Terça-feira, 26 de Novembro de 2013

“Fica-se às vezes tentado a indagar qual o destino que espera nossa civilização e quais transformações está fadada a experimentar”. Quem disse isso foi Sigmund Freud no ensaio O Futuro de uma Ilusão. Mas, cético como era não se permitiu continuar divagando sobre o que há de vir.

“Logo, porém, se descobre que, desde o início, o valor de uma indagação desse tipo é diminuída por diversos fatores, sobretudo pelo fato de nenhuma pessoa poder abranger a atividade humana em toda a sua amplitude. As pessoas são obrigada a restringir-se a somente um ou a alguns de seus campos de conhecimento. Entretanto, quanto menos um homem conhece a respeito do passado e do presente, mais inseguro terá de mostrar-se seu juízo sobre o futuro”.

A premonição ou o vislumbrar do futuro é, segundo Freud, apenas para quem tivesse a compreensão de todas as ciências humanas: desde biologia a estatística, de física quântica a newtoniana, dos detalhes minuciosos do passado de todas as gentes e do comportamento que a geografia e a meteorologia impõe aos povos. Para quem tem fé, só o Criador de tudo tem este conhecimento pois está o tempo todo conectado a tudo, e em todos os mundos. Se um supercomputador alimentado pelo gênio humano soubesse tudo de tudo talvez pudesse fazer uma profecia. Esbarraria, porém, segundo Freud, nas simpatias e crenças que o homem lhe transmitiria, e isto poderia desacertar a predição.

“E há ainda outra dificuldade em predizer o futuro: a de que precisamente num juízo desse tipo as expectativas subjetivas do indivíduo desempenham um papel difícil de avaliar, mostrando ser dependentes de fatores puramente pessoais de sua própria experiência, do maior ou menor otimismo de sua atitude para com a vida, tal como lhe foi ditada por seu temperamento ou por seu sucesso ou fracasso. Finalmente, faz-se sentir o fato curioso de que, em geral, as pessoas experimentam seu presente de forma ingênua, por assim dizer, sem serem capazes de fazer uma estimativa sobre seu conteúdo; têm primeiro de se colocar a certa distância dele: isto é, o presente tem de se tornar o passado para que possa produzir pontos de observação a partir dos quais elas julguem o futuro”.

 

Jesus, próximo de sua morte, e em companhia dos apóstolos mais achegados ousou profetizar e acertou no que disse (Mateus 24:15-21): “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo - quem lê, entenda - então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; e quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa; e quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes. Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias! E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado; porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver”.

Quase 40 anos depois os romanos puniram os judeus revoltados não deixando em Jerusalém pedra sobre pedra.

Mas Freud não tinha o conhecimento privilegiado do Filho e teve de concluir: “Dessa maneira, qualquer pessoa que ceda à tentação de emitir uma opinião sobre o provável futuro de nossa civilização fará bem em se lembrar das dificuldades que acabei de assinalar, assim como da incerteza que, de modo bastante geral, se acha ligada a qualquer profecia. Disso, decorre, no que me concerne, que devo efetuar uma retirada apressada perante tarefa tão grande, e com rapidez buscar a pequena nesga de território que até o presente tem reivindicado minha atenção, tão logo determinei sua posição no esquema geral das coisas”.



publicado por joseadal às 11:12
Domingo, 24 de Novembro de 2013

Incrível, mesmo com 70 anos nem parece que é comigo, a velhice. Mas já começo a sentir um dos sinais dela: a preocupação com os acertos de conta.

No livro que acabo de ler, O Cardeal, ele visita um amigo bem mais velho, um rico construtor de imóveis (p.588):

“- O que virá sobre você, Corny, é a paz de Deus.

- Para que eu desfrute dessa paz, Steve, um trabalho de prumo precisa ser feito em minha vida. Um empreiteiro está sempre sujeito a medonhas tentações. Muitas vezes não cumpri uma cláusula de um contrato, em outras passei por cima de especificações dos engenheiros. Meti mais areia no traço da massa e outras coisas assim.

- Acaso algum dia ruiu alguma das suas construções?

- A tanto nunca chegou, mas as lembranças dessas coisas me aflige o coração.

- A restituição faz sempre bem a alma.

- Não conservei anotações dessas coisas. Mas estive pensando, Eminência. Talvez eu pudesse construir um edifício sólido que abrigasse velhos decrépitos ou um hospital”.

