Quinta-feira, 06 de Março de 2014

Ontem, eu e Lili estudávamos o livro Apocalipse, o último da Bíblia, com a ajuda do livro O Banquete do Cordeiro, do teólogo católico Scott Hain, quando fizemos uma feliz descoberta. Estávamos tentando compreender o símbolo da Fera que saiu do mar. Sua aparência é bizarra: tem pés de urso, corpo de leopardo e cara de leão. Pior, a volta de sua cabeça leonina tem mais 6 horrendas cabeças menores.

O livro bíblico dá algumas pistas sobre o que é essa terrível aparição (Apocalipse 13:2): “o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio”.

- Zé, esse outro personagem, o dragão, quem é?

“O grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo (Apocalipse 12:9). Nós dois lembramos logo de uma passagem desse enganador com Jesus: “transportou-o o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles e disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares (Mateus 4:8-9)”. Jesus recusou terminantemente, mas a Fera que saiu do mar é devota do Inimigo e ganhou poder sobre todos os governos da Terra: “Adorou o Dragão e abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus (Apocalipse 13:4, 6)”. Faz mais: “Foi-lhe permitido fazer guerra aos santos (13:7)". O livro explicativo conclui (p.77): “Essa Fera é uma força espiritual corrupta que age por trás das instituições políticas do mundo”.

Então, chegamos num pedaço onde tivemos uma grata revelação. Eu em especial, já que por muitos anos e por mais que esquentasse a cabeça, não chegava a uma conclusão: “Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da Fera; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis” (Apocalipse 13:18). O que significa 666?  O livro lembra: “Na tradição israelita o número 7 representava santidade e perfeição. O Sétimo Dia, por exemplo, foi declarado santo por Deus. O número 666, então, representa algo que ficou paralisado no número 6, que não avançou ao 7” Muito legal, é isso!

Paulo, apóstolo, numa carta para os judeus discutiu a questão do dia de repouso: “Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás. [os que ficam agarrados ao sexto dia, o 6] A palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé. E outra vez repete: Estes não entrarão no meu repouso (Hebreus 4:1-5)".

- Repouso de que, Zé?

O livro, O Banquete do Cordeiro, diz: “Servindo a Fera [e com ela ao Dragão], os que ficam paralisados num dia de trabalho, só se preocupam em comprar e vender [em ter e não em ser] e sem tempo não descansam na adoração do Criador”.



publicado por joseadal às 11:49
Quarta-feira, 05 de Março de 2014

Na pousada, sentamos a mesa da jornalista Maria, exímia praticante do nobre esporte de levantamento de copo. Este, como o ciclismo, tem a capacidade de exacerbar a verborragia. E em sua maneira direta perguntou a mim e a Lili, a queima-roupa: como vocês se conheceram?

(Piraí cedinho, muito antes dos repiniques, tamborins e tambores começarem o carnaval)

No livro A Brincadeira, que levei para ler, avisa (p.94): “O amor tem tendência a engendrar sua própria lenda, a mitificar seus começos”. Assim, contei o que guardei na lembrança daquele dia muito especial, há 33 anos. “Estava parado a uma esquina quando vi uma bela mulher atravessando a rua vindo do mercado empurrando um carrinho de compra cheio até em cima. Ela parou e cheguei junto perguntado: possa ajuda-la e levar o carrinho? Ela disse: não precisa, moro neste prédio. Engrenei: gostei muito de te ver, podemos nos encontrar logo mais para conversar um bocado? Ela disse: sim".

A repórter e amiga virou para Lili: “E para você, como é que foi?”

Lili contou: “Ele disse que meu esmalte combinava comigo e minhas roupas eram de cores muito alegres...”

A outra pontificou: “Viu, esta é a visão ‘mulherzinha’. É isto que você – virando para mim – deve lembrar sempre".

O livro conta um encontro do personagem com uma jovem: “Por que ao cruzar com ela não continuei o meu caminho? Eu já não encontrara tantas garotas como ela pelas calçadas? Teria sido a luz singular daquela tarde que me fez retardar o passo? Ou teria sido algo no aspecto dela que me tocou e atraiu? Não sei”. Mais a frente ele reconhece que neste encontro “houve de fato uma espécie de visão, sim, vi a essência daquilo que ela se tornou para mim. Eu compreendi na hora, senti e vi claramente como ela era, como uma verdade revelada”.

Outro dia ele lê uma poesia de Frantisek Halas, um poeta húngaro maldito durante o comunismo, acusado de morbidez e de ser existencialista.

"Magra espiga o teu corpo

de onde grão que cai não germina.

Qual espiga magra é teu corpo.

Novelo de seda o teu corpo

recalcado de desejo até o último sulco.

Qual novelo de seda é teu corpo.

Céu de cinzas o teu corpo

e ns tus fímbrias a morte espreita e sonha

Qual céu de cinzas é teu corpo.

Silêncio sem par o teu corpo,

de ver teu pranto tremem minhas pálpebras.

Como teu corpo é silencioso". 

Isso é amor a primeira vista, é poder ver tanto do outro em um breve instante. É o que a inteligente repórter queria arrancar da gente.



publicado por joseadal às 16:21
Sábado, 01 de Março de 2014

Você já ouviu contar.

No tempo do meu avô a relação entre pais e filhos era tão severa quanto a de um general com um soldado raso. Meu pai nem pensava em interromper a conversa do pai dele com alguém. As crianças ficavam de fora quando chegavam visitas e nem comiam a mesa com os adultos. As punições eram muito severas. Minha convivência com ‘seu’ Gumercindo já foi mais branda. Podia-se ouvir a conversa dos ‘mais velhos’ e até dar um pitaco em momentos que falavam da gente. As punições continuavam muito severas. Falando francamente tomei surras ‘homéricas’.

O livro A Brincadeira, de Milan Kundera, que comecei a ler, faz uma descrição daquele tempo, os anos de 1940: “Fevereiro de 1948, uma vida nova havia começado, cuja fisionomia, tal como se fixou em minha lembrança, era de uma seriedade muito rígida. Mas tinha isso de espantoso: essa seriedade nada tinha de sombria [como no tempo de meu avô, década de 1920] e foram os tempos mais alegres de todos”.

Era assim mesmo. Meu pai levava a família à praia, saíamos em viagem, ele organizava um natal que tinha até papai Noel a caráter e quando me levava à pescaria íamos de bicicleta. Era o cara.

(ele, sorriso aberto e confiante, e sua mulher, a formidável Idalina, minha mãe; em primeiro plano um garrafa de champagne, o ex-pracinha não brincava em serviço)

Mas se viesse a seu conhecimento que ZéAdal fizera um mau feito, nem é bom falar. O homem moreno de claras entradas na testa - anunciando a calvície que herdei –virava uma fera e gritava: pega aquela tábua ali!, e o pau comia. “Aquela alegria não suportava ironia, desobediência ou brincadeiras, era uma alegria grave, muito provavelmente por causa do “orgulho e do otimismo histórico da classe vitoriosa”. Terem derrotado os alemães, todas as “potências do eixo”, com a morte de 60 milhões de pessoas, dava aos homens de então, uma visão muito séria da vida. (Dimitri em meu colo, é alegria pura)

 



publicado por joseadal às 14:13
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