Terça-feira, 31 de Julho de 2012

No livro, O Mundo como Vontade, li muitas páginas sem entender o que é esta força que nos impulsiona. Então, cheguei a esta página: “O que o homem quer real e principalmente, a tendência do seu ser íntimo e a finalidade a que, por conseguinte, tende, são coisas que nenhuma influência externa, nenhum ensinamento poderão, jamais, alterar”. Isto é a Vontade em nós. Nascemos com ela e é imodificável. “Di-lo Sêneca admiravelmente: “Velle non discitur” (não se aprende a querer)”.

- Zé, então, ninguém consegue modificar sua vida?

Atenção, ao desenvolver as ideias é preciso cuidado com as palavras. O que o filósofo Artur Schopenhauer disse é que a Vontade não pode ser modifica. Mas a vida, podemos mudar. “A conduta age por intermédio do conhecimento. Ora, o conhecimento é modificável, oscila frequentemente entre o erro e a verdade, corrigindo-se em regra geral no curso da vida. Donde se segue que a conduta dum homem pode mudar de modo notável, sem que se possa modificar o seu caráter”.

- Ainda não compreendi bem: o conhecimento pode mudar uma conduta, mas não a Vontade daquela pessoa?

“Os motivos podem, pelo exterior, agir sobre a vontade. Mas não podem nunca modificá-la, não têm poder sobre ela. Tudo o que podemos fazer é, portanto, modificar a direção das aspirações, ou seja, levá-la a procurar o que não cessará de procurar, talvez sobre uma vida diversa da que tinha até então levado”.

Eis a Vontade descerrada pelo pensador: é o que não se cessa de procurar. Nascemos com um objetivo, a vida pode nos levar por um caminho que nos afasta do que viemos buscar, mas estaremos insatisfeitos porque a Vontade brama por encontrar seu objetivo. Por isso é tão importante aprender, estudar coisas diferentes, elas podem mudar nossa direção e quem sabe nos colocar no caminho certo de nosso tesouro.

No livro, Não Tenham Medo estou lendo o santo João Paulo II explicar a Liberdade, neste trecho ele junta a ela a Vontade: “Nossa Vontade e Liberdade estão condicionadas ao Conhecimento. Uma pessoa aprisionada seria um ser “acabado” [ele quer dizer: que não pode ser mais modificado] logo, destinado a uma morte sem esperança”.

(não sei o nome desta orquídea que enfeita um vaso aqui de casa, cercada de espadas de São jorge; sabe o nome dela? Então, me diga)

Quem não consegue, não digo alcançar o que veio procurar, mas pelo menos avançar bem nesta procura e, nesta vida, aprisionado a tantas obrigações da matéria, ficou andando em círculos, disse o papa: “ficou destinado a uma morte sem esperança”.

Disto a gente deve ter medo!    


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publicado por joseadal às 20:05
Domingo, 29 de Julho de 2012

Desde que o descobri, lá no alto da Bocaina não me saiu mais da cabeça a vontade de descobrir quem ele era, seu nome e suas propriedades.

Um colega do pedal disse que tem um jeito de se pegar uma foto e procurar informações sobre ela no Google, mas não soube me dizer como. Hoje, um domingo em que não fui pedalar e ainda curtindo uma dor profunda no peito causada por uma queda da bike na trilha do Carrapato, decidi procurar. Quando se escreve algo para pesquisa no Google, aparece ao lado um ícone de uma máquina fotográfica e de um teclado: você quer pesquisar por palavras ou por imagem? Quando se clica na maquininha abre uma janelinha pedindo o arquivo de foto que está em seu computador, clicando nela o site de busca sai procurando. Mas, neste caso não funcionou. Então escrevi: cogumelo vermelho... pronto, lá estava uma imagem de um parente dele e fui parar no belo site Xamanismo. Lá estava um parente do meu cogumelo, se bem que o meu é mais bonito.

Chama-se, Amanita Muscária, e tem sido encontrado no estômago de múmias com mais de 6.000 anos. “A Amanita muscária é um cogumelo enteógeno, que proporciona visões e introvisões de profundo significado. Geralmente, o usuário experimenta visões semelhantes aos sonhos”. Meu querido chapéu de sol colorido é um alucinógeno usado há milênios pelo ser humano.

