Sábado, 11 de Agosto de 2012

Um amigo está construindo sua casa quase que sozinho. Aproveitando o terreno acidentado está fazendo um lugar de viver muito aconchegante. Subindo uma elevação se entra na sala em dois níveis com uma escada vazada que começa na parede em frente a porta e para em um patamar que dá acesso a sala de refeições (coração da casa). Junto fica a cozinha, separada por meia parede com bancada que serve de bar, a copa com a porta dos fundos e o banheiro. Na sala, depois deste patamar, a escada continua pela parede da direita e dá acesso aos quartos. Tudo feito por ele: colunas, tijolos sobre tijolos, emboço, paredes emassadas. Só a parte hidráulica, elétrica e o telhado entregou a profissionais. Fico ansioso ao ver tanto que ainda há pra fazer e minha vontade seria botar um monte de gente e acabar logo. Ele tem outra opinião:

- Zé, este esforço todo me preenche os dias e as horas. Não me preocupo em acabar a obra, fico ansioso é sobre o que vou fazer depois que ela ficar pronta.

O pensador Artur Schopenhauer, em O Mundo como Vontade, falando da dor e da felicidade revela o que se passa no coração da gente e não compreendemos:

“Querer e aspirar, eis toda essência da vida, estreitamente igual a uma sede que nada pode mitigar. Mas a base de cada querer é uma falta, é a dor; pela sua origem, pela sua essência, quem quer está, portanto, destinado a sofrer. Se não tivesse objetos a desejar, o homem sentir-se-ia invadido por um vácuo espantoso e pelo fastio, em outros termos, seu ser e sua existência se lhe tornariam um peso insuportável. A vida, portanto, oscila como um pêndulo entre a dor e o fastio que são os elementos que a constituem”.  

E a felicidade tão decantada? O que é? O filósofo diz:

“Qualquer satisfação, o que vulgarmente se chama felicidade, é, na realidade, de essência sempre negativa, e de nenhum modo positiva. A felicidade não é espontânea ou chega de per si; deve ser sempre o cumprimento dum desejo. Porquanto desejar, isto é, ter necessidade de alguma coisa é condição preliminar de todo gozo. Mas, com a satisfação cessa o desejo e, portanto, o prazer. A satisfação ou a felicidade, não pode, consequentemente, ser outra coisa senão a supressão duma dor, duma necessidade”.

É por isto que quando estamos navegando num mar tranquilo, um momento da vida em que tudo vai bem, não damos valor.

“Por isto não sentimos, nem apreçamos suficientemente, os bens e as vantagens que possuímos, parece-nos que devem estar em nós. Não nos apercebemos do seu valor senão quando os perdemos, porque somente a necessidade, a privação, o sofrimento são positivos e se fazem sentir diretamente. Eis porque a lembrança dos males passados, dissabores, doenças, pobreza, etc., nos é grata”.

O gênio Tim Maia compôs uma música, talvez a única que é triste, que diz:

“Já rodei todo esse mundo procurando encontrar                                                                                     

Um amor, um bem profundo que eu pudesse realizar...                                                                                

Essa tal felicidade, hei de encontrar”.

http://www.youtube.com/watch?v=LyJNWRShtTo

E você não a encontrou meu pobre irmão, ou esteve com ela por momentos, mas ela fugiu. E só restou para sua alma a dor e o querer. Como é com todos nós.



publicado por joseadal às 13:30
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