Quinta-feira, 29 de Novembro de 2012

’A família é uma célula de resistência a opressão.’

As palavras de Chesterton são belas e justas. Por outro lado, são experientes e exigentes. Para que a família seja resistente a opressão deve ser uma comunidade de grande maturidade. Quando digo: deve ser, falo que é uma obrigação moral que assim seja”.  Este comentário é de uma grande alma, o beato João Paulo II, no livro Não Tenham Medo.

“Quando isto vem a faltar, a maturidade espiritual nas pessoas, o homem e a mulher podem não ver na sua união indissolúvel a não ser um constrangimento”. Pouco antes um jornalista tinha citado o filósofo André Gide que traduziu um sentimento muito comum hoje: Famílias, eu vos odeio. Os órgãos de segurança anunciam que o assassinato de mulheres por seus maridos vêm aumentando cada ano. Mas o pastor afirma:

“Cada um de seus membros tem a sua importância, não em razão da função que exerce na casa, mas simplesmente porque existe. Esse núcleo merece mais que qualquer outro a magnífica qualificação de comunhão de pessoas. Esta convicção designa a intensidade das relações recíprocas assim como a força dos laços interpessoais. Se, numa família cada membro tem a sua importância isso não poderia criar um clima de individualismo. ‘O homem só pode encontrar-se plenamente pelo dom desinteressado de si mesmo – encíclica Gaudium et Spes. Mesmo que se diga de alguém: ele não sabe viver para os outros, isto não muda nada o fato de que pertence à família. Ele é um membro importante dela, mesmo que cause sofrimento”.

Sei que você lê rápido e já devorou estas poucas linhas. Mas peço, volte a lê-las, pois contém ensinamentos muito profundos.



publicado por joseadal às 19:50
Quarta-feira, 28 de Novembro de 2012

Este ano foi designado pela Igreja Católica como Ano da Fé.

As opiniões divergem: precisamos ter fé nesta era da Tecnologia? ou, sem dúvida é a falta de fé que está tornando o mundo tão sem amor.

Não sei de que lado você sem encontra. Mas estou lendo um livro, Os Gêmeos se Odeiam, que fala de segredos cristãos bem guardados e a que ponto pode chegar um homem que tem ‘a fé que desmancha montanhas’. Os acontecimentos giram em torno de uma caixa lacrada no quarto século, em Constantinopla, por bispos da Igreja cristã Ortodoxa Grega, dissidente da Católica Romana. Nela estão documentos que os responsáveis pela Igreja daquele tempo achavam perigosos para a fé em que Jesus Cristo seja o Messias prometido. Durante a segunda guerra Mundial, com Hitler colocando arqueólogos na pista de importantes relíquias religiosas a caixa foi tirada dos porões da basílica de Sofia e levada para lugar ignorado. Conta então da violência sem piedade de padres das duas religiões. Um personagem diz:

 “Há homens em ambos os lados da fé que pensam que a divulgação desses documentos provocará uma carnificina muito maior do que esta guerra. Há monstros, padres sem consciência, apenas movidos pela fé. Mas não culpe as igrejas, elas são inocentes. Elas abrigam os fanáticos, mas são inocentes. O cardeal se atirou da balaustrada da igreja de São Pedro e ninguém o lamenta. Os cinco padres que estavam com ele foram excomungados e entregues a justiça. Já foram condenados a dezenas de ano de prisão”.

(outra força poderosa é a necessidade de sobreviver que até uma planta tem, como essas que vicejam entre as pedras da serra do Caparaó)

Ao que, o personagem central, horrivelmente torturado por esses padres, responde: “As igrejas permitem e até incentivam os fanáticos, chama-nos de zelosos. Depois, ficam atônitos com as loucuras feitas por eles em ‘Seu Nome’ e pela fé".

São tantos os argumentos, mas permanece o que um homem de muita fé disse no primeiro século (1 Coríntios 13:13): “Assim, permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor”.



publicado por joseadal às 16:28
Sexta-feira, 23 de Novembro de 2012

O que está acontecendo em São Paulo é, para um pacato cidadão, incompreensível. Marginais em fuga perdem instantes atrás de um carro em velocidade normal e ao invés de buzinar passam atirando e matam uma criança. Como pode?