(meu amigo MP, notório hippie nos anos 60, espera o momento de dar uma mordida no amanita, mas nós não deixamos) 

Ele é um remédio para alguns padecimentos humanos: “A amanita contém os princípios ativos muscazon, ácido ibotênico, muscimelk e bufoteína. Os efeitos começam entre 20 e 30 minutos após a ingestão e duram de 6 a 8 horas. Relata-se também efeitos analgésicos significativos, para curar males da garganta, feridas cancerígenas e artrites”.

O estudioso espiritualista, Terence Mckenna, diz no livro Retorno a Cultura Arcaica: “Há talvez dezenas de milhares de anos, os seres humanos vêm utilizando cogumelos para fins de adivinhação e indução do êxtase xamanista. A interação entre homens e cogumelos não é uma relação simbiótica estática, e sim dinâmica, através da qual aquele consegue atingir níveis culturais mais elevados. O impacto das plantas psicoativas sobre o aparecimento e a evolução dos seres humanos é um fenômeno que até agora não foi examinado, mas que promete esclarecer não só a evolução dos primatas, mas também o surgimento das formas culturais peculiares ao Homo Sapiens”. Terence pode estar ‘viajando na maionese’, mas o que ele quer dizer é que os champignons podem ter ajudado um primata já evoluído para bípede a ganhar consciência, isto é, meu belo camaradinha ajudou a formar neurônios. Será?

Mas gostei mais do que o site diz neste trecho: “Dizem os erveiros que o cogumelo aparece em seu caminho, quando é necessário. Quando você quer procurá-lo, mas não é para ser, você não o encontra”. Ele me apareceu por um motivo, talvez para me mostrar uma outra porta de conhecimento para me aproximar de Deus. Você também ainda vai dar de cara com um cogumelo, mas vivendo só no meio do asfalto vai ser difícil.



publicado por joseadal às 13:44
Sábado, 28 de Julho de 2012

O que é essa procura do ser humano por desbravar novos caminhos?

No livro Não Tenham Medo, João Paulo II diz que tudo começa com as palavras de Gênesis 1:26: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”.  E faz uma reflexão espantosa: “Sendo o homem a imagem de Deus se segue simplesmente um conflito permanente no interior do ser humano, que sendo feito ou modelado á efígie de Outro só poderia ser ele mesmo paradoxalmente sendo o Outro”.

Esta é a razão da procura interminável da raça dos homens. Para sermos completos temos de ser a imagem de Deus. Isto exige liberdade para cada um procurar sua transcendência, que o querido João Paulo II assim definia “aptidão do homem a libertar-se dos seus próprios limites, para ir mais longe, ou mais alto”.

Conversando com uma comerciante em decoração, no Retiro, ela comentou seu estudo em MBA. Esta pós graduação estimula o “interesse e talento para administrar pessoas e empresas ou pessoas em empresas”. Aí, o jornalista que neste livro entrevista o papa avisou: “As pessoas que governam ou que manipulam os outros pouco se preocupam com esse outro ser incômodo e se interessam menos em mantê-lo aberto do que fechá-lo definitivamente”. Serve a empresa aquele que tem o seu perfil, então ou o empregado se molda a firma ou é demitido. Ninguém quer conviver com uma pessoa “incômoda”, que quer “se manter aberta”, prefere-a “fechada”.

(as rosas brancas do jardim aqui de casa ficam na grade e a vizinhança e os passantes colhem-nas em pencas)

Não tenho ideia de como milhões de irmãos por este mundo afora podem deixar de se “conformar” a um ideal de um empregador, de um pai ou de um cônjuge que o impede de continuar seu caminhar em direção ao fim, ser a imagem do Pai de tudo.  



