Quinta-feira, 30 de Junho de 2011

Entre as coisas inteligentes que disse Oscar Niemeyer, li este ensinamento: "O que conta não é a profissão que exercemos, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que precisamos modificar".

E o filósofo Domenico Masi diz: "Um grupo criativo quer mudar o mundo. O núcleo de uma turma assim geralmente se aglutina em torno de uma idéia, da convicção de poder tornar possível o impossível, com a despreocupada leveza de uma diversão e a teimosa audácia duma criança.

A satisfação de compartilhar um mérito com os colegas, a satisfação de ver alegria nos olhos de quem nos lidera numa missão, o orgulho de ter feito o que até pouco tempo nos era imaginável, o deleite de ter realizado um sonho rompendo paradigmas, apontando novas metas e itinerários para nossos irmãos, tolerando as imperfeições dos colegas e, para nós mesmos, suportando os desencorajamentos".

 

Vê-se isto no informal Clube Adventure de Bike e Trekking. As caminhadas organizadas para homens, mulheres, idosos e jovens, em lugares maravilhosos que animam as almas, curam feridas do espírito, levantam a estima e melhoram a saúde. As pedaladas que reunem grupos com diferentes capacidades atléticas e, às vezes, misturando-os em uma fuzarca alegre e cheia de amizade. Os almoços, festas julinas, participação na conscientização da população para o Dia mundial sem Carro, ou o Reflorestamento do Planeta. Tanto serviço, trabalho duro e alegre, sem remuneração só doação. Tudo tão bonito! Isso existe em muitos ambientes. É trabalho sim, mas um que nos dá vida e tempo, não o contrário.

Mas me ocorreu de repente o chavão do pedinte interpretado por Moacir Franco: "E quanto é que levo nisso?" Você também acha que tudo tem de envolver grana? 



publicado por joseadal às 01:17
Segunda-feira, 27 de Junho de 2011

Olhe a sua volta, o mundo está mudando. O livro Rompendo as Barreiras da Administração, de Tom Peters, prevê que a grande população aliada a muita informação vai criar objetos cada vez mais complexos previlegiando o virtual, a energia, a leveza e o pensamento.

E diz: "A grande empresa tecnocrática acabou, está superada. As novas perspectivas não devem ser procuradas nas grandes companhias, mas no que é desarticulado e flutuante. É necessário fundir as funções empresariais e eliminar os limites. Grupos de trabalho autogerenciados e em contato direto com o mercado, com os clientes, vão desenvolver a inteligência e o conhecimento como produtos cada vez mais consumidos do que bens materiais. Hoje, quem tem sorte de dominar a informação executa atividades mais agradáveis e são muito bem remunerados, com mais estabilidade e melhor carreira". 

Então o segredo é trabalhar no que se gosta ou buscar um novo caminho por meio de um conhecimento que previlegie a boa convivência humana. Buscando ordenar o tempo para o que nos conforte e eleve vencemos o mundo. Isto, afinal, é o que sempre teve valor e é o que fica.                



publicado por joseadal às 23:22
Domingo, 12 de Junho de 2011

Lembrei agora mesmo de uma música. É de Zé Ramalho. Procurei em meus discos e o achei, mas a canção não estava lá. Fui pra internet e no Google coloquei: fiz aquele prédio e não posso entrar. E lá estava a cantiga triste em Cidadão. Olhe só esses versos.

Tá vendo aquele colégio moço? Eu também trabalhei lá.

Lá eu quase me arrebento fiz a massa pus cimento ajudei a rebocar.

Minha filha inocente vem pra mim toda contente:

pai vou me matricular.

Mas me diz um cidadão criança de pé no chão aqui não pode estudar

Essa dor doeu mais forte...”.

No livro Os Manuscritos Econômicos Filosóficos, de 1844, Karl Marx pensa o trabalho, seja do patrão ou do empregado:

"Quanto mais ele produz, mais lhe é subtraído. O homem se torna uma mercadoria tão mais vil quanto maior é a quantidade que delas produz. A desvalorização do mundo humano cresce em relação direta com a valorização das coisas materiais. O trabalho não produz só mercadorias, torna o próprio homem um objeto. O operário vem a se encontrar em relação ao produto do seu trabalho como um estranho. O produto material do trabalho, o objeto por ele fabricado, é vendido não se sabe a quem. A estranheza do trabalhador ao seu objeto se exprime pelo fato de que quanto mais produz, tanto menos tem para consumir; quanto mais valor agrega ao que faz tanto menos valor e dignidade possui; quanto mais belo seu produto tanto mais ele se embrutece. Constrói palácios, mas ele mesmo mora numa espelunca na periferia. Até as edificações para o espírito torna o trabalhador mais idiota e cretino. O produto é o resumo de toda uma intensa atividade, mas se o seu resultado é a alienação do homem este trabalho não é bom”.

