Sábado, 26 de Novembro de 2011

Há na História uns desvãos, recantos ou esconderijos, que o homem culto, mas não estudioso, releva. Quem não se lembra de como, muito de
repente, entra no palco da Era das Navegações o infante Dom Henrique e sua formidável Escola de Sagres. Parece até um mágico tirando um coelho da cartola vazia. O livro Saber, o Tesouro das Nações, também faz surgir no meio dos árabes doutores estudiosos dos gregos Aristóteles, Pitágoras e Hipócrates; falta umas preposições, alguma ligação entre os habitantes do Oriente Médio com os helênicos.

No finados que passou - dia de lembrança dos humanos que partiram deste mundo - descobri Nestório (386-451) lendo As Civilizações da Estepe, do arqueólogo Philippe Conrad.  Ele foi arcebispo em Constantinopla entre 10 de Abril de 428 a 22 de Junho 431. Baseando-se em seus estudos da linha cristã de Antioquia, ensinava que não se podia dar a virgem Maria o título de Theotokos ("Mãe de Deus") o que o levou a um conflito com outros clérigos proeminentes da época. Ele também acreditava no Diofisitismo, doutrina da Cristologia (estudo da pessoa de
Cristo) que diz ser Jesus Cristo não idêntico ao Filho ou Logos que “estava no princípio com Deus e era Deus”, mas que o Filho vivia nele era o espírito encarnado no homem Jesus da Galiléia. No Concílio de Éfeso, em 431, Nestório foi acusado de heresia e se exilou num mosteiro. Mas seus pensamentos foram aceitos por cristãos gregos e turcos que se separaram da igreja Católica Romana e priorizaram a pregação cristã na Ásia. Eram estudiosos tanto estudando a Bíblia quanto os filósofos gregos e por onde iam tanto divulgavam os ensinamentos de Jesus, o Nazareno, como os de Platão, Sócrates, Demóstenes etc. Nos reinos bárbaros do oriente tornavam-se importantes funcionários, conselheiros e administradores.

Ah, agora entendi o interesse dos árabes cultos pelos filósofos gregos! Foram cristão excomungados que levaram a cultura grega aos árabes! Foi com eles que os árabes, importantes comerciantes e financistas naquele mundo antigo do Oriente, de antes de Maomé, aprenderam a importância da cultura
grega.  É assim que a gente acha o que estava escondido, lendo muitos livros com gosto e prazer.                                                                             - E pra que serve tanto saber, Zé?                                           

Cara, sabe que não sei! Taí, outra coisa que preciso saber.


tags:

publicado por joseadal às 11:32
Sexta-feira, 25 de Novembro de 2011

Ninguém que esteja lendo isto duvida da existência de Deus, o criador, o iniciador de tudo, aquele que fez ou é energia e num Big Ben, ou outro começo qualquer, fez a matéria mais fundamental, um átomo de Hidrogênio, com um só elétron e um próton, desenvolveu a vida e gerou miríades e miríades de filhos. Este é o Pai que por seu imenso poder merece adoração - dai que dizer "eu adoro este sorvete é, no mínimo, um contra-senso.

Uns poucos sabem que ao Logos, um poderoso Ser que "estava no princípio com Deus e era Deus", que "habitou entre nós e não Lhe demos reconhecimento", organizou e desenvolveu a matéria em átomos de mais de uma centena de elétrons e com um núcleo pesado de prótons e nêutrons, deveríamos servir como Senhor de todos nós. Seguimos à tantas criaturas balançando nossas cabeças feito vacas como se fossem nossos Senhores e não são nada.

 Mas só um ou outro percebe que o Logos cercou-se de seres poderosos que receberam a missão de executar o plano divino para o universo de matéria. Um coordenou a movimentação centrífuga dos gases formando os corpos celestes e com a mistura certa dos elementos produziu as rochas e os diversos complexos químicos. Este é o Senhor dos metais. Outro formou as águas e fez os oceanos. Mais outro cuidou do clima tornando-o apropriado para a vida. Ainda outro plantou a vida vegetal e a equilibrou com infinitos microorganismos vivos. E por aí afora. Na adoração cristã e na de Maomé diferentes das antigas religiões panteístas, esses Senhores da Natureza foram esquecidos, mas o pior de tudo é que o ser humano, nós, passamos a ferir e interferir nas obras deles e estamos sentindo os sistemas naturais se voltarem contra nós. O aumento de um grau a mais na temperatura está fazendo evaporar mais águas que se despejam causando transbordamento dos rios e queda de encostas. Porém, neste ano vamos ter mais precipitação de nevascas e granizo. Ainda estamos na primavera e já caiu pedras de gelo em vários lugares, algumas do tamanho de ovos grandes. Agora, quando virmos nuvens pretas no céu, é bom nos precavermos procurando abrigo.