Desta vez estou lendo Robert Ludlun, escritor de romances de espionagem, autor de Conspiração Bourne.

No livro Os Gêmeos não se Amam a trama é ambientada na Itália sob a ditadura de Mussoline, no começo da 2ª Guerra Mundial. Um homem que detêm um segredo importante é tirado do território italiano fascista e levado para a Inglaterra. Pelo caminho, desde Milão até o Mediterrâneo, acontecem muitas mortes. Num momento de calma, logo após atirar na cabeça de um motorista, um dos ingleses que o levam diz: “Tenho certeza de que tudo isto é muito pavoroso para o senhor, e um bocado desagradável também. Sabe, a parte difícil deste trabalho não é fazer, é se habituar à coisa, compreende o que quero dizer? Eu lhe dou um conselho: basta aceitar o fato de que o que fazemos é pra valer. Tenho passado por coisas assim muitas vezes, pra dizer a verdade. Sei, de certa forma é monstruoso, mas alguém precisa fazê-lo, é isto que nos dizem. Acho que todo mundo, inclusive o senhor, está recebendo um treinamento.

Sim, pensou o italiano, mas treinamento para quê?”

(encontramos uma comitiva em Bananal quando íamos subir de bicicleta a serra da Bocaina)

Um homem com uma arma na mão e que é mandado matar alguém, depois de habituar-se, não tem remorsos. Se em algum momento reflete, diz:alguém precisa fazê-lo.

E eu e você que presenciamos isto tudo na TV, como estas notícias nos atingem? O assassino disse: todo mundo, inclusive o senhor, está recebendo um treinamento. Este proceder está se entranhando em nós.

(a foto acima não tem nada a ver com o assunto e tem, mostra que se pode fazer coisas boas, como uma cavalgada, e repudiar a violência de muitos)



publicado por joseadal às 00:27
Quarta-feira, 21 de Novembro de 2012

Deus é mais!

Nem nos damos conta, porém, da luta das forças do bem contra o mal. Quando estamos bem de saúde tudo parece se concentrar neste mundo e na nossa sobrevivência. Mas quando alguém está indefeso em uma cama um grande movimento acontece em torno dele, num outro plano de existência. O livro Aruanda me chamou atenção disso:

“Prostrado no leito, abatido, o corpo exalava um suor de cheiro forte. Em torno de sua aura gravitava uma grande quantidade de energias e bolhas de coloração roxa. A esposa velava ao lado da cama. Vovó Catarina aproximou-se dela e sussurrou-lhe: reze! A mulher, como se lembra-se, pôs-se a rezar. Um espírito irradiando uma luz azul apareceu e se identificou como a mãe desencarnada do doente. Pai João informou que um ‘trabalho’ feito com um sapo contra ele agia como dinamizador de energias mórbidas que o estado de fraqueza moral do padecente permitiu que entrassem em seu corpo. Explicou que um forte sentimento de culpa provocado pela consciência que reconheceu seus erros abriu campo para energias letais. Ao chamado do Pai João o quarto se iluminou como se línguas de fogo brotassem das paredes. Eram elementais conhecidos como salamandras que envolveram o doente num remoinho de fogo etérico que queimava o material tóxico que gravitava em torno da aura do padecente. Das paredes e móveis escorria um fluido pegajoso que se evolava com a ação dos elementais.

A ação no plano etéreo terminou, a respiração se normalizou e ele não suava mais. A taquicardia cedera e o ritmo cardíaco se tornou regular. A mulher pondo a mão em sua testa gritou: Graças a Deus! Nossa Senhora Aparecida ouviu minhas orações!

Surpreendi-me: foi tão simples!

Mas pai João retrucou: Não se engane, ainda não acabou. Não destruímos energias quando limpamos um ambiente. Essas energias retornaram a quem as atirou contra esse homem, é a lei do retorno. O paciente, amanhã, vai rezar aos pés da santa. Mas ele precisa mais. Deve ser encaminhado para um tratamento espiritual, seu espírito deve ser reeducado para não recair no sofrimento físico.

Fiquei impressionado de ter participado de uma aula de cura por amor”.