Esta semana ouvi um discurso da presidente Dilma em que ela prometia uma condição de trabalho mais humano para os catadores de recicláveis. Não lhe dói pensar em homens, mulheres e crianças disputando um objeto que foi jogado fora por nós?

  



publicado por joseadal às 01:58
Sexta-feira, 10 de Junho de 2011

Foi assim, como num milagre. Países atrasados e esnobados pelos mais ricos, começaram a crescer muito e vencer com menos perdas as crises financeiras provocadas por aqueles ricos que não encontrando mais graça no trabalho encheram seus negócios de falcatruas e desmandos. A Índia, a China e o Brasil estão cheios de vitalidade para trabalhar. Qual foi a fonte desta reviravolta? O italiano estudioso de economia, Domenico Masi, encontrou a seguinte explicação: “Frente aos efeitos perversos do modelo industrial, frente ao cinismo do mercado agressivo, à indiferença às vítimas do progresso, surge um modelo alternativo capaz de criar e distribuir a riqueza com igual eficiência, substituindo a opulência de poucos pela fartura moderada e difusa, a competitividade destrutiva pela solidária”.

Sim, mas de onde vem esta visão mais terna dos outros? “Esses povos têm, eles também, suas contradições, mas conseguiram no tempo de suas agruras conservar uma disposição à alegria, à sensualidade, ao acolhimento e à festa grupal, que aqueles povos já deixaram de ter. Assim, é mais provável que os latinos e orientais elaborem um novo modelo de sociedade finalmente capaz de assegurar a todos a serenidade econômica sem exigir a renúncia à plenitude do espírito, à alegria, aos jogos e ao convívio. Um modelo de vida que dê a cada um condições de manifestar sua identidade e realizar sua própria essência latente. Esta nova atitude perante a vida e o ganhar dinheiro para viver nos permitiria reconciliar a criatividade com a felicidade, o trabalho com o ócio prazeroso, tornando-nos pronto a acolher o novo que sempre vem”.

Stefan Zweig, vivendo um tempo no Brasil, no final da década de 1930, elaborou  um livro cujo título se tornou uma espécie de zombaria, mas que ele vislumbrou como coisa séria, Brasil, país do futuro. Lendo-o verás o país que um operário vislumbrava e lutou para ver funcionando. Não li, ainda, nenhum comentário dos estudiosos da política internacional e do mundo árabe, sobre alguma relação entre as revoluções no mundo muçulmano e o exemplo que demos ao mundo escolhendo um trabalhador para dirigir nosso destinos e renegando os intelectuais que nada faziam para mudar seu país, mas tenho absoluta certeza de que nosso exemplo está repercutindo no mundo e lá, entre os árabes, fazebdi-os sacudir de cima de si o arcaísmo apodrecido. 



publicado por joseadal às 15:08
Quinta-feira, 09 de Junho de 2011

Em duas páginas de jornal, Ferreira Gullar em uma José Castello em outra, falam, sem combinar, em imagens e palavras. Enquanto os lia o tempo todo pensava nos meus irmãos nesta Terra que não gostam de ler ou acham que um filme ou a TV substituem uma boa leitura.

Gullar falando da comunicação visual diz: "O vínculo entre a imagem e a realidade nasceu com o homem das cavernas e se mantêm até hoje. Isto não significa que lêr seja um exercício descabido e inútil, pelo contrário, a linguagem das palavras cria significações que somam com a expressão das imagens".   

Já Castello lembra as imagens de Artur Bispo do Rosário, o artista esquizofrênico - uma interpretação nossa para a complexa personalidade dele - e e sua explicação para pintar: "Minha missão é enquadrar objetos para salva-los do dilúvio".

E o crítico deduz: “Ler um livro é tomar posse da língua, pois a literatura, sem ser algema, ainda assim prende e sustenta em um delicado fio de palavras, aquilo que de outra forma se perderia. Mais ainda: aquilo que, sem o contorno de um nome, não chegaria a existir”.

Ora, a vida é uma escola, nela aprendemos muito, mas quando lemos um bom livro tomamos consciência daquilo que outra pessoa, com mais luz do que nós, viu e com gentileza nos passa. Ou como diz José Castello, um leitor de muitos livros: “Sempre achei que a literatura é uma carícia”. Aproveite os dias dos namorados e faça uma “carícia” em quem você ama e especialmente em você mesmo. Leia um livro estes dias.


tags:

publicado por joseadal às 00:05
Terça-feira, 07 de Junho de 2011

Em um verso de Casuza há um desafio:

Brasil, mostra tua cara

quero ver quem paga

pra gente ficar assim...