 

A consciência, especialmente dos que chegam à idade avançada ou estão diante da morte, é um terrível artefato de tortura. Sobre o segundo caso estudei um fato impressionante com Lili. O livro O Leão que Ruge ao Longo do Caminho (p.70) fala de um momento de terrível dor de consciência: “Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo (Mateus 26:36-38). Lembre-se que naquele momento Jesus esava carregando os pecados de todos nós. E, com certeza era um fardo muito grande, mesmo para Jesus. Não importa que aquelas culpas não eram dele. Se estou carregando um pesado fardo, seja meu o seja teu, eu sinto o torturante peso dele. Jesus estava sentindo toda responsabilidade das más ações cometidas por todos os humanos. Naquele momento ele era o maior pecador que já existiu. A experiência de sofrer o aguilhão da consciência por muitos pecados é terrível”.



publicado por joseadal às 21:12
Quinta-feira, 21 de Novembro de 2013

Enquanto ando de bicicleta costumo cumprimentar as pessoas na rua ou nos quintais.

 

No pedal de domingo, 17/11/2013, em Santa Rita do Zarur desejei bom dia para uma jovem, mas ela não respondeu e continuou com a cara fechada. Pensei, comigo: nem todo o homem esta a fim de dar uma cantada. Depois, já tendo subido até Ribeirão de São Joaquim e descido para Quatis, tomando um refresco com pastel, comentei com a atendente: este nome tatuado em seu braço, de quem é, do marido? Ela respondeu ligeiro: não, esse nome é do meu filho, só o amor de mãe e filho é eterno.

 

Muitas mulheres são criticadas por confiarem ou tentarem consertar homens complicados e viciados, como a mãe do menino Joaquim que deixava o filho aos cuidados de um drogado. Essa situação foi abordada na Mitologia Grega, no drama de Psiqué. Tentando ganhar seu marido ela aceitou passar por três provas imaginadas por sua sogra Afrodite. A primeira era para ser impossível de realizar: durante as horas da noite e da madrugada ela devia separar de um monte os grãos de feijão, arroz, lentilha e milho. Um professor em psicologia, explica: “Ela devia organizar a promiscuidade e a confusão de Eros, seu marido. Precisava usar capacidades inconscientes para peneirar e separar os costumes e princípios errados que sua sogra ensinou ao filho”. Na lenda ela foi ajudada por uma correição de formigas, que para o psicólogo Erich Neumann simboliza um conhecimento intuitivo que as mulheres herdam. Então, tendo dentro de si esta pulsão de organizar, mesmo com tantos exemplos maus as mulheres continuam tentando arrumar a cabeça de seus homens.

 

Em tempo, duas observações sobre esse pedal: O jovem e impetuoso Wesley estava todo ralado, quiz saber porquê? O velho tombo da bicicleta que esta no acostamento e tenta voltar a pista mais alta. Pode matar, se um carro estiver passando na hora. Então, quando a bike descer pra valeta ou estiver no acostamento faça três coisas: diminua a velocidade, veja se a pista está livre e fechando o ângulo quase na perpendicular entre firme na pista.     

Ando de bike há 10 anos, mas de cinco anos para cá as chuvas de verão viraram trombas d'água. Os meteorologistas falam de "zona de convergência do Atlântico sul", o que trocado em miúdos diz que a evaporação mais forte no Atlântico, na altura do Equador, leva muitas nuvens para a floresta Amazônica que, cada vez mais desmatada, deixa a maioria delas passar, encontrar a cordilheira dos Andes e vir beirando-a até desaguar no sudeste. Desaguar mesmo, chuva pra dedeu. A foto mostra o resultado de uma chuvarada desta há poucos dias na serrinha de N. Sra. do Amparo. Desbarrancou a estrada e levou pontes.  



publicado por joseadal às 18:22
Domingo, 17 de Novembro de 2013

Você que é desta era pós-moderna é uma alma que não suporta o sofrimento. Se pudesse trabalharia menos e em ambiente bem refrigerado, torcendo para chegar logo sexta-feira para sábado ir a uma balada e domingo a um churrasco.

- Já consegui chegar neste ponto, Zé.

Santa Tereza D’Ávila diz em Castelo Interior:

 “Nem todas as almas serão, levadas por este caminho, ainda que duvide que vivessem livres de trabalhos cá da terra, de uma maneira ou doutra”.

