Ainda, sobre tristeza. É, comecei a ler um livro sobre o nordeste que é muito intenso, A Bagaceira, de José Américo de Almeida (P.16): “Em sua sensibilidade contraditória, ria-se e comovia-se. Um retirante levava a mãe inválida escanchada no pescoço. Já tão falto de forças, acuado pela surriada vexatória, fraqueava. Desequilibrou-se e ambos, mãe e filho, caíram de borco, beijaram, sem querer, o que podia ser a Terra da Promissão”. O livro fala da triste situação de quem não pode suportar mais a seca no sertão e toma o rumo das cidades. Quem assiste essa cena é o filho de um fazendeiro, cuja casa-grande fica bem perto da estrada por onde passam os retirantes. Formado em Direito, tendo aprendido filosofia e sociologia sentia-se mal de ver tantas injustiças numa terra que devia ser tão dadivosa. Corre para a mata, tentando refugiar-se dessas cenas dantescas. Mas não lhe adiantou: “Internou-se a toa na picada onde costumava espairecer, forrando-se aos atritos amiudados. Na contemplação da mata virgem espiritualizava a natureza arbitrária. Mas, agora, já não se comprazia com o recesso acolhedor. Procurando uma impressão que lhe pacificasse o espírito a selva bruta só lhe deu ideais de conflitos. Árvores deitadas como homens cansados. Troncos tortos lembravam deformidades do corpo e os cipós pareciam enforcar troncos veneráveis. A sombra das copas altas não era mais protetora e viu uma árvore jovem insurgir-se contra a obscuridade buscando, angustiada, alcançar a luz”. O que parece ao ciclista, ao cruzar uma floresta, um lugar de ar puro e paz,
para quem está deprimido é assustador e feio. Diz a p.15: “Tudo cantava a sua volta, mas ele profanava com essa tristeza a alegria gritante da natureza tropical”. Como revela outro livro: “A alegria é santificante”.