Domingo, 25 de Setembro de 2011

"A 'alegoria da caverna' não ilustra apenas a essência da formação, mas permite, ao mesmo tempo, a apreensão de uma transformação essencial da 'verdade'". Quem diz isto é Martiln Heidegger, filósofo alemão comentando uma parábola de Platão no livro A República.

Ora, a verdade não é uma só? Então, como pode haver transformação da verdade? Vamos ler o professor.

"A essência da 'verdade' e o modo de sua 'transformação' é que tornam possível a 'formação da alma' em sua estrutura fundamental. Mas, o que une a 'formação' e a 'verdade' em uma unidade essencial originária?"

Gente, será que o mestre Platão pode nos desvelar aquilo que Pilatos perguntou ao outro mestre, Jesus: o que é verdade?

"A palavra nomeia a reorientação do homem inteiro no sentido do deslocamento para fora da esfera em que está, levando-o para um outro âmbito em que o essencial aparece e a que o homem se adapta. Este deslocamento só é possível porque se transforma tudo o que até aqui era evidente ao homem e o modo como era evidente. Tanto o modo do desvelamento quanto o que é desvelado ao homem precisam transformar-se. Desvelamento se diz em grego palavra que se traduz por 'verdade' que no pensamento ocidental se entende, há muito tempo, como a correspondência da representação pensada com a coisa: adaequatio intellectus et rei. Não nos contentemos, todavia, em traduzir as palavras apenas literalmente. Busquemos, ao contrário, pensar a partir da sabedoria dos gregos a essência real indicada nas palavras traduzidas e, então, imediatamente, "formação' e 'verdade' se unirão numa unidade essencial".

Será!?

"A 'alegoria da caverna'  trata da essência da verdade e o que quer dizer com 'desvelado' e 'desvelamento' está manifestamente ligado a região de domicílio do homem. Ela conta a história das transições de um domicílio a outro em uma seqüência de quatro diferentes domicílios em uma gradação peculiar, tanto ascendente quanto descendente. As diferenças dos domicílios e dos estágios das transições evidenciam diferentes modos da 'verdade' que domina em cada ponto. Por isso o 'desvelado', deve ser pensado e nomeado em cada estágio.

No primeiro estágio, os homens vivem acorrentados na caverna e aquilo que vêem os cativa. 'Os assim acorrentados tomam absolutamente como o desvelado apenas as sombras dos objetos reais".

O segundo estágio relata a retirada das correntes. Os acorrentados estão agora livres, embora permaneçam trancados na caverna. Na realidade, agora podem virar-se para todos os lados. Abre-se a possibilidade de verem as próprias coisas que, antes, estavam atrás deles. Aqueles que antes só olhavam para as sombras chegam a ver a luz do fogo artificial da caverna. Quando vêem apenas sombras elas mantêm cativo o olhar e, assim, se antepõem às coisas mesmas. Se o olhar, porém, se liberta do cativeiro das sombras, então, o homem, assim liberto, alcança a possibilidade de chegar ao âmbito do que está 'mais desvelado'".

O mestre Jesus descreveu a "verdade" assim: "É como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais [estágios do que é real] até ser luz perfeita". Então, saber a verdade demanda teeemmmpooo. também implica numa procura, ser curioso para "ver" mais adiante e a ajuda de quem já chegou ao outro estágio de descoberta. É melhor, para não se dar vexame, não dizer ou pensar: eu sei a verdade.   



publicado por joseadal às 12:07
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