Quando um bom escritor junta à história um dom premonitório ele consegue um best-seller, é o caso de Morris West, em Sandálias do Pescador, um romance sobre um papa recém-eleito.
Estudioso da história da Igreja Católica ele cria uma ficção sobre os bastidores do Vaticano muito próxima a realidade. Apesar de este livro ter sido escrito em 1963, o papa por ele descrito é uma mistura de João Paulo II e Francisco. Numa reunião com os cardeais logo depois de eleito ele é aconselhado: “Não falto ao respeito devido a Vossa Santidade ao dizer que deverá haver prudência e reserva em todas as alocuções e atos públicos”. A Cúria preferia que ele não mudasse nada e deixasse o barco correr. O que era uma demonstração de falta de fé de quem escolheu o homem acreditando que era a vontade do Espírito Santo. Ao que ele responde com suavidade:
“Um pai não fala a seu filho através da máscara de um ator; fala simples e livremente, do fundo do coração, e é o que me proponho fazer”.
Então, os cardeais desfiam os problemas de seus países e as expectativas dos católicos por mudanças na Igreja. Ele responde, usando o plural, não mas ele só, mas fazendo sua a opinião de Deus:
“Nós não temos a oferecer para a salvação do mundo nem mais nem menos do que tínhamos no princípio. Pregamos a Cristo, sua vida e sua crucificação. Para os que não têm fé, um disparate”.
E elevando a voz conclama àqueles pastores a uma grande missão: “Encontrai-nos bons homens, que compreendam o que é amar a Deus e às suas criaturas! Enviai-nos esses homens e nós enviá-los-emos para que levem amor aos que padecem da falta de esperança e amor. Ide, agora, em nome de Deus!”
No Brasil que tem de importar médicos porque nossos jovens querem trabalhar só no bem-bom das grandes metrópoles, sempre dependemos de padres estrangeiros, como o indiano Padre Jacó, de Pinheiral. Só o Espírito Santo para fazer as famílias brasileiras não terem medo de apoiar a inclinação religiosa de um filho de ser um padre, um verdadeiro e desprendido condutor de quem tem sede de justiça e de fé.