Também me organizei de modo a ter uma vida tranquila, mas o sofrer veio me encontrar. A santa diz que o sofrimento não avisa quando vem (p.57):

“Se o entendessem antes, seria dificultosíssimo o poder sofrer, nem se resolvesse a passar por isso, por maiores bens que se lhe representassem, salvo se tivesse chegado à sétima morada; pois aí já nada se teme que seja de molde a impedir a alma de se arrojar deveras a sofrer tudo por Deus. E a causa é porque está quase sempre tão junto a Sua Majestade, que daí lhe vem a fortaleza”.

O sofrer conta com um aliado poderoso para nos derrubar: o nosso orgulho. Juntos são capazes de nos perder do amor de Deus (p.25):

“Por mais determinadas que estejam em não ofender o Senhor, semelhantes pessoas procederão com acerto, não se metendo em ocasiões de O ofender; porque, como estão perto das primeiras moradas, com facilidade poderão voltar a elas, porque a sua fortaleza não está fundada em terra firme, como os que estão já exercitados em padecer - estes conhecem as tempestades do mundo, e quão pouco têm a temer - e seria possível, com uma grande perseguição, voltarem de novo a eles. O demónio bem as sabe urdir para lhes fazer mal, e poderia suceder que, não pudessem resistir ao que a isto sobreviesse”.

Ainda assim, não invejo as baladas e os churrascos a que você vai.


tags:

publicado por joseadal às 15:43
Quinta-feira, 14 de Novembro de 2013

Quando, na escola, as crianças aprendem a respeitar os cultos afros tem perigo delas se envolverem com o demonismo ou paganismo?

Desde que nós humanos sapiens sapiens surgimos (fomos criados), também como crianças, tivemos de aprender a viver e conviver com as forças da natureza. Aqueles conhecimentos elementares foram ficando para trás, mas como os antropólogos percebem bem, os traços daquelas crenças ainda estão arraigados em nossa consciência de homens modernos. No livro do antropólogo francês Pierre Verger ele conta um caso interessantes:

Iemanjá, cujo nome deriva de Yèyémjá (“Mãe cujos filhos são peixe”), é o orixá dos Egbá, uma nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemjá. As guerras entre nações iorubas levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokutá, no início do século XIX. Evidentemente, não lhes foi possível levar o rio, mas, em contrapartida, transportaram consigo os objetos sagrados, suportes da divindade, e o rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemanjá.”

Os deuses ou orixás africanos, como na mitologia grega, reportam-se a importantes pessoas no passado perdido na bruma do tempo. Verger conta:

“Numa história de Ifá, ela aparece casada com o rei Olofin, com o qual teve dez filhos, cujos nomes enigmáticos parecem corresponder a outros orixás. Dois deles são facilmente identificados: Oxumaré e Xangô. Iemanjá, cansada de sua permanência em Ifá, foge mais tarde em direção ao Oeste. Outrora, o deus Olóòkun lhe havia dado, por medida de precaução, uma garrafa contendo um preparado dizendo: ’não se sabe jamais o que pode acontecer amanhã’. Olofin, rei de Ifé, lançou seu exército à procura da sua mulher. Cercada, Iemanjá, em vez de se deixar prender e ser conduzida de volta quebrou a garrafa, segundo as instruções recebidas, e um rio criou-se na mesma hora, levando-a para Òkun, o oceano, lugar de residência de Olóòkun”.

No berço da humanidade, a África, lá longe no passado, uma mulher que estava cansada de ter filhos e ser dominada pelo marido, foge, busca sua liberdade. Consegue se esgueirar naquela terra selvagem de feras enormes e de um exército de guerreiros e vai residir a beira do mar. Não é mesmo para ficar na memória dos homens como uma guerreira determinada e, num outro mundo, como a protetora dos que buscam sua liberdade e respeito próprio a todo custo?!


tags:

publicado por joseadal às 10:49
Quarta-feira, 13 de Novembro de 2013

“Mulheres norte-americanas, a vossa saúde está sendo destruída e a vossa felicidade comprometida pela conspiração encabeçada pelos padres, médicos retrógrados e imprensa vendida. Este cruel triunvirato vos mantém numa ignorância aviltante a respeito de vossa verdadeira natureza. Só quando a literatura a propósito da limitação da natalidade e os métodos que evitam a concepção estiverem nas mãos de todas as mulheres é que os riscos e perigos que acompanham a gestação de filhos indesejados estarão sob o controle de vocês”. Este artigo saiu publicado em fevereiro de 1928, em Boston, segundo o livro O Cardeal (p. 502).

