Quinta-feira, 27 de Junho de 2013

Desde pequeno fomos assombrado com a escolha do apóstolo Judas Iscariotes: vender o seu mestre e então se matar. No livro A Romana, de Alberto Moravia, lendo as derradeiras páginas, encontrei estas duas referências a este ato. “Matar-se juntos parecia-me a conclusão digna de um grande amor. É como cortar uma flor antes que murche no pé; como fechar-se no silêncio depois de ouvir uma música sublime. Eu já havia pensado várias vezes nessa forma de suicídio que freia o tempo antes dele corromper e aviltar o amor, e que se busca e executa mais por excesso de felicidade do que por não poder suportar a dor. Nos momentos em que amava com demasiada intensidade, a ponto de temer não conseguir amar em seguida da mesma forma, a ideia desse suicídio a dois me ocorria naturalmente. Mas como penso que ela não me ama tanto a ponto de desejar acabar com a vida, nunca lhe falei nisso”.

Será então o querer e fazer dar cabo da própria vida o resultado último de uma dor intensa?

Então, na contra capa encontrei um pensamento que escrevi da vez anterior que o li: “Estou me sentindo como meu amor em certas noites. O sono foi-se embora, voou pela janela para a chuva que cai. Meus olhos estão pesados, mas o espírito está alerta, crepitando como uma fogueira. Acabei de ler o jornal e estou com um monte de notícias na cabeça: os deputados e senadores aumentam seus salários e vantagens descaradamente; o Japão sofreu um forte terremoto, quantas pessoas não estarão agora mesmo vivas sob os escombros; Castilho o grande goleiro da seleção suicidou-se deprimido. Noite cheia de questões e dúvidas. Que vale que com a chegada da luz do dia virão as certezas e o trabalho. 19/01/1995, Paraty, Adal”.

 



publicado por joseadal às 13:04
Quarta-feira, 26 de Junho de 2013

As manifestações contra a corrupção confirmam a escolha das pessoas pelo direito e pelo certo. Ninguém prefere viver infringindo a lei e tendo sobre a cabeça uma espada sempre pendente. No livro Uma História que não é Contada (p.225-227) fala de uma maneira de viver que mesmo sendo aceita não deixava as consciências tranquilas. “A Igreja de Cristo, desde os apóstolos, ensinava aos que tinham escravos que esses eram seus irmãos. Mas a mentalidade, influenciada pelos filósofos Platão e Aristóteles, era de aceitar a escravidão como uma instituição de direito natural. São João Crisóstomo, doutor da Igreja, ensinou: ‘O escravo deve resignar-se com sua sorte e obedecer ao seu Senhor, como obedece a Deus’. Mas entre os anos de 451 e 700, cinquenta concílios aprovaram cânones que protegiam os escravos. No Concílio de Borgonha os cristãos foram aconselhados a oferecer um dízimo anual na forma de libertação de algum escravo. Promoveram-se inúmeras alforrias e libertações. Basta dizer que o escravo Calixto veio a se tornar Papa”.

Mas se é um fato que não aceitamos conviver com um proceder antinatural, também é sabido que não se pode considerar uma vitória como razão para baixar a guarda. O professor Felipe Aquino, continua: “Foi no século 16 que infelizmente ressurgiu com toda a força o regime da escravidão”. E por mais de três séculos a humanidade conviveu novamente com essa ignomínia. Mas não pense que acabou o tratamento injusto com nossos irmãos humanos. A discrepância entre o que uns poucos ganham e o que a maioria recebe por seu trabalho diário ainda é uma injustiça. Para concertar tantas iniquidades ainda teremos de fazer muitas manifestações.  (a bicicleta é um meio de locomoção que nivela o rico com o pobre) 



publicado por joseadal às 01:57
Sábado, 22 de Junho de 2013

Cada um dos sistemas de religião criados pelo homem modificou sua forma de lidar com o transcendental, mas também influenciou sua vida temporal. A Igreja de Jesus, por exemplo, teve um papel fortíssimo na evolução dos códigos de leis que normatizam a vida das sociedades humanas. No livro que estou quase terminando, Uma História que não é Contada, diz (p. 206): “Desde o surgimento dos bárbaros no Império Romano do Ocidente, as leis eram apenas baseada nos costumes e nas relações familiares, o Direito não era pensado como um estudo independente. O Direito Canônico começou no século 11 e assumiu uma importância análoga à do Direito Romano no mundo antigo. Como os negócios particulares, civis, dependiam dos princípios religiosos, o Direito Canônico alargou seu campo de influência”.

