Hoje peguei minha bike e subi a serra da Bocaina, ontem fui de Piraí até Paracambi por dentro da mata. E enquanto fazia tudo isso, irmãos meus passaram esses dois dias trancafiados em celas apertadas comendo, defecando e dormindo com outros.
- Erraram, Zé, agora estão pagando.
Falo da má sorte, do destino que faz um ser humano perder anos de vida dentro de uma jaula. O livro Infiéis conta que a sina foi ainda pior para outros. “As galés eram um tipo de navio construído para as condições específicas do Mediterrâneo.
Longas e de baixo bordo eram capazes de mover-se independentemente da força ou direção do vento. Sua principal força motriz estava nos bancos de remadores que se estendiam por mais de 10 m em ambos os lados do vaso de guerra. Três ou quatro homens sentavam-se um ao lado do outro em cada banco, todos remando ao mesmo tempo.
Eram escravos, prisioneiros de guerra e criminosos. Em cada navio havia mais de cem homens, a maioria acorrentada ao seu posto de remar”. Preste atenção agora, e se puder deixe de sofrer por esses irmãos que há muito partiram dessa vida: “A maioria vivia o resto de seus dias dentro dos 60 cm que lhes eram designados. Dormiam, comiam, defecavam e urinavam, ficavam doentes ou sangravam e com frequência morriam de infecção. Ratos e baratas pululavam nos restos de comida e nas fezes. O repulsivo cheiro do convés dos remos podia ser detectado a até 3 km de distância”.
Meu Deus, houve irmãos nossos, “remadores, que subsistiam por 30 ou mais anos. Servir nos remos era uma forma de morte em vida”. Se a vida é só essa, como ela é triste para esses irmãos. É preciso agradecer ao Criador todos os dias a sina que nos deu nessa vida. Eu e você precisamos encontrar alegrias em nossa vida, sempre.