“Uma investigação científica é uma jornada muito especial. Anda-se lentamente, de olhos e espírito abertos. Tem-se de romper caminho através de muitos obstáculos, sem se ressentir com o trabalho e a frustação”.
Estas são palavras de um paleontologista que é sacerdote católico e pertence à ordem dos jesuítas. Estão na p. 216 do livro As Sandálias do Pescador. Ele parece meio dividido entre a fé a ciência.
“Tornei-me sacerdote porque acredito ser a relação entre Criador e criatura a única primordial e perfeitamente duradoura. Mas o estudo me mostrou que o homem é um tipo muito especial de ser que só pode existir por um encontro de muitos fatores favoráveis num determinado tempo e espaço. O seu passado recua até um ponto em que o perdemos de vista, envolto em acontecimentos nebulosos. O universo não é estático, encontra-se num processo constante de transformação, em um estado de perpétua gênesis. E o homem, inserido nele vive um estado de vir-a-ser. Por milhões de anos o Cosmo está em movimento, diversificando-se para o surgimento da vida e o advento da consciência. No mundo mineral houve um momento em que uma mutação transformou o que não tinha vida num micro-organismo vivo. Então, as formas primitivas de vida se espalharam e a multiplicidade deu ensejo a miríades de combinações. No entretanto, o impulso principal era sempre para melhorar e para produzir um cérebro cada vez maior, para o surgimento do homem e daquilo que nele culmina, a consciência”.
É um servo de Deus falando da evolução, ao invés de criação. Mas sua fé o faz concluir assim: “Se o homem, como centro desse universo, não é um plano de um Criador, então todo o Cosmo é uma blasfêmia. Não pode estar longe o dia que os homens compreenderão ter apenas uma alternativa: ter fé ou se suicidar”.
Ele cita, então, algumas palavras de Paulo, o apóstolo, escrita para os cristão da cidade de Colossos: “É o prazer de Deus que tudo habite nEle e nEle se recupere, assim na Terra como no Céu, para que em união com Ele todas as coisas ganhem paz”.