O espírito libertário fervia no Brasil, em 1815, quando em Frankfurt um homem jovem, Arthur Schopenhauer, com 27 anos, meditava na poderosa força designada como Vontade. Em 1819 ele conseguiu publicar O Mida é uma linha, não uma superfícieundo como Vontade e Representação. Neste mesmo ano Ludwig Von Beethoven fazia executar sua Sonata º 29, Hammerklavier. Pode escutá-la clicando nesse link.
http://www.youtube.com/watch?v=8TwysjbPmus
No livro, encontrei esta passagem, hoje: “Porque, tal como o nosso caminho material sobre a terra não é uma superfície, mas uma linha, assim também na vida, quando queremos apoderar-nos de alguma coisa e conservá-la, é preciso que nos resignemos a abandonar uma imensidade de outras. Não saber resolver-se, estender, como as crianças nas feiras, a mão para tudo o que na passagem nos tenta, é uma conduta absurda, é querer mudar em superfície a vida que é uma linha: corremos então em ziguezague, como fogos-fátuos erramos e acabamos com chegar a nada”.
Há em nossa geração tanta coisa para ver, ouvir e fazer que terminamos por dizer que não temos tempo. O filósofo tenta nos fazer entender a importância de sermos firmes e fincarmos o pé naquilo que julgamos fundamentais.
“Tentemos outra comparação: segundo a teoria do direito em Hobbes, cada homem em origem possui um direito sobre todas as coisas, mas para que este direito se torne tal sobre certas coisas, é preciso que o homem renuncie ao resto; os outros farão o mesmo em relação ao que foi escolhido por ele. Não podemos perseguir seriamente e com esperanças de êxito, o prazer, a glória, a riqueza, a ciência, a arte e a virtude. Há que renunciar, de desistir, de quanto seja estranho ao escopo de nossos esforços”.
Com certeza é preciso ter fé para direcionar boa parte dos nossos esforços na busca das riquezas do espírito, como Jesus ensinou (Mateus 6:31-33 ): “Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Schopenhauer, conclui: “Eis por que o simples querer e poder não bastam por si mesmos; o homem deve também saber o que quer e saber do que é capaz: então somente dará prova de caráter”.