O homem, este ser diferente dos animais, para viver em harmonia com seu próximo sempre dependeu de ordens que lhe diziam: isso é possível, aquilo não. Nos primórdios da humanidade essas ordens eram denominadas costumes. Reis avançados, como Hamurabi, ordenaram que os costumes de seu povo ou de diversos povos sob seus domínios, fossem harmonizados e escritos de forma simples. No Império Romano foi Adriano, no século 2, o último a fazer isso. Quando os cristãos tornaram-se maioria nas populações, seus costumes foram codificados e transformaram-se em leis. O professor Felipe Aquino, continua: “Foi a Igreja que fixou os limites do poder dos reis e pôs condições ao exercício da guerra. Que fundou o direito dos fracos, das viúvas e dos órfãos, e elaborou a noção do casamento como um contrato além de um sacramento, já então admitindo a igual dignidade dos cônjuges. Nasceu nesse código o respeito a última vontade do homem expressa em testamento”.

( um lugar de devoção em Bananal de Minas, vilarejo encravado entre as serras de Minas Gerais)

Jesus, Deus quando veio até nós, avisou que da tradição e dos costumes que seus discípulos formariam com o passar das gerações, escrever-se-iam leis que seriam até superiores as relações parentais (Mateus 10:35, 36): “Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os seus familiares”. As leis tem uma força superior aos laços afetivos.



publicado por joseadal às 12:57
Terça-feira, 18 de Junho de 2013

As coincidências de assuntos são comuns a quem lê mais de um livro. Desta vez o tema foi a pele de um animal, seu couro.

No livro Mitologia Grega, li sobre a deusa Ártemis, a Caçadora (p.66): O couro de determinados animais tem um extraordinário poder de proteção. Essa energia, ou mana é transmitida a quem se cobre com ele, tornando o portador invulnerável. Hércules, cobrindo-se com o couro de um leão, fez o seu corpo infrangível”.

Enquanto que no livro Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria encontrei no capítulo sexto, com o tema A Figura de Rebeca uma citação sobre couro. Conhece um pouquinho da Bíblia? Já ouviu falar do patriarca Abrahão? Pois é, Rebeca foi sua nora, mulher de Isaac. Na vida dessa mulher teve um acontecimento que representou o cuidado maternal de Nossa Senhora conosco (Gênesis 27:):

“Então falou Rebeca a Jacó seu filho: Eis que tenho ouvido o teu pai que falava com Esaú teu irmão, dizendo: Traze-me caça, e faze-me um guisado saboroso, para que eu coma, e te abençoe diante da face do SENHOR, antes da minha morte. Agora, pois, filho meu, ouve a minha voz naquilo que eu te mando: Vai agora ao rebanho, e traze-me de lá dois bons cabritos, e eu farei deles um guisado saboroso para teu pai, como ele gosta. E levá-lo-ás a teu pai, para que o coma e para que te abençoe antes da sua morte. Depois tomou Rebeca os vestidos de gala de Esaú, seu filho mais velho, que tinha consigo em casa, e vestiu a Jacó, seu filho menor. E com as peles dos cabritos cobriu as suas mãos e a lisura do seu pescoço e deu o guisado saboroso e o pão que tinha preparado, na mão de Jacó seu filho para levá-los a seu pai”.

Não posso te explicar todas as implicações dessa história, mas ela envolve o Projeto de Deus para salvar o homem, nós que usamos errado o livre arbítrio. O resumo é: a mãe sabia que o filho mais velho não tinha méritos para receber a graça de ser antepassado do Messias, o mais novo sim. Então, ela fez uma incrível manobra para ajudar o escolhido. Um dos trunfos foi cobrir as costas das mãos e o pescoço do jovem com o couro do cabrito. (ciclistas, como ágeis formigas, descem o caminho de uma fazenda lá nos sertões de Minas) 