A resposta do bispo católico romano, foi: “Amados irmãos, a graça especial conferida por Deus aos homens e mulheres pelo sacramento do matrimônio aperfeiçoa o amor humano e santifica tanto o esposo como a esposa. No mistério do matrimônio os cônjuges entregam-se um ao outro para consolo mútuo e para a propagação da espécie. Intervir neste mistério é uma ofensa contra Deus, uma afronta a natureza e a ruína do amor conjugal”.

Por volta de 1930 a população mundial era de 2 bilhões de indivíduos, mas por volta de 1960 ela havia dobrado, então os cientista começaram a falar em explosão demográfica. Limitar os filhos não era só uma questão de egoísmo dos casais, mas uma preocupação com o planeta e o futuro de seus filhos.

É inquestionável que a Igreja Católica Romana detém um “depósito de fé”, um imenso conhecimento filosófico e teológico sobre ética e a valorização da vida no planeta. Toda pessoa de bom senso respeita os cuidados dela em lidar com a vida humana; o desrespeito para com a vida pode gerar o caos e até o fim de nossa espécie. Assim, ela liga na Terra o que o grande Criador já decidiu em seu trono.

Porém, é por essas e outras que a objeção da Igreja aos meios artificiais de controle da fecundação me é incompreensível. E para você?    



publicado por joseadal às 00:45
Sexta-feira, 08 de Novembro de 2013

Para se ter uma boa visão de quem somos – muita gente acredita que somos os homo shopping – é muito bom volver os olhos para o passado. Ao invés de pensarmos em termos da idade humana, 80 anos, façamos um esforço para visualizarmos a idade da Terra: 4,5 bilhões de anos. O homem moderno para estudar todo este vasto tempo dividiu a história de nosso planeta em 4 Éons: equivalem a infância, adolescência, idade adulta e a senilidade. Cada uma dessas fases foi dividida em Eras e subdivididas em Períodos.

Um dia desses, querendo conhecer uma plantinha que vejo crescer em rachaduras de calçadas vim a conhecer as plantas angiospermas, as mais comuns em nosso planeta desde que nós, os humanos, aparecemos na Terra – ou fomos criados ou evoluímos, fica ao critério da sua crença.

- O que são as angiospermas, Zé?

São as plantas com flores e frutos. Antes delas existiram – ou foram criadas ou evoluíram, etc e tal – as gimnospermas, nas quais as sementes não ficam dentro de um fruto, como os pinhões. Descobri que as plantas que nos dão goiabas, tangerinas, maçãs, etc. começaram a aparecer nas camadas geológicas, que eram a superfície do planeta já na sua terceira idade. Começaram a aparecer num Período chamado Cretáceo Inferior e num Estágio denominado Barremiano, isto há 125 milhões de anos. Quando os dinossauros dominavam a Terra e os mamíferos, nos quais os humanos se incluem, eram muitos simples, meros ratos – mais ratos ainda não existiam.

- Como é que plantas começaram a produzir flores e frutos?

(foto tirada no sítio do amigo Nilson, em Valença, quando fomos lá pedalar e renovar a amizade)

Há os que entendem que necessidades inerentes aos seres vivos foram provocando modificações, adaptações e fixações. Outros acreditam com firmeza, como o mecânico João, presbiteriano convicto, que com as mãos sujas de graxa, na porta da oficina muito simples, na Beira Rio, disse-me olhando nos meus olhos: Deus fez o homem do pó da terra e a mulher tirou da costela dele. Neste caso, o amigo João que falou de como Deus lhe deu o dom de curar pessoas, diria: mas é evidente que foi Deus que fez a melancia e a pera, a jabuticaba e a graviola; sim, foi o Pai que fez as plantas que dão flores e frutos!

