No livro, O Mundo como Vontade, li muitas páginas sem entender o que é esta força que nos impulsiona. Então, cheguei a esta página: “O que o homem quer real e principalmente, a tendência do seu ser íntimo e a finalidade a que, por conseguinte, tende, são coisas que nenhuma influência externa, nenhum ensinamento poderão, jamais, alterar”. Isto é a Vontade em nós. Nascemos com ela e é imodificável. “Di-lo Sêneca admiravelmente: “Velle non discitur” (não se aprende a querer)”.
- Zé, então, ninguém consegue modificar sua vida?
Atenção, ao desenvolver as ideias é preciso cuidado com as palavras. O que o filósofo Artur Schopenhauer disse é que a Vontade não pode ser modifica. Mas a vida, podemos mudar. “A conduta age por intermédio do conhecimento. Ora, o conhecimento é modificável, oscila frequentemente entre o erro e a verdade, corrigindo-se em regra geral no curso da vida. Donde se segue que a conduta dum homem pode mudar de modo notável, sem que se possa modificar o seu caráter”.
- Ainda não compreendi bem: o conhecimento pode mudar uma conduta, mas não a Vontade daquela pessoa?
“Os motivos podem, pelo exterior, agir sobre a vontade. Mas não podem nunca modificá-la, não têm poder sobre ela. Tudo o que podemos fazer é, portanto, modificar a direção das aspirações, ou seja, levá-la a procurar o que não cessará de procurar, talvez sobre uma vida diversa da que tinha até então levado”.
Eis a Vontade descerrada pelo pensador: é o que não se cessa de procurar. Nascemos com um objetivo, a vida pode nos levar por um caminho que nos afasta do que viemos buscar, mas estaremos insatisfeitos porque a Vontade brama por encontrar seu objetivo. Por isso é tão importante aprender, estudar coisas diferentes, elas podem mudar nossa direção e quem sabe nos colocar no caminho certo de nosso tesouro.
No livro, Não Tenham Medo estou lendo o santo João Paulo II explicar a Liberdade, neste trecho ele junta a ela a Vontade: “Nossa Vontade e Liberdade estão condicionadas ao Conhecimento. Uma pessoa aprisionada seria um ser “acabado” [ele quer dizer: que não pode ser mais modificado] logo, destinado a uma morte sem esperança”.
(não sei o nome desta orquídea que enfeita um vaso aqui de casa, cercada de espadas de São jorge; sabe o nome dela? Então, me diga)
Quem não consegue, não digo alcançar o que veio procurar, mas pelo menos avançar bem nesta procura e, nesta vida, aprisionado a tantas obrigações da matéria, ficou andando em círculos, disse o papa: “ficou destinado a uma morte sem esperança”.
Disto a gente deve ter medo!