Terça-feira, 29 de Outubro de 2013

Vez por outra levantam-se vozes contestadoras. O economista Serge Latouche é uma dessas.

Ele defende o decrescimento, que novidade é essa? “Atualmente, a crise que estamos vivendo vem se somar a muitas outras, e todas se misturam. Já não se trata de uma crise econômica e financeira, mas é uma crise ecológica, social, cultural..., ou seja, uma crise de civilização. Alguns falam de crise antropológica...”.

Ora, a vida nunca esteve mais tranquila e as doenças tão controladas, por que dizer que a humanidade está em perigo? Ele fala daquilo que gosto tanto, andar de bicicleta: “O capitalismo sempre esteve em crise. É um sistema cujo equilíbrio é como o do ciclista, que nunca pode deixar de pedalar, caso contrário, cai no chão. O capitalismo sempre deve estar em crescimento, caso contrário é a catástrofe. Há trinta anos, desde a primeira crise do petróleo, temos pedalado no vazio. Não houve um crescimento real, mas um crescimento da especulação imobiliária, das bolsas. E agora esse crescimento também está em crise”.

Ele explica que decrescimento não é a mesma coisa que crescimento negativo. Cada vez chegam mais homens e mulheres ao mercado de trabalho, é preciso alocar essa gente. Se há estagflação não se cria postos de trabalho. O decrescimento foi formulado pelo economista romeno Nicolas Georgescu-Roegen, que ensinava: “Como atesta os conceitos da física, como a segunda lei da termodinâmica, nem todo o progresso tecnológico possível seria suficiente para contornar as principais características de finitude e de esgotamento inerentes aos recursos naturais e à terra arável”.

Então Serge afirma: “É preciso trabalhar menos para ganhar mais, porque quanto mais se trabalha, menos se recebe. É a lei do mercado. Se você trabalha mais, aumenta a oferta de trabalho. Quanto mais se trabalha, mais se provoca a baixa dos salários. É necessário trabalhar menos horas para que todos trabalhem, mas, sobretudo, trabalhar menos para viver melhor. Isto é mais importante e mais subversivo. Temos ficado doentes, toxicodependentes do trabalho. E o que as pessoas fazem quando lhes reduzem o tempo de trabalho? Assistem televisão, o veículo para a colonização do imaginário”.



publicado por joseadal às 17:38
Domingo, 27 de Outubro de 2013

“O homo sapiens surgiu há cerca de 200 mil anos, no período interglacial do Pleistoceno Médio. Houve a tendência entre os homo erectus de expansão craniana e do desenvolvimento da tecnologia na elaboração de ferramentas de pedra”,

http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_humana.

Para os espiritualistas foi então que os animais ficaram prontos para receber um espírito e se tornar uma alma. Em um dia muito especial neste planeta, uma mulher da raça homo erectus teve um filho diferente, com progressos físicos, temporais, e com uma mesclagem com seres de outro mundo, o céu. Logo nasceu uma menina com os mesmos traços e em pouco era uma tendência predominante. Casaram-se entre si e a raça sapiens multiplicou-se. Havia neles um impulso, o sentimento profundo de gerarem filhos. A Bíblia diz que o Criador de tudo inseriu este desejo neles, como uma ordem: “E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a” (Gênesis 1:28). No livro Mitologia Grega, do professor Junito Souza Brandão, diz que os humanos atribuíam esse desejo de procriar a uma deusa. Representavam-na com os quadris largos, seios fartos e bastante gordura para gerar e alimentar a prole.

Mas por volta do ano dois mil a.C a deusa passou a ser vista de outra forma, uma em que a beleza se destacava mais do que a fertilidade. Ela ganhou o nome de Afrodite.

Diz o livro (p.234): “Inicia um grave conflito entre a nova Afrodite e a Grande Mãe. A rivalidade acontece porque homens e mulheres negligenciam a perpetuação da espécie pela busca do puro prazer. A contemplação pura da beleza contraria inteiramente o princípio representado por Afrodite em que ser bela era apenas o meio de atingir um fim, a fertilidade. A beleza, a sedução e o prazer outorgados por esta deusa são poderosas armas de que dispõe o mundo celestial para realizar a multiplicação da espécie”.

