A história não é uma letra morta. Muito se aprende com ela.
Em Mitologia Grega o professor Junito conta que a época da Guerra de Tróia (c. 1230 a.C) a religião na Grécia era vinculada a adoração dos mortos. “Nos vastos túmulos escavados em Micenas, como o do rei Agamêmnon onde se encontrou o tesouro do atreu, o rei, o chefe da tribo ou do clã, tinha o rosto coberto com uma máscara de ouro. Isso indicava que após a morte o Senhor tornava-se um herói, um protetor dos que habitavam aquele território. O culto aos mortos era uma religião da família ou do grupo e estava indissoluvelmente ligado ao túmulo. Além desta veneração aos mortos existia a dedicada aos deuses, invariavelmente vinculados a natureza”.
A máscara de ouro tinha o mesmo valor simbólico da mumificação egípcia, o corpo corruptível precisa ser revestido de uma forma eterna: "Tinha como finalidade transforma-lo em um ser sobrenatural, de traços incorruptíveis, semelhante as estátuas de mármore que imortalizavam os deuses".
Quando houve a invasão dória muitos gregos fugiram para outros lugares e seus cultos sofreram transformações.
“Esse distanciamento, com todas consequências que sempre lhe são inerentes, desenvolveu um sincretismo, uma mistura com os deuses dos novos lugares. A maneira mais prática para os exilados refazerem suas vidas era congregar o que tinha em comum as duas culturas”.
O livro cita, então, o historiador e filósofo grego Sexto Empírico (século II a.C): “A noção humana da divindade decorre de dois princípios: dos fenômenos da alma e dos fatos da vida cotidiana”. Assim, o escravo Banto, Jejê e Keto (ou Angolano), longe de seu território na África não podia simplesmente venerar São Jorge, precisou mesclá-lo com o guerreiro que adorava lá, com Ogum. Não julgue, entenda como o pensador Sexto: são fenômenos da alma misturados com a realidade da vida.