Homens há que são lembrados por séculos: Moisés, Buda, Júlio César, o apóstolo Pedro e tantos outros. Outros há que sendo pensadores ajudaram a humanidade a avançar: Platão, Aristóteles, Emanuel Kant, Nietzsche e outros mais. Alguns surgem, lançam uma nova ideia, gozam de um momento de fama e desaparecem. O psicólogo norte-americano Michael Shermer é desses. Li uma entrevista dele no caderno Prosa e separei três trechos:
“As crenças vêm primeiro, e as razões que construímos para justifica-las – Deus e seres extraterrestres, por exemplo – vêm depois. Nosso cérebro age como advogado montando evidências e ignorando provas que não se encaixam nessas crenças. A maneira mais confiável de que nossas convicções são verdadeiras é submetê-las ao crivo da ciência. Porém, usar o estudo e a pesquisa exige um esforço maior do que a simples propensão de querermos estar certos”.
Mas nós, os homens e mulheres de agora, os modernos renascentistas, nos gabamos de ser bem informados, mas será que nossa fé resiste ao choque das novas descobertas em todos os campos da ciência. Ou somos liberais com assuntos econômicos e tecnológicos e reacionário com os religiosos? O psicólogo, afirma: “Somos hipócritas, incoerentes, nem sempre lógicos, porque nosso cérebro é modular. Ele tem redes diferentes de neurônios que se desenvolvem para resolver problemas diferentes. Então é totalmente possível alimentar dois tipos de crenças que são excludentes”.
Ele diz que a realidade ganha os contornos das crenças de cada um: “Nosso entendimento da realidade depende das nossas crenças. Devemos ser extremamente cuidadosos a respeito de nossas crenças. Porque é muito fácil distorcer a realidade e ficar na contramão do momento. Para alguns cristãos fundamentalistas acreditar na teoria da evolução, por exemplo, ameaça suas crenças mais profundas sobre o mundo”.
Então ele dá um salto e conclui: “Para melhorar a vida da gente pobre não é necessário religião, mas prosperidade econômica e social”. Viu, como uma crença distorce a realidade? O psicólogo não escapa a sua própria teoria.