   

Mas os tempos são outros. O planeta já tem gente saíndo pelo ladrão. E por uma elaboração física as mulheres estão mais belas que nunca. Pelo conceito antigo estariam mais belas para incitarem a geração de mais filhos, mas se essa finalidade se esgotou, resta só o prazer de ter prazer?



publicado por joseadal às 23:29
Sexta-feira, 25 de Outubro de 2013

Quando se começa um empreendimento se deve planejar bem. Mas como imaginar, no início, que uma atividade vai se tornar mundial? Como prever, tendo apenas uns poucos colaboradores, que um dia o negócio envolverá embaixadores e advogados de direito internacional? Foi o que se desenvolveu daquela pequena reunião de treze homens, na qual seu líder disse: “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mateus 16:17-19).

O livro de Henry Morton Robinson, O Cardeal, nos leva a uma reunião dentro do Vaticano, onde um funcionário de alto nível conversa com um que inicia nova função: “A Congregação dos Negócios Eclesiásticos devota-se a manter relações amistosas entre a Santa Sé e as nações soberanas do mundo. A Igreja acomoda-se a todas as formas de governos contanto que os direitos de Deus e da consciência cristã de cada criatura sejam ressalvados. Quero deixar-lhe claro que a política interna desses governos, seus tratados comerciais, diplomáticos e militares com outras nações, não interessam ao Vaticano a não ser que ameacem o livre exercício da fé cristã”.

Aquela incipiente atividade dos doze homens que acreditaram no propósito de seu Instrutor era, então, completamente despojada - “E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara. Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforje, nem alparcas” (Lucas 10:2-4) - tornou-se extremamente complexa.

Em outra reunião discute-se os interesses da “firma” na Polônia: “O Cardeal leu atentamente o relatório e disse aos seus assistentes com vozeirão grave: Informa o núncio apostólico de Varsóvia que o governo comunista mandou desbaratar uma procissão, que três igrejas foram incendiadas e sete escolas católicas foram fechadas no país. Não preciso dizer-vos que a Constituição Polonesa de 1919 foi rasgada pelos sovietes. É desejo do sumo Pontífice que seja apresentado um protesto enérgico ao embaixador junto à Santa Sé apontando as cláusulas da Constituição que dão garantias explícitas à Igreja de inteira liberdade de culto e de ensino. Na hipótese de não produzir resultados o Santo Padre está disposto a enviar um legado à Varsóvia”.

Que instituição imensa se tornou a pequena congregação que tinha Pedro como representante da pedra fundamental.  



publicado por joseadal às 12:05
Quarta-feira, 23 de Outubro de 2013

Dá pra ouvir um instantinho? Clique no link aí.

http://letras.mus.br/engenheiros-do-hawaii/12886/

Em 29 de abril de 1975 foi encerrada a guerra do Vietnã. Durante todo conflito a província de Nhatrang, a 450 km ao norte de Saigon, teve como bispo católico o vietnamita Francisco. Nos dias que se ultimavam o fim das batalhas, João Paulo II designou-o como arcebispo coadjutor de Saigon. O governo mudou e agora era comunista. No dia 15 de agosto, dia da Assunção da Mãe de Jesus, Francisco foi preso. Passou 13 anos em prisões terríveis. A expressão “sofreu como um condenado” foi real para ele.

Em 1997 ele escreveu o pequeno livro Cinco Pães e Dois Peixes, nele aprendi uma coisa espetacular, e olha que só comecei sua leitura com Lili. Esta visto que ele comenta o milagre da multiplicação dos pães. Jesus alimentou mais de 10.000 pessoas com peixes e pão. Ele não tirou todo aquele alimento do ar. Francisco lembra o que João contou (6:5-11): “E um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe: Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos?”

Então, Francisco diz: “Ficava embaraçado quando solicitado a contar minha experiência. Não é belo falar de si mesmo. Mas depois me recordei das palavras de Santa Verônica: ‘Agora entendo que a minha vida não pertence a mim, mas totalmente a Deus e Ele pode dispor dela como quiser, para o bem das almas'. Então ofereço sete experiências de minha vida, são como os cinco pães e os dois peixes. É nada, mas é tudo o que tenho. Jesus fará o resto em dom e mistério”.

 

Faça isso, conte suas experiências ao vento e deixe-as cair nos corações.



publicado por joseadal às 01:04
Sexta-feira, 18 de Outubro de 2013

Pegue essas peremptórias palavras, rodeie-as pelos seus neurônios e seja contra ou a favor. Quer dizer compreenda-as ou não. Em momentos diferentes da vida se aceita bem, noutros não e tempos depois se vê o valor delas (Lucas 14:26).