 O pior é que cada pessoa, ao invés de reverter seu modo de vida causa mais agressão ao planeta e às obras nele que permitiram nossa vida. Faltam-nos hoje xamãs, antigos sacerdotes dos cultos a natureza para nos orientar na volta a uma existência integrada com os sistemas ecológicos, obras dos poderosos guardiões, os anciãos de Deus e seu Logos.          



publicado por joseadal às 21:58
Quinta-feira, 24 de Novembro de 2011

No livro que terminei de ler parei desconcertado ante a descrição de um baile de jovens há exatamente um século: "Durante toda noite os saxofones gemiam as desalentadas notas de um blues, enquanto uma centena de pares de dourados e prateados sapatos femininos se arrastavam no piso brilhante. Fresca faces flutuavam pelo salão como pétalas de rosa sopradas pelos tristes pistões".

Meio dark, não é? Mas que diferença para um baile fank de agora! Sem nos esquecermos de toda evolução e aumento da velocidade do ritmo das músicas entre aquele princípio de século e este - fox trote e rock and roll no meio - a distração dos jovens ganhou uma velocidade dramática.

Com cada geração acumulando-se de coisas que fazer e o tempo esvaíndo-se loucamente, fico imaginando que existência desenfreada viverá meus bisnetos no meio deste século, quando não estarei mais aqui.

Que cada qual estabeça a paz em volta de si e dos seus.


tags:

publicado por joseadal às 22:39
Sexta-feira, 18 de Novembro de 2011

No livro A Revolta das Freiras, de Régine Deforges, descobri como era o mundo religioso do século 6, época que conheço pouco, tempo em que as tribos bárbaras, que venceram Roma e desorganizaram as instituições romanas, abandonavam seus deuses da natureza e se convertiam ao cristianismo. Esta história se revolve em torno do convento de Santa Radegondes, rainha de um povo gaulês que se separa do marido e da vida de fausto para se dedicar a Deus em um convento da ordem de São Cesário. Apesar da distância no tempo entre aqueles dias e os nossos a carta de aprovação dos bispos à nova casa de freiras repete um problema de hoje, a falta de tempo para buscar ao Criador: "Nós nos felicitamos, filha, por ver reviver em vós, graças à propiciação divina, um exemplo de dileção pelas coisas celestes, pois no momento em que devido a falta de tempo o mundo descurou da fé, ela torna a florescer graças a devoção de corações como o vosso, e o que entibiava, por causa da frialdade da vida dedicada aos prazeres da carne, se reaquece enfim ante o ardor de corações fervorosos".

Deixando de lado o cinismo e a desconfiança, compreensíveis diante de tanta corrupção e desregramento de nosso século, preciso é reconhecer os esforços de jovens padres e pastores que tentam guiar a juventude - tempo natural no desenvolvimento de uma vida sem experiência - no meio de um mundo tão cheio de vaidades. Isto mesmo reconheceram os bispos no trabalho e devoção da cristã Radegondes: "Graças aos raios luminosos de vossa reputação fizeste penetrar nos corações das que vos escutam uma luz celestial, de modo que tocadas as almas jovens, incendiadas por uma centelha do fogo divino, se precipitam avidamente para se refrescar no amor de Cristo". Àquela foi uma época, 570 e.C, onde muitos homens e mulheres se tornaram santos.

E hoje, pode tirar tempo de sua vida para ajudar jovens a ter fé? Isto é santificação, é buscar a verdadeira vida.



publicado por joseadal às 21:47
Sábado, 12 de Novembro de 2011

Há um ciclo que não sei bem se ocorre em uma geração sim outra não ou se a curva é maior, abrange quase um século.

Comecei a leitura (na verdade o leio de novo) de O Grande Gatsby, de John Fitzgerald, e logo nas primeiras páginas ele descreve a juventude do início do século passado. Neste trecho o homem jovem fala sobre a leitura de livros:"Comprei uma dúzia de livros e esses volumes lá estavam em minha estante prometendo revelar-me cintilantes segredos e eu alimentava ainda a elevada intenção de ler muitos outros livros".

Sente-se a jocosidade do escritor, ele brinca com o desejo sincero das pessoas de aprender, de ler muito, mas que acaba com o livro juntando poeira na estante. E por que? No fundo - pensava-se assim nos primeiros anos do século que passou e ainda se pensa do mesmo modo agora -

"Lendo vou converter-me no mais limitado dos seres, o 'sujeito bem informado'".

