutos.  

Queira Deus que nossos insights, alguma boa idéia que tenhamos, apareça no momento certo, no qual estejamos "completos" cheios de entusiasmo e fé. Então ela prosperá e dará frutos.



publicado por joseadal às 00:44
Quarta-feira, 04 de Maio de 2011

"Cada um de nós possui os meios técnicos para realizar um salto à uma vida renovada, mas ainda encontra-se preso a um código cultural antigo" - palavras do livro Grupos Criativos, a propósito lembra que quando Bill Gates ofereceu à IBM o projeto do computador individual os diretores rejeitaram, estavam focados em construir o maior computador do mundo e não viam o campo infinito para os microcomputadores.

"Na sociedade pós-industrial, uma instituição ou um indivíduo será tão criativo quanto mais longe consegue se projetar no futuro. A invenção de novos campos de estudo acontece mais rapidamente porque a ciência pura sente-se pressionada pelas demandas da sociedade". Foi-se o tempo em que Graham Bell inventou o telefone e precisou convencer os governos e empresas do seu valor. Hoje a sociedade começa a sentir necessidade de um produto e os cientistas e engenheiros tem de correr contra o tempo para conseguir produzí-lo.

"Enquanto a ciência tradicional perseguia objetivos finitos, os limites da matéria, a ciência quântica tem diante de si um território sem limites, porque infinitos são os campos possíveis".

Uma vida que tem visão espiritualista entende melhor as mudanças e se equilibra melhor mentalmente. 



publicado por joseadal às 00:25
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