Uma mulher vê as coisas diferente de um homem. Quando fala usa expressões e aborda coisas que escapam a ele. Quando escreve, percebe-se que as ideias são colocadas com gestos feminis e cheio de curvas, como é o corpo dela. É o que se nota nessas palavras de Santa Tereza D’Ávila,
em Moradas Interiores (p.83), onde ela fala de uma revelação:
“Entre estas coisas, a um tempo penosas e saborosas, dá Nosso Senhor algumas vezes uns júbilos estranhos, que a alma não sabe entender o que é. Para que, se vos fizer esta mercê, O louveis muito. É, a meu parecer, uma grande união das potências naturais com as espirituais que Nosso Senhor lhe deixa com liberdade para gozar, sem entender o que é que goza e como o goza. Parece isto uma algaravia, mas certo é passarem-se assim as coisas. É um gozo tão excessivo da alma, que ela não quereria gozá-lo a sós, senão dizê-lo a todos, a fim de a ajudarem a louvar a Nosso Senhor, pois para isto vai todo o ímpeto. Oh! que festas e que demonstrações faria se, pudesse, para que todos entendessem o seu gozo! Parece que se achou a si mesma, e como o pai do filho pródigo, quereria convidar a todos e fazer grandes festins, por ver a sua alma em estado que não pode duvidar que está em segurança, ao menos por então. E tenho para mim que é com razão; porque tanto gozo interior do mais íntimo da alma, e com tanta paz e contento, incita aos louvores de Deus”. (bougainvilles prisioneiras, em São José do Turvo)
Quando Deus, o Criador, nos toca por meio de Jesus, Seu Filho, sentimos todos os motivos para falar aos outros, quase a importuná-los. Como mulher cheia de sensibilidade, Santa Tereza, diz: “Oh! que festas e que demonstrações faria se pudesse”.
Um outro trecho de Em Jerusalém, do poeta Tamim al-Barghouti:
"Em Jerusalém contradições serenam;
milagres não são negados, são palpáveis.
Em Jerusalém, se apertar a mão de um ancião,
ou tocar numa velha edificação, verá,
que em sua palma um poema foi gravado.
Em Jerusalém, apesar ds seguidas desgraças,
há incência no ar, ao vento, entre duas balas".