Quando o povo francês ficou sabendo que Maria Antonieta, sua rainha, ironizou a falta de farinha de trigo no mercado, dizendo: "Se o povo não tem pão, que coma brioches!", isto não foi tão provocador do que o que liam nos folhetins, o iluminismo instigante dos filósofos.
O livro As Paixões Intelectuais conta que em 1766 um nobre francês, Jean-François La Barre, foi torturado, decapitado e queimado na fogueira por não ter feito reverência (ou tirado o chapéu) para uma procissão católica. “De Toulose a Paris, todos os juízes se haviam destacado por seu fanatismo religioso, por sua incompetência criminosa ou por sua crueldade”. Uma nação tão adiantada era dominada pela intolerância religiosa e uma justiça sem ética.
Os filósofos – Voltaire, D’Alambert, Condillac, Diderot e outros – pensavam e ensinavam uma nova maneira de viver. Então um jovem procurador-geral, Antoine Servan, fiel leitor dos pensadores, escreve e publica o livro Sobre a Administração da Justiça Criminal lançando mudanças em todo sistema jurídico. Ele conta: “Um parlamento de província ouve sem murmurar verdades que teriam agitado o parlamento de Paris; nos confins do Reino os célebres filósofos são mais respeitados do que na Capital. Na verdade é uma grata surpresa ver os avanços da filosofia nessas regiões periféricas. Jamais poderia imaginar quanto a burguesia estaria lendo, entendendo e apreciando a filosofia”.
O filósofo Condillac preceptor de Ferdinando, Duque de Parma, lhe escreve, e o que diz serve para todos nós: “Recomendo essas leituras edificantes, tanto para aperfeiçoar seu caráter quanto para melhorar seu raciocínio e seus conhecimentos”. Ler é revolucionário.