O Criador usa uma legião de espíritos de todas as formas na luta contra as forças demoníacas. Não pense que somos os tais e podemos enfrentar tudo sozinho. O orar é um remédio sempre necessário.



publicado por joseadal às 23:23
Domingo, 18 de Novembro de 2012

Entre copos de cerveja a língua fica solta e assuntos presos no coração saem e soam ao vento. Essa é a magia dos álcoois que destravam portas da mente e aliviam emoções reprimidas. (pedalando no alto da Bocaina)

No livro Tenda dos Milagres, que com pena cheguei ao término, conta uma conversa de botequim entre Pedro Archanjo e um professor da Universidade da Bahia:

“- Pergunto, como é possível que você, um homem... de ciência, por que não?, acredite em candomblé? (esvaziou o copo de cerveja) Porque você acredita, não é? Se não cresse não se prestaria a dançar, vestir as vestes ritualísticas e se ajoelhar no peji. Como é possível.

Pedro Archanjo ficou um tempo em silêncio, voltou-se para o garçom e pediu uma dose de cachaça, e disse:

- Podia dizer que gosto de cantar os pontos e dançar. Seria bastante?

- Não, quero saber como você pode conciliar seus conhecimentos científicos com as obrigações do candomblé. Sou materialista e pasmo diante dessas contradições humanas. Parece haver dois homens em você: um que escreve livros e outro que dança no terreiro.

- Não se engane, professor. Sou um só, mas sou uma mistura dos dois, um mulato. Cresci no candomblé vendo nos médiuns os próprios orixás. Ainda novo fui feito Ojuobá, os olhos de Xangô. Tenho um compromisso, uma responsabilidade. (bateu na mesa pedindo nova cerveja) O senhor quer saber se acredito ou não. Vou dizer ao senhor o que até agora só disse a mim mesmo. Durante anos acreditei nos meus orixás, como nosso amigo frei Timóteo acredita no Cristo e na Virgem Maria. Mas depois que me debrucei sobre os livros de ciência perdi a crença, sou mais materialista do que o senhor.

- Ainda mais do que eu, por quê?

- Porque sei, como o senhor sabe, que nada existe além da matéria. Mas, mesmo assim, às vezes o medo enche meu peito e me perturba.

- Explique isso.

- Tudo aquilo que foi meu lastro, a descida dos santos por exemplo, reduziu-se para mim a um estado de transe que qualquer estudante de psicologia explica. Mas continuo indo ao terreiro porque gosto da festa e de estar no meio de meus amigos, de ser tratado com deferência e de participar. Mas acima de tudo é uma religião do meu povo, dos que vieram da África. Não posso abandoná-los quando tantos querem destruir os bens dos negros e dos mulatos, a nossa fisionomia.

- Assim, mestre Pedro, você não ajuda sua gente e nem transforma o mundo.

- Eu penso que os orixás, a capoeira, os afoxés, o samba de roda são bens do povo que não podem acabar. Amanhã, se a gente não desistir, tudo se terá misturado, o mistério do homem pobre será também do rico, e tudo será festa do povo brasileiro”.

A fé é assim, é mistério e bem precioso nos corações das pessoas.



publicado por joseadal às 19:43
Sexta-feira, 16 de Novembro de 2012

“O Ser bem-aventurado e imortal não tem incômodos nem os produz aos outros, nem é possuído de iras ou de benevolências, pois é no fraco que se encontra qualquer coisa de natureza semelhante”.

Estou lendo Antologia de Epicuro e não gosto deste gênero de literatura  -  são citações fora do contexto dos livros. Mas este grego foi um admirável professor. Comprou uma casa com um jardim espaçoso e ali estava sempre a disposição de seus discípulos que lhe pagavam mais para orientar seus pensamentos do que lhes dar aulas. Não havia horários rígidos, seus alunos chegavam a hora que quisessem, pela manhã, à tarde e até a noite. Epicuro dividia o estudo da filosofia em três áreas: Canônica ou o estudo da gramática e da lógica , Física ou estudo das leis que regem a matéria e Moral ou a maneira ética de se viver. (busto desencavado das ruinas da cidade de Pompéia)

Era o terceiro século antes de Cristo, em Atenas, quando a época dos grandes filósofos havia passado. O historiador A. Croiset, na sua História da Literatura Grega, ensina: “O povo perdeu todas as virtudes que tinha herdado do passado. O bem-estar material e o conforto, eis o que a multidão se pôs a procurar. Todos os nobres instintos se foram enfraquecendo de dia para dia”.  Mas nesse século Epicuro formou caráteres e fez uma escola de pensamento que durou até o segundo século depois de Cristo.

