Temos emoções que entendemos, mas não compreendemos. Existem palavras que usamos e não sabemos como vieram a existir. De onde veem?
A raça homo sapiens sapiens já existe há 30.000 anos, mas se for certo que temos genes dos neandertais, então as emoções e as palavras que as designam têm mais de 300.000 anos.
O livro Mitologia Grega explica (p.9): “Assim como os pais ensinam aos filhos relatando-lhes experiências de vida pelas quais passaram, os mitos delineiam padrões para a caminhada existencial do homem. Com o recurso da imagem e da fantasia, os mitos abrem para o Consciente um acesso direto ao Inconsciente Coletivo”.
Quando o universo começou a ganhar a forma que vemos hoje, há 4,5 bilhões de anos, a mitologia diz que o deus que cuidava da Terra era Crono que com Réia gerou seis filhos, a primogênita foi Héstia. Ela representa o fogo que é usado nos rituais religiosos e na casa, a lareira (p.279). Quando os humanos construíam suas moradas a primeira coisa que faziam era um lugar para o fogo. Com ele se aqueciam, cozinhavam a comida, iluminavam o ambiente a noite e afastavam animais. O fogo, a lareira, mantinha o grupo junto e essa emoção se perpetuou na humanidade. A casa, por causa do fogo, tornou-se o lar.
Mas há muito tempo o fogo não é mais o aglutinador da família. O que é os mantêm juntos, o que é a lareira agora? Vamos voltar àquele homem primitivo. Quando construía a casa ele levava junto consigo uma mulher. Essa mulher também era um fogo (p.278): “É preciso observar que a relação sexual é intimamente ligada a técnica primitiva de obtenção do fogo, o atrito, a fricção e o vai-e-vem”. O homem, o provedor e protetor da casa, para ter uma família unida precisa dela, de sua mulher, o fogo contido, a lareira, Héstia, a primogênita.
Viu como se compreende melhor a falta que a gente sente de rever a mãe?
(Lili, o fogo da minha casa, é tanto luz como a vela que ajuda a iluminar nosso estudo diário, o conhecimento que também ilumina)