Vez por outra levantam-se vozes contestadoras. O economista Serge Latouche é uma dessas.
Ele defende o decrescimento, que novidade é essa? “Atualmente, a crise que estamos vivendo vem se somar a muitas outras, e todas se misturam. Já não se trata de uma crise econômica e financeira, mas é uma crise ecológica, social, cultural..., ou seja, uma crise de civilização. Alguns falam de crise antropológica...”.
Ora, a vida nunca esteve mais tranquila e as doenças tão controladas, por que dizer que a humanidade está em perigo? Ele fala daquilo que gosto tanto, andar de bicicleta: “O capitalismo sempre esteve em crise. É um sistema cujo equilíbrio é como o do ciclista, que nunca pode deixar de pedalar, caso contrário, cai no chão. O capitalismo sempre deve estar em crescimento, caso contrário é a catástrofe. Há trinta anos, desde a primeira crise do petróleo, temos pedalado no vazio. Não houve um crescimento real, mas um crescimento da especulação imobiliária, das bolsas. E agora esse crescimento também está em crise”.
Ele explica que decrescimento não é a mesma coisa que crescimento negativo. Cada vez chegam mais homens e mulheres ao mercado de trabalho, é preciso alocar essa gente. Se há estagflação não se cria postos de trabalho. O decrescimento foi formulado pelo economista romeno Nicolas Georgescu-Roegen, que ensinava: “Como atesta os conceitos da física, como a segunda lei da termodinâmica, nem todo o progresso tecnológico possível seria suficiente para contornar as principais características de finitude e de esgotamento inerentes aos recursos naturais e à terra arável”.
Então Serge afirma: “É preciso trabalhar menos para ganhar mais, porque quanto mais se trabalha, menos se recebe. É a lei do mercado. Se você trabalha mais, aumenta a oferta de trabalho. Quanto mais se trabalha, mais se provoca a baixa dos salários. É necessário trabalhar menos horas para que todos trabalhem, mas, sobretudo, trabalhar menos para viver melhor. Isto é mais importante e mais subversivo. Temos ficado doentes, toxicodependentes do trabalho. E o que as pessoas fazem quando lhes reduzem o tempo de trabalho? Assistem televisão, o veículo para a colonização do imaginário”.