Em Física veja o que ele antecipou: “Os átomos têm uma inconcebível variedade de formas, pois que não poderiam nascer tantas variedades se as suas formas fossem limitadas. E, para cada forma, são absolutamente infinitos os semelhantes, ao passo que as variedades não são absolutamente infinitas, mas simplesmente inconcebíveis. E deve supor-se que os átomos possuem forma, peso, grandeza e todas as outras que são necessariamente intrínsecas à forma”.

“Há também mundos infinitos, ou semelhantes a este ou diferentes. Com efeito, sendo os átomos infinitos em número, como já se demonstrou, são levados aos espaços mais distantes. Realmente, tais átomos, dos quais pode surgir ou formar-se um mundo, não se esgotam nem em um nem num número limitado de mundos, quer sejam semelhantes quer sejam diversos destes. Por isso nada impede a infinidade dos mundos”.

Sobre a Ética: “Nem a posse das riquezas nem a abundância das coisas nem a obtenção de cargos ou o poder produzem a felicidade e a bem-aventurança; produzem-na a ausência de dores, a moderação nos afetos e a disposição de espírito que se mantenha nos limites impostos pela natureza. Quando dizemos, então, que o prazer é fim, não queremos referir-nos aos prazeres dos intemperantes ou aos produzidos pela sensualidade, como creem certos ignorantes, que se encontram em desacordo conosco ou não nos compreendem, mas ao prazer de nos acharmos livres de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma”.

Sempre houve, graças a Deus, aqueles que nos ajudaram a ver o jeito certo e viver e entender o mundo.


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publicado por joseadal às 22:28
Terça-feira, 13 de Novembro de 2012

Em 1953, dois anos antes de Bill Haley e seus Cometas estourarem as paradas com Rock Around the Clock, os físicos Francis Crick e James Watson conseguiram montar um modelo gigante da molécula do DNA. Nos milhões de combinações de três moléculas estavam criptografados a forma do meu nariz, a cor de meus olhos, enfim todo meu organismo e de todos os meus ancestrais. Até hoje não se chegou a conclusão se este conhecimento ajudou a aumentar o respeito pela vida ou banalizá-la.

(em meio a exuberante quantidade de vida, vegetal e animal, da serra da Bocaina, o granito da Pedra do Frade parece nos mandar lembrar de Deus)

O livro Aruanda lembra que o mundo dos espíritos, uma dimensão diferente da nossa, também tem avançado em conhecimento, sim, eles que sempre estiveram adiante de nós:

“As trevas, meu filho, vêm se capacitando cada vez mais em sua metodologia de ação. Há a união entre antigos magos negros com cientistas inescrupulosos dos últimos séculos, ambos desencarnados. No mundo astral estão desenvolvendo aparelhos parasitos, modernos acumuladores de energia, que são implantados no sistema nervoso de suas vítimas. Infelizmente o meio espírita, em que os médiuns ajudam os que sofrem obsessões, não atualizam seus conhecimentos nem aprendem novas metodologias de desobsessão. Paralisam-se em intermináveis doutrinações dos agressores e desconhecem o funcionamento dos campos energéticos dos encantamentos e das novas maneiras de desativá-los”.

Julga-se, ainda apoiados em livros como A Divina Comédia, de Dante Alighieri, escrita entre 1304-1321, que pessoas ruins, como foram os médicos envolvidos em experiências nazistas, ficam aprisionados e sofrendo, sob a guarda do Anjo do Mal. Mas muitas informações vindas de outros universos dizem que os maus são cooptados pelos demônios para atacarem a nós humanos. E estão usando novas formas de dominar mentes e corações.

Não é bom pensarmos que estamos num parque de diversão, estamos mais num tremendo front de combate. Em 62, isso mesmo, no primeiro século, o apóstolo Pedro escreveu em sua primeira carta (5:8): “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”.