Lembra o antigo provérbio: Lobo em pele de cordeiro? Pois é, a vestimenta pode mudar o julgamento humano. Para que nos encaixemos bem no julgamento de Deus também precisamos mudar a pele, como diz na p. 135: “Os eleitos amam ternamente a Santíssima Virgem, como sua boa mãe. Ela, para nos tornar apreciáveis para o Pai, despoja-nos da nossa pele, de nosso orgulho, vaidade e amor próprio”.



publicado por joseadal às 22:23
Sexta-feira, 14 de Junho de 2013

Alguns bons escritores dizem que por vezes um personagem toma a história em suas mãos e começa a falar e fazer coisas que o autor não havia imaginado. Isto me lembra que o psicanalista Carl Jung ensinava que no inconsciente de todas as pessoas existem personalidades (complexos) completamente formadas e com históricos de vida bem diferentes uns dos outros.

No livro A Romana, o personagem Giacomo desenvolve um raciocínio que talvez lhe pareça estranho (p.330-332):

“- Tem momentos que não entendo nada. E não são só palavras que me fazem este efeito... pessoas também. Você mesma, ao meu lado, acha que a estou vendo, mas não a vejo porque não a entendo – deu-me um tal apertão que não pude evitar um grito de dor – Deve ser justamente esse tipo de incompreensão que cria a crueldade em tanta gente... tenta-se reencontrar o contato com a realidade através da dor alheia.

- Quando você escreve, também não acredita no que diz?

- Faço de conta que acredito.

- Mas é impossível?

- Como impossível? Quase todos fazem assim, a não ser para comer, beber, dormir e fazer amor. Quase todos fazem as coisas como se acreditassem, você ainda não percebeu? Ou você não sabe que este é o mundo do “como se fosse”? Desde o presidente até o mendigo, todos neste mundo se comportam “como se fossem”. Tudo é fantasia.

(pode acreditar, passamos de bicicleta nesses cafundós, depois de Santa Isabel do Rio Preto, e foi uma delícia estar neste descampado) 

Conseguimos dar fé em boa parte do que dizemos acreditar?



publicado por joseadal às 00:51
Terça-feira, 11 de Junho de 2013

Hefesto, na Mitologia Grega, foi o deus que desmanchava os nós.

Antes, porém, uma palavra sobre como se criou o panteão de deuses do Olimpo. Os povos que habitavam a Hélide, a antiga Grécia deixaram poucos traços, mas a partir de 2.700 a.C a civilização que se desenvolveu na ilha de Creta e construiu a magnífica cidade de Knossos, conquistou a administrou a parte continental. Depois, três levas de povos Orientais - os Indo-europeus aqueus, jônios e dórios - invadiram, dominaram e foram aculturados pelos antigos habitantes. Cada povo trazia seus deuses e foram os pensadores, historiadores e filósofos gregos que integraram todas as divindades numa família poderosa e cheia de problemas.  

Hefesto foi filho de Zeus com sua esposa, Hera. Nasceu com uma perna atrofiada e entre os deuses belos sentia-se inferior, mas desenvolveu vários talentos maravilhosos. O segundo volume de Mitologia Grega, de Junito de Souza Brandão, diz (p.48-50): “A faceta mais importante de Hefesto é o seu poder de atar e desatar. É o xamã dos nós. Os nós são expressões de força mágica-religiosa e é indispensável para governar, punir e paralisar. Tanto o nó como o anel fazem parte dos ritos de vassalagem, em que o homem se apresenta como cativo ao seu soberano. Quando falece o Papa, quebra-se-lhe o Anel de Pescador, porque seu liame e poder que lhe outorgara Cristo, foi rompido pela morte. Cruzar pernas ou braços é considerado um fechamento de energia, um sinal de que não se quer nada da pessoa com quem falamos”.   

No livro de , no capítulo 10, está escrita a interpretação de Elifaz, um amigo do patriarca, para tantas perdas que ele estava sofrendo: “é que estás cercado de laços”. No Velho Testamento, sob a religião judaica, Deus Javé era o desmanchador dos laços. Na Igreja de Cristo, a virgem Maria é a desatadora dos nós. (no parque florestal de Campos do jordão)

O ser inteligente na Terra, lutando para sobreviver até que a morte o carregue, entendeu que uma sucessão de derrotas era sinal de que estava amarrado e, não podendo ver os laços que o prendem, sempre se voltou para os seres poderosos para sua libertação.



publicado por joseadal às 23:39
Quinta-feira, 06 de Junho de 2013

Começa uma nova série de TV que promete impactar, é de terror. Seu escritor, produtor e diretor é o ator Eli Roth que disse numa entrevista: “Nunca trabalhei com televisão antes porque todas as minhas ideias eram violentas demais e eu sempre ouvi que elas jamais poderiam ser exibidas. É sérir tem um gênero de terror batizado de torture porn (em que a tortura é mostrada de maneira explícita, quase como uma tara). Mas como hoje vivemos uma fase muito animadora na TV, sinto que é possível forçar os limites”.