Mas temos uma terceira via: entender que Deus supervisionou a evolução das plantas porque já tendo em mente chegar aos homens, via logo que não se podia viver de nozes e castanhas.



publicado por joseadal às 00:54
Quarta-feira, 06 de Novembro de 2013

Jesus havia sido martirizado na Judéia a justos cem anos e suas palavras cheias de esperança já eram repetidas em Roma. O imperador neste tempo era Élio Adriano que passava por uma intensa dor com a perda de um ente querido. Na capital do mundo o cristão que à época carregava a missão que Jesus deu a Pedro chamava-se Quadrato que imbuído da vontade de evangelizar e com dó do poderoso homem mandou-lhe uma carta. Recorde-se, Naquele tempo não havia igrejas nem catedrais, os cristãos reuniam-se em simples casas. O livro Memórias de Adriano conta que Élio leu e comentou: "Acabara de mandar ordens aos governadores das províncias insistindo que a proteção das leis aplica-se a todo cidadão inclusive aos membros desta seita. Li a mensagem com total atenção. Custa-me crer que Quadrato esperasse fazer de mim um cristão. Mas teve a virtude de criar em mim curiosidade sobre a vida do jovem profeta chamado Jesus, assim encarreguei meu secretário de recolher informações sobre a vida do fundador desta seita que morreu vítima da intolerância judaica".

Que outras impressões causou a carta do cristão àquele homem culto e Senhor do mundo? Ele contou:

"Através da prosa trivial não deixei de apreciar o encanto daquelas virtudes de gente simples. No seio de um mundo que permanece insensível ao sofrimento essas pequenas sociedades oferecem aos desgraçados um ponto de apoio. Conversei muito esta noite com meu acessor para assuntos religiosos que se mostrou preocupado com a disseminação de seitas desse gênero entre a população. Depois, discutimos o que me pareceu a injunção máxima dessa religião: amai ao próximo como a ti mesmo. Conclui que é demasiado contrário a natureza humana para ser sinceramente obedecida pelo homem comum".

Para quem, como nós, nasceu e cresceu imerso na cultura cristã ler as opiniões e nos colocarmos no lugar de um homem da antiga religião pagã é um teste para nossa capacidade de continuar sendo um aprendiz.



publicado por joseadal às 00:05
Domingo, 03 de Novembro de 2013

O personagem do livro de Henry Morton Robson, visitando uma pequena cidade do Mississipe é agredido por uma malta violenta. Prostrado a beira da estrada é acordado por alguém sacudindo seu ombro.

“Abrindo os olhos viu um homem de chapéu de palha esgarçada, calças de algodão rasgada no joelho e sungadas por velhos suspensórios. O tipo exato do caçador malandro só lhe faltando a espingarda e os cachorros.

- Como é irmão, foi atacado por bandidos?

O tom bíblico da pergunta era inesperado. Pôs-se a remexer no alforge e tirou um pedaço de pão de milho e um naco de lombo de porco defumado.

- Trate de ganhar forças com isso, irmão.

- Preciso chegar a Racey. Sabe para que lado fica?

- Ora, tenho um serviço lá. Pretendia arrancar um molar de um freguês, amanhã. Mas acho que ele não objetará se fizer a extração hoje de tarde.

E enfiando a mão dentro do saco mostrou o boticão.

- Extrações sem dor e com um método que não dá infecção. E a preços razoáveis.

E examinando o moço com olho clínico, disse:

- Está um pouco machucado, hem irmão?

E de novo remexendo na bolsa de aniagem pegou uma lata.

- Esta é a pomada Tatspaugh, de minha fabricação. É um prodigioso bálsamo para cicatrizar cortes e escoriações. Quer que lhe passe um pouco?

Depois, enquanto seguia o andar precipitado do dentista e farmacêutico sua opinião sobre o povo bruto do sul se alterou bastante. Era sujo e analfabeto, mas possuía uma qualidade que não é apanágio de nenhuma classe social ou econômica: tinha um bom coração. Confirmou isso ao vê-lo abaixar-se colhendo ervas.

- São digitálicos e farão bem ao coração da pobre velha Fugitt.

E mais ainda quando soltou uma mula sarnenta que havia enroscado o cabresto num moirão de cerca. E com ele já havia andado dez vezes mais do que Jesus recomendou a quem presta ajuda. Ao despedir-se o moço quis lhe dar uma gratificação.

- Guarde seu dinheiro. No dia que não puder parar e levantar do chão o meu próximo, está na hora de bater as botas”.

“Se alguém te pedir para andar mil passos com ele, anda dois mil. Dá a quem te pede e não te desvies daquele que mendiga” – Mateus 5:41, 42.



publicado por joseadal às 23:17
mais sobre mim
Novembro 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
11
12
15
16

18
19
20
22
23

25
27
28
29
30


pesquisar neste blog
 
tags

todas as tags

subscrever feeds
blogs SAPO