Fico sem saber se o adágio que diz: 'só sei que não sei', é um estímulo a se ler mais ou um atestado de que lendo muito terminamos não sabendo 'lhufas'.   



publicado por joseadal às 11:12
Terça-feira, 08 de Novembro de 2011

Às vezes, já deve ter-lhe acontecido também. Uma frase que ouço ou um pedaço de música, uma nuvem com raios de sol debruando seu contorno ou um jeito de olhar de alguém, acorda a memória de algo indefinível e uma lembrança foge nos deixando meio perdidos. Possivelmente não foi algo visto ou ouvido nesta vida.

No livro O Grande Gatsby, o escritor F Scott Fitzgerald, descreve um instante deste: "Em meio a tudo o que ele disse, recordei-me de algo, um fragmento de palavras perdido que ouvira, havia muito, algures. Uma frase procurou formar-se em minha boca e meus lábios se entreabiram como os de um mudo. Mas não produziram som algum e aquilo de que quase me lembrei permaneceu irrecuperável".

É preciso ser sensível com o eu-sou que temos dentro de nós e suas recordações muito antigas. Quando uma imagem, uma palavra, uma música, qualquer coisa em nossa vida atual tiver o dom de entreabrir nosso inconsciente e uma lembrança furtiva quiser chegar meio sem jeito, temendo intrometer-se em nossa existência, pare o que estiver fazendo, preste atenção a ela, convide-a a se chegar, não tenha medo nem ciúme de outro que viveu em eu-sou, e curta, sinta, o que se passou. Afinal, somos o que somos, uma colcha de retalhos.     



publicado por joseadal às 22:07
Sábado, 05 de Novembro de 2011

Neste momento em que o resultado da prova do Enem mostra o estudante brasileiro muito atrasado em relação aos de outros países, o trabalho do professor Gordon Childe ensina uma coisa bem a propósito: um povo pode ter usos e costumes que interferem na disposição positiva, tanto do estudante quanto do professor, de aprender e ensinar com gosto (em espanhol):   
"Instrumentos inventados dos mil años a.C, durante la Edad del Bronce, por la tecnología egipcia había estado muy por delante de la griega. Transcurrieron todavía siglos y en el año 400 a.C. los artesanos griegos utilizaron equipo mejorado, encuanto los trabajadores egipcios continuaban luchando con los anticuados. La rueda aparece por primera vez en los registros arqueológicos entre el Indo y el Tigris, antes del año 3000 a.C., y se la encuentra en los monumentos griegos mil quinientos años después. Pero en esa época Alemania se hallaba todavía en la Edad dela Piedra. La explicación de estos caprichos y fluctuaciones esta en las instituciones sociales, económicas, políticas, jurídicas, teológicas y en las costumbres y creencias. Isto han tenido efecto de frenos sobre la inventiva de los hombres".

 

O poeta Caetano Veloso canta na música Podres Poderes: "Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da América católica que sempre precisará de redículos tiranos? Será, que será, que esta minha estúpida retórica, terá que soar por mais zil anos?" Taí, o que posso acrescentar ao que o poeta disse? Um monte de conceitos velhos de pedra pesam tanto que fazem os jovens brasileiros perder tempo e não se preparar bem para os desafios da vida. Precisa ver na baixada fluminense que povo trabalhador! Mulheres e homens jovens fazendo de tudo para levar 'algum' para casa e alimentar a família. Mas podiam estar fazendo e ganhando tão melhor se soubessem mais! Que pena! 



publicado por joseadal às 22:10
Sábado, 05 de Novembro de 2011

Em 67 anos vi e ouvi um bocado de coisas. Ouvi no rádio, por exemplo, Jerônimo, o Herói do Sertão e, bem depois, jovem de topete com brilhantina, Bill Haley cantando Ao Balanço das Horas. E vivi emoções como a de ir para escola dependurado no estribo do bonde, a um passo de uma queda mortal e com o cobrador passando por cima da gente correndo ainda mais perigo; era muito, muito pior que um caminhão 'pau-de-arara' e ninguém denunciava, achavam até bonito emocionante. Considero ter vivido (e sobrevivido) uma vida longa pois vi o mundo mudar muito. Mas este tempo todo não é um grãozinho quando comparado ao tempo que minha mãe, a Terra, já existiu. Num tratado de Geologia li este trecho impressionante que narra só 3 milênios na existência de minha velha e sempre jovem mãe:  

"Com o fim da Era Glacial no décimo milênio a.C, a Terra aqueceu lentamente. As geleiras derreteram deixando nas planícies grande rochedos espalhados irregularmente. Toda água congelada foi libertada contínuamente elevando o nível dos oceanos e deixando submersas antigas vilas de pedra dos velhos homens. [em Madureira, no alto dos morros, vê-se grandes pedras negras semeadas, mas não, o chão foi lavado e elas, antes enterradas surgiram formando, visto de longe, um bolo com passas em cima] O estudo dos troncos petrificados indicam que a média da temperatura no verão europeu em 8.000 a.C era de 8ºC e, mil anos depois, estava em 12ºC. O clima foi ficando cada vez mais ameno. Naquele milênio, nas primaveras, as terras próximas ao Mediterrâneo eram tundras onde as renas precisavam escavar a neve com as patas para comer musgos e liquens, mas no ano 7.000 a mesma região já estava coberta de florestas com salgueiros e carvalhos".         