“Se alguém vier a mim, e não se desapegar de seu pai e sua mãe, da mulher e dos filhos, dos irmãos e das irmãs, e ainda também da sua própria vida, não pode ser meu discípulo”.

Quando era um jovem pai de família, fiz questão de me afastar dos meus pais – tanto da vizinhança deles como da firma da família – por uma razão profissional, mas no fundo vejo hoje que o principal motivo era me libertar deles.

No livro de São Afonso de Ligório que explica ser a descrição das qualidades da caridade ou do amor feitas por Paulo em 1 Coríntios 13, primeiramente do ágape, o amor a Cristo, ele interpreta esse trecho “não busca os seus interesses” com este significado: “Para se chegar a uma perfeita intimidade com Deus, é necessário um desapego total das criaturas, das afeições paralisantes aos nossos parentes”.

Difícil de aceitar? Mas lendo sobre o mito de Psique no livro Mitologia Grega, encontrei uma razão consistente para esse desapego a alguém muito próximo. A jovem Psique vive com seu marido Eros só durante a noite e no escuro, sem vê-lo. O livro interpreta, assim: “Ela se rendera por completo à escravidão sexual do amante. Um poeta descreve assim seu estado de alma: ‘antes morrer cem vezes que perder tão doce amor do meu marido’. É um estado de desconhecimento e cegueira”.

Esse mitologema explica em parte o comportamento das mulheres que sofrem as mãos de seus maridos e não conseguem se separar. O forte amor espiritual tem a capacidade de fazer a mulher emergir dessa situação e cortar tais laços paralisantes.

“O drama de Psiqué é a busca da individuação, que sempre dói muito, porque é um parto, um corte num pacto, sempre extremamente difícil”.  



publicado por joseadal às 12:33
Quarta-feira, 16 de Outubro de 2013

Há dias venho lendo A Origem da Arte. Nele Martin Heidegger tenta explicar o que torna uma obra um objeto artístico (está em espanhol). "Teniendo en cuenta la delimitación de la esencia de la obra, según la cual en la obra está en obra [em produção] el acontecimiento de la verdad, podemos caracterizar la obra en obra como el dejar que algo emerja".

Quer dizer o mestre filósofo alemão que uma obra - uma música, uma pintura ou algo escrito - é arte quando não revela tudo, deixa algo só transparecer e nos faz pensar, refletir. Quando um artista vai construíndo artesanalmente um objeto, o dom denominado arte faz emergir dele símbolos, beleza e verdade:

"El llegar a ser obra de la obra es una manera de acontecer la verdad. En la esencia de la verdad reside todo".

Uma pintura, um poema ou uma escultura quando é uma obra de arte tem a capacidade de nos ensinar um tanto, um aspecto, da verdade. Nos versos de Vinícius de Morais:

"posto que é chama,

mas que seja infinito enquanto dure",

ensinou à geração que viu surgir o rock' roll, e que vivia cheia de culpa - por ter jurado amor eterno e passado pela dura realidade da separação - o que era verdade quanto ao amor romântico. Assim é a arte, desvenda.



publicado por joseadal às 12:15
Terça-feira, 15 de Outubro de 2013

Pierre Edouard Léopold Verger (1902-1996) foi um etnólogo e antropólogo francês, além de um excelente fotógrafo internacional que, na África, foi atraído a pesquisa dos cultos afros aos orixás.

Escreveu um livro com este título, que estou lendo aos poucos. Na maior parte do tempo ele faz descrições de cerimônias que não interessa a muita gente. Mas este trecho vale a pena lhe mostrar:

“No novo mundo, como na África, nem todas as pessoas que procuram a proteção dos orixás entram, obrigatoriamente, em transe de possessão, da mesma maneira que nem todos os católicos ou protestantes tornam-se padres ou pastores. O transe de possessão é uma forma de comunhão entre o crente e o seu deus, não sendo dada a todo mundo a faculdade de experimenta-la. Os que são chamados a se tornar Filhos ou Filhas de santo devem passar por um período denominado impropriamente de “iniciação”. Dizemos impropriamente, pois não lhes são revelados segredos. Fazem-lhes, sim, reencontrar certo comportamento, aquele atribuído a seu deus”.

