Moisés, que significa Salvo das Águas, foi o menino encontrado pela filha do Faraó numa cestinha boiando no rio Nilo. Mas este caso não é uma lenda como não foi um acontecimento excepcional. No livro O Egípcio - que peguei numa biblioteca que dá e recebe livros numa lanchonete a beira da estrada Teresópolis-Nova Friburgo - o médico Sinuhe conta de sua infância:
“Nasci durante o reinado do grande faraó Amenhotep III. O dia do meu nascimento é desconhecido, pois cheguei vogando pelo Nilo abaixo num pequeno barco de junco calafetado de breu, e minha mãe me achou entre caniços da margem bem perto de sua casa. Tão quieto e imóvel estava que ela pensou que eu estava morto. Levou-me para dentro de casa e soprou dentro de minha boca até vagir. Não me disseram a verdade senão depois que os cachos dos meus cabelos foram cortados, quando me tornei garoto. De onde vim e quem tinham sido meus pais, nunca vim a saber.
Não fui o único a ser transportado rio abaixo num barquinho alcatroado. Tebas era uma grande cidade com edifícios majestosos e choças de barro onde se aglomeravam estrangeiros pobres, operários. Muita gente pobre se desfazia dos filhos abandonando-os à sorte, aos deuses do rio Nilo, confiando que eles ajudariam e dariam uma melhor vida a criança. Mulheres ricas também, estando o marido em viagem abandonavam no rio a prova de seu adultério”.
O que se vê na TV hoje em dia não é uma novidade: mães jogando os filhos no lixo ou num rio sujo. Talvez as daquele tempo fossem mais humanas confeccionando o bercinho flutuante para dar uma chance ao filho.
Foi assim que Moisés sobreviveu e se tornou o líder e legislador do povo de Israel e sua memória é reverenciada até hoje.