Quarta-feira, 31 de Julho de 2013

Quem é que consegue dar atenção a todos os e-mails que recebe? Temos limitações.

Mas há coisas que se faz bem, as quais temos prazer de realizar. Li há pouco um livretinho, Deixando o Passado para Trás, do PhD em Ciências da Religião Miguel Ângelo S Ferreira, que me lembrou de que entre tantas coisas que Jesus fazia, o papa Francisco o imita muito bem em uma. Ao fazer o motorista parar o papamóvel para tocar e abençoar as crianças ele faz mais do que mostrar ser simpático.

É isto o que o professor lembra:

“Segundo os psicólogos o adulto é o resultado do que alguém passou na infância. As pessoas são moldadas quando ainda são crianças. Na vida adulta manifestam-se atitudes, simpatias e preferências sexuais como frutos daquilo que foi impresso em sua mente infantil. Os encontros de uma criança com adultos de bom caráer resulta em fortes impressões em seu jovem coração. Jesus sabia da importância de tocar com profundo amor a cabeça de uma criança (Mateus 19:13-15): 'Trouxeram-lhe, então, alguns meninos, para que sobre eles pusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus. E lhes impôs as mãos'. Quando Jesus tocava a cabeça das crianças revelava-lhes bondade e amor. Sentirem-se alvos desses sentimentos resultou em transformações de muitos corações e deles nasceram adultos bem resolvidos, sem medos e traumas”.

Se este não for o que fazes melhor paciência, mas se consegues te dar bem com crianças e lhes passar verdadeiro interesse e amizade você está ajudando a formar bons adultos daqui há alguns anos.



publicado por joseadal às 02:26
Terça-feira, 30 de Julho de 2013

Ah, como cada um tem sua própria explicação para tudo!

No livro Pavilhão de Mulheres, da escritora Pearl S Buck,

um padre conversa com uma chinesa a quem está evangelizando (p.262):

“O homem descobriu o mal pela mão de uma mulher, Eva, que lhe deu o fruto proibido.

- Ela sabia que o fruto era proibido?

- Sim, mas um espírito mau lhe convenceu a pegar o fruto.

- Por que o espírito foi a ela e não diretamente ao homem?

- Porque o espírito, sob a forma de uma serpente, sabia que o coração do homem está voltado para si mesmo. Ele vivia bastante feliz com a mulher e o jardim. Por que havia de ser tentado a obter mais? Mas a mulher sempre podia ser tentada pela ideia de ter um jardim melhor e mais coisas para possuir. Ela é assim porque sabe que do seu corpo virão outros seres e, para eles, ela conspira e planeja. Por causa de seus filhos vivos ou ainda por nascer, ela será sempre tentada.

- Como pode conhecer tão bem as mulheres se vive só? E, por que se afastou da corrente da vida?

Ele pensou um pouco e respondeu devagar.

- Escolhi a vida celibatária, a princípio, por pura vaidade. Quando era  jovem estava pronto para casar e ter filhos com uma mulher que julgava amar. Mas recebi uma compreensão muito profunda, para minha felicidade. Vi que aquela mulher, como Eva, conspirava e planejava para outros seres que ela haveria de criar em seu próprio corpo. Percebi o papel reduzido que me tocava: uma tão breve satisfação da carne e depois toda a minha vida consumida em trabalhar e mourejar, como Adão. Então, me perguntei: será a mim que essa mulher ama ou me quer porque precisa de quem a sirva. Então, disse: não, devo antes servir a Deus; e me tornei sacerdote”.

Esse livro foi publicado no Brasil em 1948, ora a autora deve tê-lo escrito alguns anos antes, o assunto do livro é a mudança que o comunismo causou nas famílias da China. A revolução comunista, com Mao Tse-Tung começou em  1927 e foi fazendo mudanças por anos a fio.