A história, como cobertores estendidos uns sobre outros, encobrem origens de situações atuais. Como por exemplo, a relação Brasil-Inglaterra. Quanto de nosso ouro sustentou os reis britânicos e quantas vantagens sempre levaram nos negócios sem misericórdia que fazem conosco, país mais pobres! Com certeza, nas voltas que a vida dá, a riqueza inglesa há de voltar para as mãos dos mais pobres.

Mas lendo o livro A Caminho de Jerusalém encontrei o que pode ter sido a primeira ligação dos anglos com os latinos portugueses.  Aconteceu na 2ª Cruzada.

"O exército de cruzados inglês tinha sido formado para se juntar à enorme expedição. Mas os ingleses acabaram ficando retidos em Portugal, onde cercaram Lisboa, que, evidentemente, era difícil de comparar com Jerusalém, mas, de qualquer forma na época, era uma fortaleza islâmica".

No romance de José Saramago, O Cerco de Lisboa, o escritor português conta a ajuda que os ingleses deram ao rei Manoel para tirar os árabes - que nossos antepassados denominavam mouros - de sua cidade. Apesar de terem levado muita pilhagem os portugueses ficaram devedores e daí por diante, cada cobertor da história que levantamos, lá estão os ingleses auxiliando e levando vantagem. Como quando, em 1808, ajudaram Dom joão VI a fugir de Napoleão e ganharam a abertura dos portos do Brasil as nações 'mui amigas'. Ô gentalha!

Tem mais um pedacinho do livro, quer lêr?

"Depois de quatro meses de cerco, tendo prometido aos defensores da cidade salvo-conduto, a guarnição moura desistiu e, em seguida, restou para os cristãos fazer o que restava fazer [faça o favor de lêr com bastante ironia]: pregar na cruz, esfolar e atravessar pela espada, cortar o pescoço e queimar, violentar e pilhar, tudo em nome de Deus e pela eterna salvação de suas almas. Depois disso, os ingleses ficaram saturados da Guerra Santa e voltaram para casa".

E assim ficamos eternamente gratos e pagando juros sobre juros até aparecer um torneiro mecânico sem um dedo que, eleito presidente, mandou pagar logo "a merda desta dívida" e dar 'o ponta pé inicial do segundo tempo' em que poderemos virar o jogo contra os ingleses. Mas com muita ternura, como ensinou Che Guevara.



publicado por joseadal às 23:05
Sexta-feira, 03 de Junho de 2011

Certo dia, pedalando por uma trilha passamos ao lado de uma cascata em que a água batia numa laje de pedra e escorria leito abaixo. À luz da tarde dava uma cor de ouro velho ao granito. Um colega refletiu: "É muito bonito. Gostaria de ficar sentado ali..." Olhei para ele esperando uma continuação da frase, tipo: "...planejando com vagar uma coisa", ou "...pensando na vida". Não, ele nada mais disse. Queria mesmo só ficar sentado ali vendo a tarde bonita passar.

Lembrei-me desse momento lendo este trecho do livro Grupos Criativos: "O horário de quem trabalha devia diminuir, mas trabalha-se cada vez mais e a atenção, os investimentos, a formação profissional dedicados ao trabalho aumentam na mesma proporção. Família, empresa e sociedade reservam um cuidado preocupante à formação dos jovens para o mercado de trabalho. Nada acontece em favor do tempo livre. Na verdade tanto o trabalho quanto o tempo livre podem dar seus bons frutos desde que cultivados de modo que o primeiro não degenere numa existência embrutecida e alienada, e o segundo não se torne tedioso, levando às drogas e à violência. Para a massa fala-se em tempo livre só como ocasião para consumir e que os operadores turísticos disputam para dar mais lucro aos comerciantes. De alguns decênios para cá o tempo médio de vida começou a aumentar, agora supera 200 mil horas. Somente com uma séria preparação pode se livrar do tédio os que tem esta sobra de tempo e lhes mostrar quantas oportunidades se abrem”.   



publicado por joseadal às 00:37
mais sobre mim
Junho 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4

5
6
7
8
9
11

13
14
15
16
17
18

19
20
21
22
23
24
25

26
28
29


pesquisar neste blog
 
tags

todas as tags

subscrever feeds
blogs SAPO