Está todo mundo muito bem e tudo muito bom. Então, sou só eu que por uma coisa de nada tenho sonhos que me deixam com a alma aflita? Sou o único cara que sempre carrega um medo fininho de que as coisas não vão dar certo? E ninguém usa remédios contra apreensões e depressão, só euzinho é que tenho que pingar minhas gotas de homeopatia contra ansiedade todo santo dia?
No livro Sandálias do Pescador, o padre encontra uma alma como a minha e conta o que disse para ela. Lógico, serviu direitinho para mim:
“Creio que muito do mistério da graça divina possa ser revelado quando entendermos melhor o funcionamento do inconsciente, onde as memórias ocultas e as culpas escondidas germinam em impulsos de estranhas florações. Estamos numa batalha que precisamos vencer, mas lembro que Jacó lutou contra um anjo, o venceu, mas saiu coxeando. Não duvido que existe uma harmonia divina que é o resultado do eterno ato criativo. Mas o que sempre escuto é um barulho cheio de discordâncias. Para mim, a crise do quase desespero que aflige tantas pessoas de espírito nobre, é com frequência um ato providencial delineado para causar-nos a aceitação de nossa natureza com limitações e deficiências. Não se engane, nenhum de nós pode pagar suas dívidas a não ser pela Redenção que Jesus nos providenciou. Mas rejeitar a alegria de viver é insultar a Deus que além do dom das lágrimas nos deu o de rir”.
Terminou dizendo à mulher: “Sejamos pacientes conosco mesmo e com Deus, que continua trabalhando à sua maneira e no seu tempo secreto”.