Você quer conhecer? Então precisa estudar, quer dizer, lêr com concentração e refletir, associar o que já sabes com o novo que estas aprendendo. O filósofo Martin Heidegger escreveu o ensaio A Doutrina de Platão sobre a Verdade onde diz:
"Para que possamos experimentar e, depois, conhecer o não-dito de um pensador, seja de que tipo for, temos de refletir sobre o seu dito. Satisfazer essa exigência devidamente implicaria discutir todos os diálogos de Platão em sua interconexão. Visto que isso é impossível, um outro caminho deve conduzir ao não-dito no pensamento de Platão".
Então perguntas: - O que é o não-dito?
É a entrelinha, é os novesfora, é o que se quiz dizer, ou como diz o matuto "enquanto cê ia com o milho eu voltava com o fubá". Quando um mestre nos ensina uma coisa, isto é, nos pega de onde estamos e nos leva mais a frente, ele mesmo já não está mais ali, já se encontra bem adiante. O mestre sempre nos ensina tudo, menos o pulo do gato, aquilo que ele descobre para si enquanto está a nos ensinar. Então, quando você estuda a opinião de um professor procure também o não-dito, o que ele sabe e não te disse.
"O que nele permanece não-dito é uma mudança na determinação da essência da verdade. Essa mudança que se consuma para ele, no que ela consiste, fica estabelecido através dessa transformação da essência da verdade".
Quando Jesus ensinava às multidões o pessoal voltava para casa satisfeito: este sim, ele não fala como os fariseus, ele ensina com autoridade! Mas uns poucos não iam embora, queriam saber o não-dito, o que o mestre sabia e não falou: diga-nos, o que significa a parábola do semeador? o que o Senhor sabe que eu não sei?
Estou lendo um artigo em que vai ensinar a ver nas entrelinhas do que Platão ensinou o que ele tinha compreendido a mais e não nos falou. E esta hermenêutica poderá ser usada em todas circunstâncias em que aprendemos. O que é a mesma coisa que dizer, sempre.