publicado por joseadal às 02:15
Quarta-feira, 25 de Julho de 2012

Enquanto o mundo, a orbe que inclui a humanidade e todos os seus feitos neste planeta, continua suas atividades vertiginosas, alguns tentam pisar no freio e tratam de estudar uma maneira de se viver mais tranquila. Um desses é o professor da Universidade Rural do RJ, Renato Maluf. Ele ensina que o planeta não aguentará o modelo do agronegócio baseado em monoculturas nem seus enormes gastos com deslocamento de produtos a grandes distâncias.
Os estudiosos reavaliam o modelo antigo que é denominado agora de circuitos curtos alimentares. Um desse é Paulo Eduardo Moruzzi Marques, professor da USP: “O conceito designa toda forma de comercialização na qual há, no máximo, um intermediário entre o produtor e o consumidor. Tomando como quadro geral a multifuncionalidade da agricultura, a primeira hipótese deste trabalho é que circuitos curtos alimentares viabilizam a persistência do estabelecimento familiar pelo aumento da renda e pela dinamização dos laços sociais”.

(ciclistas em frente a uma pequena biblioteca em Serra Negra)

Quando pedalamos do alto de Itatiaia para Mauá, nos contrafortes da Mantiqueira, passamos por um lugarejo, Serra Negra. Ali, poucas famílias vivem do que produzem em pequenos sítios. Tanto plantam para uso da própria família como conseguem uma pequena sobra para vender. Mas não vale a pena levar 10kg de queijo até Itamonte ou Maringá. Então, há gerações, tropeiros reúnem a produção de várias famílias e levam em lombo de burros por mais de 20km por estradas de difícil acesso. É importante este esforço? (Gezuel dos Santos um tropeiro no século 21)

Moruzzi diz: “O contato quase direto entre produtores agrícolas (que ocupam o meio rural e zelam pela paisagem e outros bens ambientais não mercantis) e consumidores causa reconhecimento pelo trabalho de quem vive na roça e esses sentem a valorização dos serviços que prestam à sociedade em geral”. (o tropeiro Natanael Ramos com a caixa de carregar queijo minas fresquinho e o comerciante Chaves - é só sorriso)

 

Cássio Chaves, dona de um mercadinho em Maringá atesta isso: “Os clientes, na maioria turistas, chegam buscando produtos artesanais como queijo e mel. Conto para eles sobre os produtores, sitiantes em Serra Negra, e eles valorizam aqueles pequenos produtores que nem conhecem”. Não é uma aproximação espetacular e humana?

Sobre minha bike, às vezes sonhando acordado, penso em um mundo com computador, ônibus e trens movidos a energias alternativas, cada ser humano alimentado direito e lugares bucólicos como Serra Negra num vale entre as serras continuando a existir.

Em tempo: em setembro vamos pedalar no mesmo caminho que os tropeiros passam com os muares carregados de produtos da roça.

Deus, como o mundo é lindo!



publicado por joseadal às 22:41
Terça-feira, 24 de Julho de 2012

Vez por outra encontro alguém que diz ser tolice a pessoa acreditar
que busca a Deus só para se livrar do sofrimento. Ele quer dizer que o ser humano
devia lembrar-se do Pai simplesmente para agradecer tudo que recebeu, não por
temer alguma represália dEle. Mas João Paulo II lembra o seguinte, em Não
Tenham Medo:

“Sem dúvida, os homens multiplicam esforços para libertar-se
do mal: das doenças, dos cataclismos, da angústia. Esses esforços não são vãos.
No entanto, as raízes do mal são mais profundas, parece que há no mal um
mistério maior. Têm-se a impressão de suas intervenções não atingem a não ser
os sintomas do mal e não suficientemente até as causas, as fontes escondidas do mal”.

Paulo, o apóstolo intransigente, diz (Hebreus 10:26-27,31) :
“Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da
verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, mas tão-somente uma terrível
expectativa de juízo e de fogo intenso que consumirá os inimigos de Deus. Terrível
coisa é cair nas mãos do Deus vivo!”

(maravilhosa pintura de Anna Kotensko que mais parece fotografia de um mar assustador)

Então o temor ao Ser que dirige todo Universo não é sem motivo.