Mas o que chama a atenção neste diálogo é que o padre revela o que se passa no coração de tantos homens jovens hoje. Fogem ao compromisso do casamento. (diz aí, minha filha não é bonita? Ah sim, a Marcia é a da esquerda)

Que vale que Adão, eu  e você pensamos diferente, se não, não haveria crianças para continuar nossa raça.  



publicado por joseadal às 00:48
Quinta-feira, 25 de Julho de 2013

“Vem pra rua!” Que grito é esse? De onde saiu essa voz? (as fotos foram feitas por Edgar Kozlowski, em Volta Redonda, de quem tomo emprestado) 

Hoje, Lili e eu começamos a ler o livro Ágape, do padre Marcelo Rossi, e nas páginas que falam do amor divino encontrei este mesmo grito. Comentando a voz de Deus que Isaias (14:4) ouviu: “Porque és precioso a meus olhos, porque eu te aprecio e te amo, permuto reinos por ti, entrego nações em troca de ti”, ele diz (p.20): “Uma mulher, um só homem, valem mais para Deus do que todo poderio de um governo, ou, em outras palavras, o poder de um governo só se justifica se tiver como preocupação principal a pessoa, o ser humano”.

Há muito tempo o homem e a mulher brasileiro assistiu a impunidade grassando como uma praga nos tempos medievais. O padre falando de amor lembra: "O poder não pode ter por objetivo cuidar só de si mesmo. O interesse maior do governo de uma nação de ser ter cuidado, dar o respeito e ter caridade com quem mais precisa". A mulher sentindo dores atrozes ficava horas numa fila de hospital sem ser atendida. E onde estava a presidente dela e seu governador, o prefeito dela e seu vereador, o administrador do hospital e o médico? Padre Marcelo lembra a oração de Madre Tereza de Calcutá:

"o dia mais belo é hoje

... o que mais nos faz feliz? Ser útil aos demais"

Então, essa mulher e esse homem, até essa criança, resolveram se levantar e gritar, como nesse cartaz:



publicado por joseadal às 01:35
Quarta-feira, 24 de Julho de 2013

No século 14 a.C surgiu um novo deus na Grécia. Para um jovem de hoje, como minha neta que diz não crer em Deus, falar no aparecimento de um novo deus deve ser estranhíssimo. Crer em um já é difícil! Dionísio era protetor das plantas cultivadas, especialmente das parreiras.

 

Sua adoração era cíclica, acontecendo especialmente na época da vindima e da produção de uma nova safra de vinho. Mas a história desse deus, de como ele nasceu e que era contada pelos pais aos filhos, é que surpreende. O livro Mitologia Grega, conta:

“Zeus, o pai dos deuses fica encantado com uma jovem mulher e a engravida. Quando a criança está para nascer, Zeus o toma do ventre da jovem coloca-o dentro de sua coxa e acaba de gera-lo. No mito grego a união de deuses com mulheres gera normalmente um varão dotado de qualidades extraordinárias, mas ainda assim partícipe da natureza humana, donde um mero mortal. Mas completada a gestação na coxa divina, Dionísio será da mesma substância do pai, donde imortal”.

Foi nesse mesmo século antes de Cristo que o homem Abraão foi persuadido pelo Deus Único que adorava a deixar Ur dos Caldeus, cidade politeísta. Algum tempo depois o Deus Eterno lhe fez esta proposta (Gênesis 22:17-18) : “Deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra”. Por outras revelações Deus explicou que este descendente seria Seu Filho com uma virgem, seria homem, mas depois de sacrificado ressurgiria como Deus.

São bem estranhas as similitudes entre crenças de diversos povos.


tags:

publicado por joseadal às 12:21
Domingo, 21 de Julho de 2013

Ao ler nos deparamos com pensamentos que servem para amarrar várias ideias que estavam soltas e juntas ganham novo sentido e nos dão luz. Foi o que aconteceu ao ler o livro Hermenêutica e Desconstrução, um estudo do pensamento do filósofo Heidegger.

“A temática do Nada, do Vazio e da Clareira percorre as duas culturas. Assim, o Nada, que em Heidegger caracteriza o Ser, não tem o sentido de Nada do Niilismo Europeu”.

- Zé, não entendi nada deste Nada.

Lendo o caderno Economia, de O Globo, descobri o Nada do Niilismo europeu. São palavras do jovem Joichi Ito,

com 46 anos, que apesar da pouca idade já é Diretor do Laboratório Ciência da Cidade, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts: “Cada país tem que buscar no que quer ser bom. Uma opção-chave é mandar profissionais para serem educados em centros mais adiantados e depois voltarem com mais conhecimento e inovações”. Esse é o Nada do Niilismo. A Wikipédia explica esta filosofia como sendo um modo de pensar "em que os valores tradicionais depreciam-se e os princípios e critérios absolutos dissolvem-se; tudo é sacudido, posto radicalmente em discussão”. Nesta compreensão do Nada o profissional tem que esvaziar a mente, tirar os conceitos antiquados, para poder repensar o mundo de nova maneira.