Tem a ver com a mesma preferência que faz um homem ser devoto de São Jorge e outro de São Pedro. São parecenças da personalidade do crente com um outro que alcançou uma posição venerável em outra vida. Mas, aqui, Verger mostra uma coisa sobre a mente de todos nós:  

“A iniciação não se faz no plano do conhecimento intelectual, consciente e aprendido, mas em nível mais escondido, que vem da hereditariedade adormecida, do inconsciente, do informulado. Todos os seres humanos possuem, em potencial, numerosas tendências e faculdades que ficam em estado de vigília. As experiências vividas por um indivíduo, o exemplo dos mais velhos, os princípios inculcados pela educação, a censura do meio social, fazem com que apenas algumas dessas tendências e faculdades possam expandir-se, resultando daí a criação de uma personalidade aparente, diferente daquela que ele poderia ter tido, se o acaso o tivesse colocado num meio onde os valores morais e os princípios admitidos tivessem sido diferentes”.

Pedalando com o amigo Márcio Lemos, no domingo passado, ele comentava o filme Alta Frequência, em que o personagem de Dennis Quaid, avisado por um informante do futuro, faz uma escolha diferente da que fez, ou teria feito. Comentei com o amigo que acho ser assim a Onisciência do nosso Criador. Ele não só sabe tudo o que farei, mas tudo o que poderei fazer e assim sabe o nosso futuro, mas respeitando nosso livre arbítrio de escolher. Verger fala desse outro, eu sou, que aguarda dentro de nós.

“A iniciação consiste em suscitar, ou melhor, em ressuscitar no noviço, em certas circunstâncias, aspectos dessa personalidade escondida; aqueles correspondentes à personalidade do ancestral divinizado, presente nele em estado latente (mesmo sendo só em razão dos genes herdados), inibidos

e alienados pelas circunstâncias da existência levada por ele até essa data. Ou, talvez se trate de um arquétipo de comportamento, reprimido até então, que possa se exprimir num transe de libertação”.



publicado por joseadal às 13:09
Sábado, 12 de Outubro de 2013

Em minha casa tenho três pias de mármore e uma de louça, mas já morei, na Bahia, em uma meia água com uma minúscula pia e me vendo num espelho pequeno pendurado de um prego. E foi uma época muito feliz de minha vida com a esposa e filha. Aquela penúria teria sido perfeita não fosse uma crise espiritual que eu atravessava. Digo isso porque fiquei refletindo nessa passagem do livro que eu estou lendo (p. 191):

“ – Hercule afirma que com a ajuda de mais alguns amigos poderia abater nos próximos meses muitos pinheiros e fazer tábuas que renderiam algumas centenas de dólares.

- Para que nos metermos no negócio de madeira?

- Para quê? – tive vontade de dizer: para se arranjar algum dinheiro para tornar a igreja mais decente, pois está em condições miseráveis, e para se ter pão na despensa e carne na mesa! Mas a serenidqade abnegada que via nos olhos do padre Ned me amainou o entusiasmo.

- Obrigado pela sugestão, padre.

E nada mais disse. A maneira gentil com que aquele ponto final foi colocado no assunto me comunicou uma verdade espiritual mais profunda do que conseguiria aprender com São Francisco de Assis. Percebi que o pároco possuía uma confiança serena e autêntica em bens que ladrões não podem levar nem a ferrugem corromper. Era um homem que se recusava corajosamente a sobrecarregar sua alma com tesouros perecíveis”.

Mais adiante, nessa história, vi que as coisas foram se arrumando devagar, não no tempo que o jovem padre queria, mais no tempo sem pressa  e sem a competição mundana que é o de Deus.



publicado por joseadal às 13:26
Sábado, 12 de Outubro de 2013

Olhe em volta de si esse modo maravilhoso de viver da sociedade moderna. Tanta fartura, produtos novos surgindo a cada instante, uma montanha de informação e distrações para todos os gostos. Fabuloso! Mas não para mim e talvez também não para você. Tem um perigo aí. Estava lendo a exposição do filósofo Heidegger sobre esses tempos espetaculares. Ele diz que o perigo é sermos incluídos neste torvelinho que não nos deixa pensar e refletir e quer tornar a todos iguais, sim, felizes moradores desse mundo consumista:

“Em sua preocupação com a mediania, esse sistema opõe-se a toda exceção e originalidade, a gente, eu. E exerce uma regulação niveladora, nos obriga a viver como um ser-público, com uma identidade cotidiana que se mantém independentemente da cultura e do momento histórico.”