Ver a vida degringolar por se estar seguindo um caminho que é contra a
ética e ao bem comum, contrariando as leis naturais, em boa coisa não pode dar.



publicado por joseadal às 12:16
Segunda-feira, 23 de Julho de 2012

"Não mintas e não faças aquilo que detestas, pois todas as coisas são desveladas aos olhos do céu.

Pois não há nada escondido que não se torne manifesto, e nada oculto que não seja desvelado."

Estas, são palavras de Jesus, segundo o evangelho apócrifo de Tomé, o apóstolo que tinha dificuldade em acreditar.

Lia este trecho enquanto a composição corria para Madureira. Ao lado um passageiro dizia sobre os menores infratores:

eles erram sabendo o que estão fazendo. Mas será que gostam disso, como os traficantes que matam quem lhes deve, sentem-se bem?

Jesus disse que eles mentem, mas detestam o que fazem. Disse mais, revelou que finalmente lhes será revelado do que realmente gostam.

No livro Não Tenham medo, João Paulo II ensina o seguinte sobre pecado:

"Por que a noção de pecado se liga à dignidade do homem? Porque a dignidade exige que o homem viva na verdade.

Ora, a verdade sobre o ser humano é que comete o mal, é pecador.

Todos que querem eliminá-lo da linguagem humana, como se tudo o que fazem seja natural,

também está prejudicando os outros. Eliminar a noção de pecado, é empobrecer a pessoa, diminuir sua experiência humana.

Sem noção de pecado a conversão fica sem efeito e este processo só conduz ao vazio".

 

Mas com certeza, isto, chegar a detestar o que faz, demanda tempo que um jovem criminoso não tem, geralmente morrem bem cedo.

Ou é tudo errado mesmo ou temos um outro tempo tão longo quanto a Terra com suas eras de milhões de anos.


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publicado por joseadal às 12:11
Sábado, 21 de Julho de 2012

É triste vermos a falta de caráter imperando, em especial nos homens públicos.

Aristóteles usou a palavra ethos para nomear o procedimento
do homem, o caráter, mas ela era usada pelo povo para designar a repetição de uma atitude,
ou hábito. Com o tempo, em outra língua, o latim, ela evoluiu para outro
significado e chegou ao português, ‘a última flor do Lácio’, como ética.  

No livro de Arthur Schopenhauer, O Mundo como Vontade e
Representação, ele esclarece muito sobre o caráter:

“Uma crença antiga diz que o homem não muda nunca, que sua vida e sua conduta, isto é, o caráter empírico,
não são senão a manifestação do caráter inteligível, o desenvolvimento de
disposições decididas e invariáveis, já reconhecíveis na criança, e que por
conseguinte a conduta é, por assim dizer, bem determinada desde o nascimento,
permanecendo nos traços essenciais até ao fim”.

Schpenhauer era alemão, nasceu em 1788, um ano depois
começava na França mudanças que ficaram conhecidas como Revolução Francesa. Prova
irrefutável de que um caráter de um povo se modifica segundo circunstâncias.
Contrariando a definição que diz ser a filosofia e a religião antagônicas,
Arthur mesclou o budismo e o hinduísmo ao pensamento alemão.   

Volte os olhos lá pra cima e note que ele fala em dois caráteres: empírico e inteligível.

“Esta poderosa influência do conhecimento sobre a conduta,
malgrado a imutabilidade da vontade, faz com que o caráter não se desenvolva
senão progressivamente, e com que os seus vários atos não se manifestem senão
grau por grau. Eis a razão pela qual ele nos parece diferente em cada idade da
vida, e uma juventude violenta e impetuosa poderá ser sucedida por uma
virilidade repousada e calma. Eis a razão por que, não é senão quando houve
escolha preliminar, que as resoluções, que diferem nos diversos indivíduos,
serão a marca do caráter individual variável de homem para homem”.

Então há uma outra faceta do caráter, o indidvidual.

 

Droga, e o sujeito que não tem caráter nenhum!