O mal que nos fazem não dura uns dias ou um ano, podem durar milênios. Esse trecho, diz:

“Existem encantamentos feitos por magos negros no passado distante cuja duplicata astral ainda não foi desativada e persegue o indivíduo por várias encarnações”.

Como dizia o poeta Vinícius: São demais os perigos dessa vida.



publicado por joseadal às 10:51
Sábado, 10 de Novembro de 2012

Danado, arrancou-me uma lágrima!

Em Tenda dos Milagres, Jorge Amado fez de  Pedro Archanjo o personagem central que teve em seus braços muitas mulheres, mas só ficou sabendo de dois filhos seus. Um com uma finlandesa fazendo turismo em Salvador e que lhe mandou uma foto do belo mulatinho de olhos verdes andando num chão coberto de neve. Outro, de uma bela negra que lhe entregou o menino, dizendo: “Só fala em leitura e contas, não posso torcer o destino, mudar a sina do moleque, trouxe-o para você educar”.

("o tempo não para, não, não para": Cazuza; aqui um momento, na linda floresta da Tijuca, que não deu para segurar, foi na corrente; as três netas, o casal de filhos, a nora, e aquela que ainda segura a varinha mágica que mantêm todos juntos, Lili) 

  

Tadeu cresceu estudando muito e trabalhando como aprendiz na gráfica de tio Lídio Corró, amigo inseparável de Archanjo. Tornou-se engenheiro no Rio de Janeiro e anos depois volta a Bahia. Os dois amigos conversam:

“- Meu compadre, você sabia que Tadeu chegou, está na Bahia?

- Tadeu Chegou? Quando?

- Quando não sei, mas já tem dias. Está em casa da família da Lu...

- Família dele, meu bom. Não é genro do coronel?

- Nem apareceu por aqui...

- Vai aparecer, com certeza. Chegou, tem coisas a tratar, passeios a fazer, parentes a visitar.

- Parentes? E você, também não é?

- Sou parente de todo mundo. Se fiz filhos não fiquei com nenhum, meu bom. Olhe! É falar no diabo e ele aparece! Seja bem vindo Tadeu!

- Está um lorde.

- Na minha posição devo apresentar-me bem vestido, senhor Lídio.

Pedro Archanjo considerou com os olhos de amizade o importante senhor de pé em sua frente. Lembrou quando Dorotéia o trouxe, tinha quatorze anos, dizendo: não posso mudar a sina do moleque.

- Soube que os senhores tiveram um prejuízo. Como posso ajudar? Tenho um dinheiro meu, reservado para a viagem que vou fazer com Lu pela Europa.

- Guarde seu dinheiro, Tadeu. Nós não precisamos de nada.

- Bem, agora tenho de ir.

Após os abraços, depois que Tadeu atravessou o batente da porta, Lídio se queixou:

- Ficou tão pouco!

- Lembra, amigo, fomos nós que o ajudamos a chegar onde chegou. Deixe-o ir. Não podemos torcer o destino, parar o tempo, impedir que Tadeu continue sua subida, compadre Lídio".

A gente cria os filhos para a vida, para o mundo, mas é triste quando eles têm tempo para tanta coisa menos para nós.



publicado por joseadal às 12:09
Sábado, 10 de Novembro de 2012

Leia com cuidado para não dar um nó em sua ideia.

“O nada não é compreendido como nada, senão na sua relação com alguma coisa. Ele supõe sempre a existência de tal relação e, portanto também a existência de alguma coisa”.

Minha neta, Lívia, disse-me desafiadora: Deus não existe!

Agora releia o que disse o filósofo Artur Schopenhauer: “O nada supõe a existência de alguma coisa”. O filósofo Emanuel Kant designava a oração da menina como um nihil privatium. O que minha neta quis dizer, meio como para declarar que não gosta do jeito que o avô dela pensa e faz, é que ela acredita que há algo, o existe, mas não que haja Deus.