O mundo dos shoppings cheios de gente e da mídia que martela nossas cabeças com a ordem de compre, compre, tem por objetivo nos manter numa manada.

“A palavra solicitude realça a permanente diferença insuprimível de um (eu ou você) em relação aos outros. Esta é uma distância que vai aumentando quanto mais se empenham em eliminá-la. Por força desse empenho os outros nos englobam subtraindo-nos a nós mesmos. O poder-ser próprio de cada pessoa se transfere aos outros. Esse todos, torna-se uma potência estranha e anônima que nos domina, e nos coloca sob o senhorio dos outros. Esse senhorio dos outros é justamente uma forma de alienação”.

Não pense que está todo mundo certo e só você - que vê a tolice dessa vida onde se corre igual a um hamestr sem podermos parar para pensar - está errado: quem sou, como vim parar aqui e para onde vou depois da morte. Como disse o filósofo: “o ser-si-mesmo é um poder pessoal que se conquista vencendo o domínio do ser-em-comum”.



publicado por joseadal às 01:55
Terça-feira, 08 de Outubro de 2013

Qualquer que seja a atividade que uma pessoa escolha e desempenhe, há o momento em que bate uma profunda decepção.

No livro de Henry Morton Robinson que estou lendo o personagem passa por esse questionamento:

“’É esse, então, o alto mister  que me dediquei? São esses os labores que tenho de efetuar até o fim de meus dias?’ Sobreveio-lhe imenso desgosto por tudo quanto se referia aos seus encargos. Inteiramente masmarado, querendo fugir dessa realidade, ficou parado sob o toldo de uma mercearia. Onde poderia ir? Ainda era cedo e ele tinha muitas visitas para fazer. Todavia, onde encontrar vontade para fazer o trabalho? Um bonde parou para recolher passageiros e ele subiu, sentou-se a sombra e deixou que a aragem lhe refrescasse o rosto suado. O bonde estava quase vazio e sentado a janela via a cidade passar até que chegou ao ponto final, era um subúrbio semirrural. Lembrou-se que ali perto havia um  pequeno lago. Encaminhou-se para lá e circulou a margem. Chegando a um ponto sombreado sentou-se na areia grossa. Pensou na frase, “livre como um passarinho”. Como era tentador para os seres humanos decepcionados com a vida o desejo de se transfigurar em objetos da natureza, completamente livres da triste condição humana. Ocorreu-lhe uma preleção de um professor: 'Esta, meus amigos, é uma crise clássica que se repete sempre, mesmo na vida dos grandes místicos. O espírito verdadeiramente iluminado persiste em sua busca, mas o corpo vencido pelo cansaço do mundo afunda no desespero. Nesse momento, pense no exemplo de Jesus. Tendo caído pela primeira vez, pela tortura que vinha passando desde a madrugada, se tivesse se permitido ficar ali no chão vencido pela tentação de que seu trabalho era uma futilidade, não teria carregado a cruz até o fim para morrer por nós. No meio da vossa angústia, pedireis que Deus vos envie um sinal, qualquer raio de luz em meio a escuridão em que estás. Lamento asseverar que sinais como a sarça ardente de Moisés, não se entremostram mais como nos tempos dos profetas'. Ele tirou a roupa e entrou no lago. Mergulhou e nadou. Quando voltava, sentindo os seixos redondos sob os pés, viu que um lírio aquático se prendera a seu punho. Ele olhou a flor e disse: 'É um signo, um sinal de que Deus está comigo e me segura pelo mão'”.

Não há remédio melhor na depressão do que sair do meio do burburinho de gente e procurar nosso Criador em meio a sua obra: a beira de um riacho, num pedacinho de bosque ou num alto de morro. Olhe sempre para cima, além dos telhados das casas, apenas obras humanas, mas para o céu azul recamado de nuvens brancas.     



publicado por joseadal às 13:04
mais sobre mim
Outubro 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11

13
14
17
19

20
21
22
24
26

28
30
31


pesquisar neste blog
 
tags

todas as tags

subscrever feeds
blogs SAPO