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publicado por joseadal às 02:01
Quinta-feira, 19 de Julho de 2012

Voltava da escola, tinha 10 anos, quando vi um movimento no
final de minha rua e corri pra lá. Cheguei no exato momento em que uma linda
moça correndo pelo quintal da casa foi segura pelo irmão e arrastada para
dentro de casa. A cerca viva deixava a vizinhança ver aquela situação íntima e
privada. O que foi, perguntei. Uma vizinha explicou: Ela tomou formicida e
sofrendo muito corria sem ninguém conseguir pegá-la. O suicídio sempre foi para
mim um mistério que buscava entender. (trombetas amarelas)

“Por consequência, a causa das nossas dores ou das nossas
alegrias, não reside, de ordinário, na realidade presente, mas em pensamentos
abstratos; e são estes que se nos tornam frequentemente molestos até ao ponto
de nos criar tormentos a cujo confronto todas as dores dos animais são
insignificantes”.

Por causa de nossa razão, este maravilhoso mecanismo que foi
adicionado a raça dos homo, a dor física é, muitas vezes, mais suportável que o
sofrimento moral. Aquela bela moça da minha infância havia sido desprezada pelo
noivo e isto foi para ela tão insuportável que buscou a morte.

O filósofo Artur Schopenhauer continua, nos elucidando: “Pois
que tais torturas morais, às vezes, suplantam nossas dores físicas, pois que,
sob o império de sofrimentos intelectuais extremos, procuramos os sofrimentos
físicos com o único fito de distrair a nossa atenção daqueles para estes: razão
pela qual vemos o homem dominado por violenta dor moral arrancar os cabelos,
bater o peito, arranhar o rosto, rolar por terra. São meios violentos para
distrair-se dalgum pensamento tornado insuportável”.

São as dores da alma, a consciência ferida. Alguns
espiritualistas explicam que, como espíritos, temos um código de honra mais
elevado e quando enfrentamos uma situação amoral, praticando-a ou sofrendo de
outrem este dano, a dor nesta nossa porção imaterial é forte demais. Ele continua:

“É igualmente porque os sofrimentos morais, como os mais
fortes, nos tornam insensíveis aos sofrimentos físicos, que o suicídio se torna
quase fácil ao homem desesperado ou a quem se sinta dilacerado por uma tristeza
mórbida mesmo quando no estado anterior de calma física ou moral este
pensamento o tivesse feito recuar. Com razão, portanto, diz Epíteto: Não as coisas
por si mesmas turbam o homem, mas os decretos das coisas. E Sêneca,
acrescenta: Dão-se muitas coisas as quais mais do que nos oprimem, nos
espantam, e mui frequentemente somos angustiados mais pela ideia do que pela realidades”.

No livro Rebecca, que estou relendo, cita um poema sem mencionar o nome, que diz:

“Fugi-lhe, dias, noites, anos em fora

Como a fugir dos próprios pensamentos.

De olhar triste e cansado de quem chora

escondi-me. Por lágrimas, lamentos

e risadas alegres acossado.

Perseguido, atirei-me, desvairado,

nos abismos profundos, insondáveis,

onde o terror e a morte residem.

Ouvindo sempre os sons intoleráveis,

daqueles passos que me perseguem”.


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publicado por joseadal às 11:50
Quarta-feira, 18 de Julho de 2012

Dei um rolé. Fui com a bike por bairros da cidade subindo e
descendo ladeiras, vendo o mar de morros de nossa região e, entre eles, ruas com
casas simples. É só andar um pouco que logo se vê sítios, pequenas matas e
pastos ainda bem verdes neste inverno.

Lembrei-me do amigo Reginaldo que está construindo sua casa
praticamente sozinho e fui visita-lo levando um vinho tinto, queijo e pão. A
conversa rolou, no princípio meio presa, mas com o calor do vinho logo se
tornou franca e divertida. Ele está praticamente vivendo na casa, agora, na
fase de acabamento. Fica tão focado no serviço que espera um choque quando tudo
estiver pronto. Então, falou-se do tédio, assunto que li esta semana em dois livros.

“Segredos não temos um para o outro. É verdade que nosso
hotel é simples e os dias iguais um ao outro. Oh, o tédio não nos larga, mas
parece ser um bom antídoto para o medo. O que nos distrai são as notícias que
nos chegam da Inglaterra. Ler sobre os jogos do campeonato, as corridas de cães
e artigos sobre a vida rural, nos poupam horas de tédio”.