Ela podia ter blasfemado pior [Deus deve bem sorrir da desfaçatez dessa garota abusada que ainda vai ter muito a viver e precisar tanto dEle], dizendo: Deus é nada. Uma afirmação dessa Kant chamava de nihil negativum, “É uma simples combinação de palavras, um exemplo de algo impossível de pensar-se”. Pois, afinal, me levaria a perguntar a ela: E o que o Nada, que você diz que Deus é?

Mas este capítulo final do livro O Mundo como Representação e Vontade, lembra que estamos presos ao mundo de matéria: “Este mundo, esta vontade somos nós mesmos; aquilo que é universalmente admitido como positivo, aquilo que se diz existente em realidade é precisamente o mundo da representação e o espelho da vontade”.

Hoje, é universalmente admitido que temos de viver intensamente. A velha impossibilidade de "assobiar e chupar cana ao mesmo tempo" foi desmentida por homens e mulheres que fazem cada vez mais coisas, quatro ou seis, concomitantemente. A mente não aguenta, nossa pisque não consegue acompanhar tudo. Alguma coisa vai ficar mal feita, ou uma coisa muito preciosa pode ser esquecida fatalmente.

O filósofo nos ensina este caminho precioso que pode não nos dar o mundo todo ou nos fazer um conquistador tremendo e tamb ém um perdedor da coisa mais importante, da vida, nossa ou de um ente querido: “Todavia, desviemos o olhar por um momento do nosso horizonte em demasia limitado; levantemo-lo até aqueles homens que superaram o mundo, cuja vontade, atingida a perfeita consciência de si, renunciou-se livremente a si mesma; então, em lugar desse tumulto de aspirações sem finalidade, em lugar dessas passagens continuas da alegria à dor, em lugar dessas esperanças sempre insatisfeitas e sempre renascentes que fazem da vida humana um sonho inalcansável, veremos essa paz que é mais preciosa que todos os tesouros da razão, essa calma absoluta do espírito, essa quietude profunda, essa segurança, essa serenidade imperturbável”.  

Tiremos tempo para ler a vida e o exemplo dos santos. 



publicado por joseadal às 00:53
Quinta-feira, 08 de Novembro de 2012

Homens há que são lembrados por séculos: Moisés, Buda, Júlio César, o apóstolo Pedro e tantos outros. Outros há que sendo pensadores ajudaram a humanidade a avançar: Platão, Aristóteles, Emanuel Kant, Nietzsche e outros mais. Alguns surgem, lançam uma nova ideia, gozam de um momento de fama e desaparecem. O psicólogo norte-americano Michael Shermer é desses. Li uma entrevista dele no caderno Prosa e separei três trechos:

“As crenças vêm primeiro, e as razões que construímos para justifica-las – Deus e seres extraterrestres, por exemplo – vêm depois. Nosso cérebro age como advogado montando evidências e ignorando provas que não se encaixam nessas crenças. A maneira mais confiável de que nossas convicções são verdadeiras é submetê-las ao crivo da ciência. Porém, usar o estudo e a pesquisa exige um esforço maior do que a simples propensão de querermos estar certos”.

Mas nós, os homens e mulheres de agora, os modernos renascentistas, nos gabamos de ser bem informados, mas será que nossa fé resiste ao choque das novas descobertas em todos os campos da ciência. Ou somos liberais com assuntos econômicos e tecnológicos e reacionário com os religiosos? O psicólogo, afirma: “Somos hipócritas, incoerentes, nem sempre lógicos, porque nosso cérebro é modular. Ele tem redes diferentes de neurônios que se desenvolvem para resolver problemas diferentes. Então é totalmente possível alimentar dois tipos de crenças que são excludentes”.

Ele diz que a realidade ganha os contornos das crenças de cada um: “Nosso entendimento da realidade depende das nossas crenças. Devemos ser extremamente cuidadosos a respeito de nossas crenças. Porque é muito fácil distorcer a realidade e ficar na contramão do momento. Para alguns cristãos fundamentalistas acreditar na teoria da evolução, por exemplo, ameaça suas crenças mais profundas sobre o mundo”.

Então ele dá um salto e conclui: “Para melhorar a vida da gente pobre não é necessário religião, mas prosperidade econômica e social”. Viu, como uma crença distorce a realidade? O psicólogo não escapa a sua própria teoria.  



publicado por joseadal às 22:31
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