Quanto mais vivemos menos nos acostumamos as mudanças do mundo. Mas tudo está sempre evoluindo. Estou lendo um livro antigo, de 1950, O Cardeal, do norte-americano Henry Morton Robinson. Fala de uma família de irlandeses muito católicos, em Boston, com um filho padre e uma filha freira.
Em certo trecho, conta: “Queridos pais e irmãos, sei que todos me acompanharão na minha alegria, estou me preparando para meus primeiros votos daqui a breves dias”. É o começo de uma carta da filha lida pelo irmão padre que visita a família. A mãe diz:
“- Tomara que a saúde dela não se ressinta. Ter que andar descalça no chão frio e passar por longos jejuns...
-Mamãe, a pessoa mística é o ser mais resistente que pode existir. Santa Teresa [1515-1582] que reformou a Ordem das Carmelitas, escrevia muito, administrava vários conventos e construía outros num estado de tamanha fraqueza que tinha de ser carregada sobre um lençol.
- Deve ter sido uma mulher muito piedosa. Meu filho por que hoje em dia não temos santos assim?”
Esse é o fator tempo que muda o mundo e as pessoas nele. O jovem padre, diz:
“Parece que a santidade caiu agudamente por volta de 1400. Uma razão, tem Petrarca [1304-1374] como exemplo.
Ele escreveu poemas louvando uma mulher, um amor terreno ao invés de decantar as atitudes espirituais dos homens e mulheres, como era mais comum. Começou, então, a prevalecer uma nova ordem de valores”.
Mas veja bem, as mudanças para um pensamento mais voltado para esta vida começaram antes de surgir uma mulher devotada como Santa Teresa D’Ávila. E quantos homens e mulheres, desde então, passaram pela Terra vivendo uma vida exemplar de doação! Então, o tempo muda, mas há coisas que não mudam nunca.