Estou relendo, Rebeca, A Mulher Inesquecível, de Daphne de Maurier,

um dos poucos livros que me restou da biblioteca de meu pai. Ainda tem
a letra escorreita de “seu” Gumercindo e anotações de minha mãe Idalina. As
páginas estão amareladas e se esfarelando, é uma edição de 1940, mas ainda é
melhor lê-lo do que uma obra qualquer no meu tablete.

Também li sobre o tédio, um dia antes, numa obra de Artur Schopenhauer

“O que ocupa e mantém em atividade todos os viventes é o desejo de viver. Mas uma vez assegurada a vida,
já não sabem o que fazer dela, sem dúvida sobrevém logo o fastio, e o homem se
vê constrangido a recorrer a algum passatempo. Consideram como ganhas as horas
que conseguirem fazer passar. O tédio não é um mal pequenino, nem desprezível:
acaba por no desespero”.

Talvez, ou certamente, é para evitar o tédio que
existem 100 canais de TV despejando informações e diversão o tempo todo, e
buscamos sempre alguma coisa para fazer. O pensador lembra um resultado bom do
tédio: “Por sua causa é que sucede que seres que tão pouco se amam como os
homens, se procurem, todavia, com ansiedade: o tédio se torna portanto uma
fonte de sociabilidade”.


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publicado por joseadal às 00:24
Domingo, 15 de Julho de 2012

“Eu já era bispo quando participei do Concílio Vaticano II.
Antes, estudara o tratado dos fins últimos em duas universidades. No Angelicum
de Roma consagrei muito tempo aos artigos da Suma Teológica concernentes tanto
à beatitude quanto  à visão beatífica”. Palavras de João Paulo II no livro Não Tenham Medo.

- Zé, ele não fez nada demais, este é o dever dos padres.

Não. Este deve ser o dever de todos os humanos, não só da
classe sacerdotal. O santo homem pontificou assim:

“Entendo que a vida eterna tem o seu centro na visão de Deus face a face”.

Ele cita Romanos 8 onde pela palavras de Paulo Deus diz: “Porque
para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para
comparar com a glória que em nós há de ser revelada”. Aqui está a razão porque
não é só um sacerdote que precisa tirar tempo de suas atividades cotidianas
para pensar no espiritual, “as aflições deste tempo presente”. Ora bolas, por
que temos de, como continua discorrendo Paulo: “Porque sabemos que toda a
criação geme e está juntamente com dores de parto até agora”, sim, me diga, por
que devemos continuar 'batendo com a cabeça na parede’ ou, pior, ‘dando murro em
ponta de faca’? Lili me conta, me lembra, vez por outra, como sofreu horas e
horas para parir Marcia. Uma dor miserável. Então, por que não aceitar o conselho
de João Paulo, e seu exemplo, e buscar a beatitude?

“O homem tem de ir ao encontro de Deus [o maravilhoso
edificador de tudo o que existe], infinitamente perfeito. Para tanto tem a
necessidade de se reencontrar em fim com a verdade, absoluta e universal.
Precisa fazer uma purificação integral para comparecer diante da majestade
infinita da santidade”.

- Zé, então estou ferrado. Não tem ninguém mais desantificado que eu!

Uma noite dessa, Lili falou mais ou menos a mesma coisa
quando estávamos fazendo a leitura da Bíblia. Nós lemos - foi um arranjo desta
minha cabeça complicada - um Salmo, uma parte histórica (agora, estamos antes
da destruição de Jerusalém, nas profecias de Isaias) e um evangelho (atualmente
Mateus). Parece estranho, mas de alguma forma os assuntos, aleatoriamente, se
combinam. A passagem foi (19:16-26): “E eis que, aproximando-se dele um jovem,
disse-lhe: - Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?

-Vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.

O jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas
propriedades. Disse então Jesus aos seus discípulos:

- Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus.

Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: - Quem poderá pois salvar-se?

Jesus, olhando para eles, disse-lhes:

- Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível”.



publicado por joseadal às 13:05
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