Para Heidegger o Nada é como uma clareira aberta na mata. A mata é tudo que nos liga ao mundo material e ao materialismo. Em outro livro que estou terminando de estudar com Lili, Renovados pelo Espírito Santo, diz (p.28): “Como está nosso coração? O mundo materialista leva-nos a enche-lo de coisas ruins: drogas, novelas, músicas tolas, pornografia e violência. Mas temos de nos esvaziar delas se queremos estar cheios e repletos do Espírito Santo”. Heidegger diz desta forma: “O Aberto necessita da transformação do pensamento em pensamento-serenidade. Por esta viragem do pensamento, também se libertam os seres até então reduzidos a objetos pelo domínio da razão materialista”.

Não se precisa ficar vazio de tudo para estar preparados para as mudanças que virão, mas temos de nos esvaziar do materialismo.  



publicado por joseadal às 15:14
Quarta-feira, 17 de Julho de 2013

Refiro-me ao que aconteceu em Delfos, na Grécia. O livro Mitologia Grega volume 2, diz (p.95): “Múltiplas escavações revelaram que por volta de 1.400 a.C, na época micênica, Delfos era um pobre vilarejo e seus habitantes veneravam uma deusa muito antiga. Suas estatuetas femininas de terracota aparecem até extratos de 1.100 anos a.C e são substituídas por estatuetas masculinas feitas em bronze”.

Em Delfos tem uma caverna que desde tempos imemoriais os humanos diziam que era habitada por uma deusa e sua serpente. Mas então, o lugar aumentado, o povo passou a adorar um deus varão. “Foi na época geométrica, a partir de 1.090 a.C que Apolo começou a ser adorado em Delfos. Buscando desbarbarizar velhos hábitos os sacerdotes pregavam a busca da sabedoria, o equilíbrio no comportamento e a moderação. Ensinavam a máxima: conhece-te  a ti mesmo. Outro mérito importante foi a erradicação da lei do talião: olho por olho. Em substituição foram fundados tribunais para implantar a justiça”.

Os ensinamentos eram revelados por meio de oráculos do deus Apolo: “Os sacerdotes gritavam perguntas para dentro da caverna escura. Lá ao fundo uma pitonisa em êxtase, balbuciava, em transe, respostas que eram registradas”.

A procura por ajuda não era só para obter respostas para questões da vida, mas foi construído ali um grande hospital que durou até o século IV, Epidauro. Neste lugar reverenciavam como deus um antigo médico, Asclépio, que muitos estudiosos dizem ter sido o egípcio Imotep (p.92). “Com o correr do tempo as curas por meio de ervas e as cirurgias atrairam doentes de muitas nações. Epidauro era mais do que hospital, tinha: ginásio para exercícios físicos, um teatro construído pelo arquiteto Policleto, uma grande biblioteca e escola de diversas artes.

O poeta latino Juvenal diz em um de seus poemas sobre o principal ensinamento dali: o que se deve pedir é que haja uma mente sã num corpo são”.     



publicado por joseadal às 19:53
Quarta-feira, 17 de Julho de 2013

Um livro pode ser filosófico, só um romance ou teológico. Em Renovados pelo Espírito Santo, um escritor que assina como padre Leo, nos faz refletir sobre esse adjetivo: “Renovar-se não é estar em busca de novidades nem significa que nunca se está satisfeito. Restaurar é descobrir o modelo original”.

Certa vez, em que pedalei por terras de Valença, vi uma catedral imensa num arraial perdido e visitando deslumbrado o interior da imensa construção estragada pelo tempo vi uma experiência de restauração. Era parte de um projeto que contaria com apoio financeiro de algumas grandes empresas, mas que gorou por causa da crise financeira.

Na restauração o perito vi tirando as camadas de tintas que foram cobrindo o trabalho original até que a peça retorne ao que era no começo. O Espírito Santo é o magnífico perito que vai tirando todas as camadas impróprias que foram se apegando a nossa personalidade até encontrar o primeiro homem. O livro diz: “Para restaurar uma obra de arte é preciso conhecer profundamente o artista que realizou o trabalho. Jesus é o único ser que viveu entre nós que conhece intimamente o Pai, o grande artista, o Criador. Quando, pelo poder do Espírito Santo vamos deixando cair as camadas de pecado que se acumularam em nós, surge a imagem daquele que nos criou”.

