Um filósofo é alguém que procura olhar friamente o modo como a humanidade vive. Diferente de um teólogo que trabalha com a fé, ele lida com o aparente. Porém, os objetos que estão diante de nossos olhos também podem ser percebidos de uma maneira errônea por nossos sentidos. No livro O Sistema Cristão e o Vazio da Existência, Artur Schopenhauer faz algumas análises que acho precisarem de uma segunda opinião (p.39):
“Apenas pense: se todas as leis criminais fossem anuladas, nenhum de nós teria coragem de sair de casa. Mas se do mesmo modo todas as religiões fossem fechadas, poderíamos apenas sob a proteção da lei continuar vivendo. Poder-se-ia dizer que deveres para com Deus e deveres para com a humanidade, muitas vezes estão em posições contrárias. Em todos os tempos e em todas as nações a grande maioria da humanidade julga muito mais fácil chegar ao céu pelas orações do que pelo merecimento de suas ações. Assim, discursos às massas e edificações de igrejas se tornam tão louváveis de modo que até grandes crimes são expiados por elas, como penitência”.
(estamos atravessando o rio Paraíba lá perto de Rio das Flores, a aparência é de desportistas, mas são também devotos de Deus e da Natureza)
Já no livro Uma História que não é Contada, o professor Léo Moulin, da Universida de Bruxelas, também lidando com fatos, diz (p.90):
“No início do século XVII a Europa contava com 108 universidades, enquanto no resto do mundo não havia uma só. Isto põe um problema para o historiador: porque o desenvolvimento ocorreu somente em área cristã. Há na mensagem cristã gérmens do desenvolvimento e do progresso. Pregando igualdade ela cria uma sociedade livre, sem castas. Alimentado por tal mensagem o homem europeu conquistou o mundo”.
Ler livros de inclinações diferentes não são para nos deixar bolados, essas opiniões só nos ajudam a não achar que sabemos tudo e somos donos da verdade.