“O desejo de glória e a vontade de a possuir tem se desenvolvido em detrimento da dignidade. Hoje, é a opinião pública que outorga glória por obra e graça dos meios de comunicação”. Assim termina As Paixões Intelectuais. A busca do prestígio, do momento de fama, é um estímulo para uma vida de boas ações. Porém, a fama construída sobre a indignidade e a violência são efêmeras.
Algumas páginas antes ele descreveu as honras recebidas por Voltaire, cognome de François-Marie Arouet, que devotou a vida a ensinar a ética e os valores: “Voltaire retornou a Paris depois de vinte anos de exílio. Chegando inesperadamente e sem autorização do rei, ele demonstrou quanto confiava na opinião pública que contribuiu para formar. Sua enorme popularidade o protegeu do mau humor de Versalhes”. Um bom nome promove respeito e segurança.
O livro cita, então, o jornal Correspondência Literária (de 30 março de 1778): “Esse ilustre ancião apresentou-se hoje pela primeira vez na Academia Francesa. Sua carruagem foi seguida desde o Louvre por uma multidão ansiosa por vê-lo. Só lentamente a multidão se abria para sua passagem precipitando-se sobre seus passos com aplausos e aclamações. Os acadêmicos vieram ao seu encontro a entrada, honra que jamais prestou a qualquer de seus membros ou príncipes estrangeiros. Sua caminhada até as Tulherias, ao teatro, foi um triunfo público. Do ponto mais distante de onde se podia distinguir a viatura, elevava-se um grito de alegria; as aclamações e os aplausos redobravam a medida que se aproximava; e quando se pode vê-lo, esse homem de cabelos brancos, respeitável, que acumulou tanta glória, quando desceu apoiado em dois braços, o enternecimento e a admiração chegaram ao ápice. O grito, Voltaire, ecoava de todas as partes”.
Diga: sim, vale a pena se esforçar no caminho do bem.