São vários os motivos que fazem ser pespegados em nós erros sobre erros. Naquela bela catedral de São José das Três Ilhas, as razões de terem se acumulado camadas feias de tinta sobre o trabalho original foram: falta de dinheiro, pintores sem técnica e a pressa que é inimiga da perfeição. No nosso caso um terrível profissional borrou a obra primeva por um motivo muito iníquo: “O encardido entra em nossa vida para nos deformar. Ele não suporta Deus, o Pai, e sua maior raiva é ver em alguém a imagem e semelhança de Deus”.

Será que estou tão coberto de erros que não pareço mais nada com o Pai?   



publicado por joseadal às 02:45
Quinta-feira, 11 de Julho de 2013

Há medos que se compreendem bem, foram racionalizados, e outros que não se entende bem por que o sentimos. Também há as crendices, crenças que nem se sabe de onde vieram. Como o São Jorge na Lua. Nas brumas do tempo, muito antes de começar a História e nos primórdios da pré-História, numa época em que os hominídeos não só não sabiam escrever como nem falavam ainda, surgiu a crença no homem-lua. O livro Mitologia Grega vol II (p.73) diz: “Era uma espécie de herói que vivia na Lua e a era a própria Lua. Ele iniciava a luta contra o demônio das trevas durante o quarto crescente. Esse monstro era uma espécie de dragão que devorou sua mãe, o que aconteceu durante a Lua nova, quando ela desaparece. Na Lua cheia ele reinava triunfante sobre a Terra derramando a luz e espantando as trevas que dominam a noite. Ele trazia a paz e a ordem e abençoava a agricultura e fertilizava as alimárias”.

(o homem e os animais, porcos-do-mato, caititús, numa fazenda que os cria para vender a carne a restaurantes)

Na lei dada a Moisés, entre os Dez Mandamentos, consta este (Êxodo 20:8-11) : “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou”.

Porém, a arqueologia desenterrou da antiga Babilônia informações sobre a adoração da deusa Istar, a Lua: “Durante a Lua cheia acontecia a ‘indisposição’ de Istar e ela quedava quieta. Este período chamava-se sabattu, repouso, e era considerado nefasto, o que fazia os antigos caldeus evitarem viagem, negócio, trabalho e até cozinhar alimentos. Neste mesmo interdito incorriam as mulheres menstruadas. Com o tempo o repouso evoluiu para uma obrigação semanal e não mais mensal”.

Sobre as leis que proibiam a mulher menstruada de se envolver com um homem, o livro diz (p. 75): “Um motivo para este tabu envolvia a evolução dos povos. Sem essa salvaguarda, tornar-se-ia impossível o desenvolvimento moral dos homens e mulheres; representava a libertação da relação sexual do domínio absoluto do instinto animal”.



publicado por joseadal às 03:28
Terça-feira, 09 de Julho de 2013

A gente que anda na roça ainda vê muito disso: as pessoas, sentadas ou andando, voltadas para dentro de si mesmas, refletindo.

Mas no mundo citadino nossos ouvidos e olhos são invadidos por milhares de informações e não se tem tempo de ouvir nossa própria voz interior.

- Zé, de que adianta falar isso, não tem mais jeito, o mundo é assim.

O filósofo Miguel Batista Pereira, explicando Heidegger nos ensina o seguinte, lia agora mesmo: “O diálogo, é sem fim: nenhuma palavra é a última nem a primeira, toda a palavra é o diálogo vivo dos homens”.

Aí está: quando ouvimos ou lemos um noticiário é preciso dialogar. Não se pode ficar passivo sendo ‘emprenhado pelos olhos e ouvidos’. Agora veja o que é dialogar: “De fato, “ser-em-diálogo” significa "ser-para-além-de-si”, pensar com o outro e regressar a si como a um outro. Compreender é sempre compreender de outro modo e não fixar-se numa identidade cristalizada”.

No diálogo não se pode, também, fingir ouvir, ou ouvir para agradar, é importante “pensar com o outro”, trocar ideias mesmo se só o outro fala. O resultado é que na permuta de conhecimentos “regressa-se a si mesmo como a um outro”, com nova compreensão.

Aí, ele diz: “Compreender significa na etimologia alemã [Heidegger era alemão] representar a causa de outrem perante o tribunal ou, na Hermenêutica heideggeriana, é a capacidade de o homem se colocar no lugar do outro, não para uma repetição estéril, mas para dizer o que aí compreendeu e o que tem a dizer sobre o assunto”.