Um homem culto e inteligente deve ter usado as palavras certas, mas dizer que agora dá para mostrar na TV cenas de torturas explícitas porque “vivemos uma fase muito animadora” me parece bizarro. Cotejei isto com o que estou lendo no ensaio Hermenêutica e Desconstrução, de Miguel Baptista Pereira que era professor de Antropologia Filosófica, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: “Expulso da verdade do Ser, privado da terra-natal e no esquecimento do Ser, o homem circula por toda a parte como animal rationale trocando o ‘mais’ que ele é, enquanto originário do Ser, pelo ‘menos’ em que se torna, quando se concebe a partir da subjetividade. A diminuição, que parece sugerir a diferença entre ‘dono dos seres’ e ‘pastor do Ser’, converte-se em lucro: "Ele (o homem) ganha a pobreza essencial do pastor, cuja dignidade consiste em ser chamado pelo Ser para guardar Sua verdade".

Trocando em miúdos: originamo-nos do Ser (Deus), mas quem era ‘mais’ se tornou ‘menos’, deixou de ser um legítimo ‘donos dos outros seres’, mas ainda dá para assumir o papel de ‘pastor do Ser’, um guardião da Verdade.

Mas nós quem, cara pálida? O cara que está pronto para ver filmes de terror com torturas cruas e não consegue se perguntar: Por que estou vendo isso?



publicado por joseadal às 02:57
Segunda-feira, 03 de Junho de 2013

Esta frase ameaçadora tem sido repetida de muitas formas. Paulo, o apóstolo de Cristo, avisou (Colossenses 2:8):

“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”.

Lili, criada em Barbacena, conta que na família dela corria a conversa de que um primo fora parar no manicômio porque lia muito.

Pedalando – um esporte que nos permite filosofar enquanto movemos os pedais – um colega me disse sabiamente que quando lemos a informação de outra pessoa, esta passa por um filtro dentro de nós – tudo que aprendemos até então – e se torna um novo livro. Assim, um livro que lemos torna-se outro compêndio acrescentado do que sabíamos antes.

Então, se um livro lhe revela uma coisa conflitante, o conflito não foi causado só pelo escritor, mas com o que ele escreveu e se misturou com tuas ideias e, isto sim, parece-lhe um absurdo, um perigo. Foi o que se deu comigo ao começar o volume 2 da Mitologia Grega (pp. 24-32):

Atená - trata-se de uma divindade importada pelos gregos da civilização minoica. Esse nome já aparece em inscrições do século vi a.C.

Ela era representada por um paládio, uma pequena estátua de pé, rígida, que tinha a virtude de garantir a integridade da cidade. Toda e qualquer pólis se vangloriava de seu Paládio, sobre cuja origem miraculosa se teciam as mais variadas e incríveis narrativas. Deusa da inteligência, da razão e do espírito criativo presidia às artes e a filosofia. A coruja é o símbolo de Atená, a que tem o dom da clarividência. No Antigo Testamento JAVÉ proibia comer a carne de coruja, talvez tendo alguma coisa a ver com a veneração da deusa”.

Agora, ande devagar, o perigo vai depender de quanto você conhece de religião:

“Atená é a deusa virgem de Atenas. É bem verdade que a deusa teve um filho, foi assim: Hefésto o deus das forjas e do fogo tentou possui-la, a filha de Zeus se defendeu e o sêmen derramou-se em sua perna. Ela o lançou na terra e daí apareceu Erictônio, o filho da Terra”.

- Zé, não estou vendo nada, só um monte de histórias tolas.

(esta foto, do momento exato em que começamos a pedalada pelo Rio, não tem nada a ver com o assunto... ou tem?)

