O personagem do livro de Henry Morton Robson, visitando uma pequena cidade do Mississipe é agredido por uma malta violenta. Prostrado a beira da estrada é acordado por alguém sacudindo seu ombro.
“Abrindo os olhos viu um homem de chapéu de palha esgarçada, calças de algodão rasgada no joelho e sungadas por velhos suspensórios. O tipo exato do caçador malandro só lhe faltando a espingarda e os cachorros.
- Como é irmão, foi atacado por bandidos?
O tom bíblico da pergunta era inesperado. Pôs-se a remexer no alforge e tirou um pedaço de pão de milho e um naco de lombo de porco defumado.
- Trate de ganhar forças com isso, irmão.
- Preciso chegar a Racey. Sabe para que lado fica?
- Ora, tenho um serviço lá. Pretendia arrancar um molar de um freguês, amanhã. Mas acho que ele não objetará se fizer a extração hoje de tarde.
E enfiando a mão dentro do saco mostrou o boticão.
- Extrações sem dor e com um método que não dá infecção. E a preços razoáveis.
E examinando o moço com olho clínico, disse:
- Está um pouco machucado, hem irmão?
E de novo remexendo na bolsa de aniagem pegou uma lata.
- Esta é a pomada Tatspaugh, de minha fabricação. É um prodigioso bálsamo para cicatrizar cortes e escoriações. Quer que lhe passe um pouco?
Depois, enquanto seguia o andar precipitado do dentista e farmacêutico sua opinião sobre o povo bruto do sul se alterou bastante. Era sujo e analfabeto, mas possuía uma qualidade que não é apanágio de nenhuma classe social ou econômica: tinha um bom coração. Confirmou isso ao vê-lo abaixar-se colhendo ervas.
- São digitálicos e farão bem ao coração da pobre velha Fugitt.
E mais ainda quando soltou uma mula sarnenta que havia enroscado o cabresto num moirão de cerca. E com ele já havia andado dez vezes mais do que Jesus recomendou a quem presta ajuda. Ao despedir-se o moço quis lhe dar uma gratificação.
- Guarde seu dinheiro. No dia que não puder parar e levantar do chão o meu próximo, está na hora de bater as botas”.
“Se alguém te pedir para andar mil passos com ele, anda dois mil. Dá a quem te pede e não te desvies daquele que mendiga” – Mateus 5:41, 42.