Como nossa mãe Terra se renova! Igual àquele aquecimento hoje passamos por outro que também vai mudar muito nosso planeta. Quem estiver vivo lá adiante, verá. Sim, porque como lembra aquela música de Cazusa, 'o tempo não para, não, não, não para'.



publicado por joseadal às 11:21
Sexta-feira, 04 de Novembro de 2011

Pela terceira vez estou lendo o livro O Verão do Lobo Vermelho, de Morris West, e ainda desta vez me vem lágrimas aos olhos.

O que vou fazer? Ele toca em assuntos que me são caros como: amizade e aventura, e a liberdade de andar por este vasto mundo. A história acontece no norte da Escócia. Este trecho vai te dar uma idéia:

"Nas terras superpovoadas, nas cidades-formigueiros, os homens são, polidos e formados, triturados e deformados, pelo contato de uns com os outros, como pedras num rio turbulento. O passado é esquecido porque o presente os arrasta, a terra não os fascina porque está enterrada sob asfalto e seus pés quase nunca a toca. O mar, os rios e as matas não são seus companheiros pois preferem, como os ratos, os labirintos dos corredores dos shopping". (nesta foto o amigo João Bosco me pega no meio de um mergulho nas águas marrons do rio Preto numa pausa de uma pedalada de 120 km, em um dia perfeito) 

Então, me diga, você é um desses seres humanos conformado com esta vida artificial e com um cotidiano repetido de um hamsteres? Ou, quem

sabe, foge como eu faço sempre que posso?

"Mas nos caminhos da terra primitiva e nas montanhas o homem tem de saber adaptar-se aos elementos que mudam. O passado está sempre presente nos instilando a seiva da experiência e da resistência e a vida em grupo é menos sujeita ao atrito por ser mais esparsa. E é mais fraternal por estar mais perto da mãe-terra e unida pelos riscos que se corre em comum".

Este tipo de vida enche meu coração de esperança e me aproxima de Deus, o eterno, o Criador dos mundos.               



publicado por joseadal às 21:24
Quinta-feira, 03 de Novembro de 2011

O livro Os Canhões de Navarone relata o desafio que um grupo de assalto venceu para entrar nesta ilha do mar Egeu e destruir os enormes canhões que impediam o avanço da marinha aliada. O único ponto de Navarone menos intensamente vigiado pelos alemães era um despenhadeiro, um rochedo de 130m e a pique sobre o mar. Por ali o grupo de cinco homens, veteranos da guerra, subiram vencendo todos os limites pessoais.

"Foi uma escalada sem comparação possível e que nunca voltariam a repetir. Uma escalada que os obrigara a empregar a fundo toda habilidade, coragem e força, até a sublimação. Eles nem suspeitavam que tais reservas, tais recursos ilimitados existissem dentro deles. A subida foi um pesadelo. Era uma madrugada fria, com chuva torrencial e ventania. A agonia amorteceu o perigo de escalar aquele paredão vertical desconhecido, pendurados pelos dedos das mãos e dos pés, e de enfiar centenas de cravos, passar cordas e continuar subindo polegada por polegada na escuridão. Desconheciam a fonte, a origem daquela força que os levou até o alto".

Reproduzi este trecho porque me emocionou e porque retrata bem o que senti algumas vezes em pedadas de 14 e 16 horas, tocando a bicicleta por180 km em estradas de chão e subidas íngremes. Noite fechada, os músculos todos doendo, a virilha queimando de horas e horas sobre o selim e a gana de terminar o percurso e chegar em casa. (foto do amigo João Bosco retratando a subida estenuante de João2010 num trecho da trilha Procurando Passa 20)

Uma vida sem momentos de superação assim é uma existência vazia. Dificilmente a pessoa que viveu em sedentarismo poderá dizer, completamente esgotado, o que nosso Senhor Jesus disse: "Pai, receba meu espírito!"                 



publicado por joseadal às 21:42
mais sobre mim
Novembro 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11

13
14
15
16
17
19

20
21
22
23

27
28
29
30


pesquisar neste blog
 
tags

todas as tags

subscrever feeds
blogs SAPO