Quando estou andando de bicicleta e ouço Fabiano elogiar Dilma, a presidenta, ou MP massacrá-la sem piedade, ouço, mas também penso. Eles nem sabem, mas enquanto falam estou compreendendo, “representando a causa de outrem perante o tribunal”. Não, não fico defendendo ou acusando a presidenta, fico defendendo meu ponto de vista. Mas não para “fixar-me numa identidade cristalizada”. Não, precisamos absorver com crítica. Quem sabe se o que nos dizem não muda um pouco a nossa posição. Lembremo-nos, estamos aqui, neste mundo, para participar do “diálogo vivo dos homens”.



publicado por joseadal às 22:44
Segunda-feira, 08 de Julho de 2013

Você sabe bem o que é, pelo menos age como se soubesse. Como diria a mãe da roqueira na música de Rita Lee, “esse tal de rock and roll”. Sim você tá careca de saber.

– Zé, vê-se bem como tua ampla calvície te incomoda e aparece no teu texto.

Estou falando de niilismo .

- Claro que eu sei o que é, mas diz aí qual é tua opinião sobre niilismo.

Estava lendo agora mesmo, pra começar bem o dia, em Hermenêutica e Desconstrução (p.29): “É que o Deus da Religião foi morto pela Metafísica a que se havia aliado. Por isso, o niilismo é a degradação dos antigos valores, já incapazes de vivificarem o homem e de transformarem o mundo e a experiência humana emancipa-se destes quadros formais, que se não adequam às realidades do tempo”.

Está aí, neste estudo feito por Heidegger: “o niilismo é a degradação dos antigos valores”. É a "experiência humana de emancipar-se”, de não precisar dar mais obediência a ninguém. Isto pode se dar, também, numa mera rebeldia de um filho para com seus pais. Belchior traduziu isso tão bem em Como Nossos Pais. Quem está impregnado do niilismo, da desconstrução de tudo, costuma falar assim, afrontosamente:

"Você pode até dizer

 Que eu tô por fora

 Ou então

 Que eu tô inventando...

Mas é você

 Que ama o passado

 E que não vê

 É você

 Que ama o passado

 E que não vê

 Que o novo sempre vem...”

O niilismo é uma descoberta tão profunda que revolta e faz o homem ou o jovem ficar até meio paranóico.

“Por isso cuidado meu bem

 Há perigo na esquina

 Eles venceram e o sinal

 Está fechado prá nós

 Que somos jovens...”

E o niilismo pode chegar a este ponto tão ingrato, in-gra-to, INGRATO.

“A morte de Deus é a queda de uma ilusão do homem, semelhante ao processo sideral segundo o qual a irradiação aparente de um astro extinto há milhares de anos brilha ainda. Apesar deste luzir não passar de pura aparência. E esta imagem metafísica invadiu o discurso teológico do Cristianismo e a verdade dogmática já não é a interpretação de uma experiência comunitária mas uma representação anquilosada situada no céu translúcido das ideias, que é, simultaneamente, uma consequência e uma forma de niilismo”.

(estava fazendo uns 9° quando passamos pedalando aqui e, igual a um niilista, vi só a teia de aranha cheia de gotinhas do sereno)

Ver tudo como estando anquilosado, velho de dar dó, é terrível porque leva a isso: “renegando os valores metafísicos, redirecciona a sua força vital para a destruição da moral. No entanto, após essa destruição, tudo cai no vazio”.

Está pronto para cair no vazio? Ou vai repetir tudo, como cantava Elis Regina:

“Minha dor é perceber

Que apesar de termos

 Feito tudo o que fizemos

 Ainda somos os mesmos

 E vivemos

 Ainda somos os mesmos

 E vivemos

 Como os nossos pais...”

E aí restará o arrependimento, ar-re-pen-di-men-to, ARREPENDIMENTO, que dói muito, ainda mais se com quem a gente foi ingrato já morreu e não se pode ajoelhar diante dele e dizer chorando: Me perdoa, eu não sabia o que fazia.



publicado por joseadal às 12:43
mais sobre mim
Julho 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
12
13

14
15
16
18
19
20

22
23
26
27

28
29


pesquisar neste blog
 
tags

todas as tags

subscrever feeds
blogs SAPO