Quinta-feira, 14 de Novembro de 2013

Quando, na escola, as crianças aprendem a respeitar os cultos afros tem perigo delas se envolverem com o demonismo ou paganismo?

Desde que nós humanos sapiens sapiens surgimos (fomos criados), também como crianças, tivemos de aprender a viver e conviver com as forças da natureza. Aqueles conhecimentos elementares foram ficando para trás, mas como os antropólogos percebem bem, os traços daquelas crenças ainda estão arraigados em nossa consciência de homens modernos. No livro do antropólogo francês Pierre Verger ele conta um caso interessantes:

Iemanjá, cujo nome deriva de Yèyémjá (“Mãe cujos filhos são peixe”), é o orixá dos Egbá, uma nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemjá. As guerras entre nações iorubas levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokutá, no início do século XIX. Evidentemente, não lhes foi possível levar o rio, mas, em contrapartida, transportaram consigo os objetos sagrados, suportes da divindade, e o rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemanjá.”

Os deuses ou orixás africanos, como na mitologia grega, reportam-se a importantes pessoas no passado perdido na bruma do tempo. Verger conta:

“Numa história de Ifá, ela aparece casada com o rei Olofin, com o qual teve dez filhos, cujos nomes enigmáticos parecem corresponder a outros orixás. Dois deles são facilmente identificados: Oxumaré e Xangô. Iemanjá, cansada de sua permanência em Ifá, foge mais tarde em direção ao Oeste. Outrora, o deus Olóòkun lhe havia dado, por medida de precaução, uma garrafa contendo um preparado dizendo: ’não se sabe jamais o que pode acontecer amanhã’. Olofin, rei de Ifé, lançou seu exército à procura da sua mulher. Cercada, Iemanjá, em vez de se deixar prender e ser conduzida de volta quebrou a garrafa, segundo as instruções recebidas, e um rio criou-se na mesma hora, levando-a para Òkun, o oceano, lugar de residência de Olóòkun”.

No berço da humanidade, a África, lá longe no passado, uma mulher que estava cansada de ter filhos e ser dominada pelo marido, foge, busca sua liberdade. Consegue se esgueirar naquela terra selvagem de feras enormes e de um exército de guerreiros e vai residir a beira do mar. Não é mesmo para ficar na memória dos homens como uma guerreira determinada e, num outro mundo, como a protetora dos que buscam sua liberdade e respeito próprio a todo custo?!


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publicado por joseadal às 10:49
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