Mas outros, ao ler esses mitos, lembram que a veneração de uma deusa virgem sempre foi comum na adoração dos povos e isto faz pensar: a veneração de Maria é uma cópia de antigas devoções da humanidade, ou elas foram uma antevisão de que Deus escolheria uma mulher pura para nos auxiliar na caminhada para Ele?    



publicado por joseadal às 22:34
Domingo, 02 de Junho de 2013

Parodiando Raul: ‘Dois ciclistas pedalando juntos e conversando pode ser muito arriscaaado!’

Mas por quê? Por que geralmente eles não têm ‘aquela velha opinião formada sobre tudo’.

Assim aconteceu no Rio, na sombreada estrada dentro da floresta da Tijuca. O colega Daniel Lessa, me disse:

“Esqueci que gostava de ler e passei dez anos só lendo jornal”.

Olhando as palmeiras de palmito Juçara, os pés de mil plantas servindo de apoio para cipós em meio às samambaias gigantes descendo serra a baixo na penumbra, pensei: Um homem que lia abandona a leitura por tantos motivos e, de repente, desperta e volta a ler. Ora, por isso é que Deus é misericordioso, pois o tempo, infinito para Ele, dá sempre novas chances aos humanos.

Ele disse, e me assustei, que sua mente precisou ser reprograma.

Isso me recordou Rauzito:

“Eu quero saber o que você estava pensando

Eu avalio o preço me baseando no nível mental

Que você anda por aí usando

E aí eu lhe digo o preço que sua cabeça agora está custando”.

Então, algumas cabeças valem muito pouco, enquanto outras são valiosíssimas.

Assim, quase ao chegarmos a Vista Chinesa, ele, descendo da bike, me alarmou, citando o Maluco Beleza:

“O prato mais caro do melhor banquete é

O que se come cabeça de gente que pensa

e os canibais de cabeça descobrem aqueles que pensam”.

Não seria, então, melhor ficar sem ler e sem pensar? Raul avisou:

“Cuidado brother, cuidado sábio senhor É um conselho sério prá vocês Eu morri e nem sei mesmo qual foi aquele mês Metrô linha 743!”

Mas não acredite em tudo que Rauzito dizia, vendo a vista linda do Rio não posso falar revoltado como o roqueiro:

“Quem será este desgraçado dono desta zorra toda?”



publicado por joseadal às 18:16
Sábado, 01 de Junho de 2013

Quantas tragédias já vimos neste século xxi! Em treze anos quantas desgraças e crimes hediondos assistimos de dentro de nossas casas pela TV ou pelo computador! Mas lendo o filósofo Roland Bathes (o texto é em espanhol) vejo que apesar disso tudo não vivemos numa época trágica.

“De todos los géneros literarios, la tragedia es el que más marca un siglo, el que le da

más dignidad y profundidad. Las épocas de esplendor, indiscutidas, son las épocas

trágicas: siglo V ateniense, siglo isabelino, siglo xvii francés. Fuera de esos siglos, la

tragedia —en sus formas constituidas— se calla”.

Verdade. Apesar de todas barbaridades nosso século não se dá conta de trilha um caminho errado. Nas época que Bathes menciona foi diferente. Como? Ele indaga:

“¿Qué pasaba en esas épocas, em esos países, para que la tragedia fuese posible? en las grandes épocas trágicas, el esfuerzo de los genios y del público se ocupaba no tanto del enriquecimiento de los conocimientos y experiencias como del despojo cada vez más riguroso de lo accesorio, la búsqueda de una unidad de estilo en las obras del espíritu. Era necesario obtener de y dar al mundo una visión sobre todo armoniosa —aunque no necesariamente serena—, esto es, abandonar voluntariamente un cierto número de matices, de curiosidades, de posibilidades, para presentar el enigma humano en su delgadez esencial.” (ainda se encontra um modo de vida simples em Bananal de Minas)

Nosso século está na Era da Informação, mas Bathes diz que “enriquecimiento de los conocimientos” não deixa o homem refletir em sua trágica forma de viver. Assim, o que precisamos é “del despojo cada vez más riguroso de lo accesorio” para entender em que ponto estamos da evolução humana, e “para presentar el enigma humano en su delgadez essencial”.



publicado por joseadal às 02:55
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