Eu medi os céus, agora, as sombras eu meço. Ao firmamento viaja a mente, na terra descansa o corpo".
Estas foram as palavras que Johannes Kepler escolheu como epitáfio. Vou escolher algumas palavras para falar deste homem, mas nem cem livros poderiam descrever bem seus sofrimentos físicos, sua dedicação profissional intransigente e sua fé na soberania de Deus sobre o Universo que o fortalecia tanto. E o que ele fez na vida? Simplesmente, mostrou a humanidade o que é o céu estrelado. Juntou tudo o que os astrônomos tinham aprendido desde Babilônia, que havia sido explicado por Ptolomeu, com o que dois estudiosos do seu tempo, Nicolau Copérnico e Ticho Brahe, haviam descoberto. E o que foi?
Primeiro, é a Terra que como um globo gira em torno do Sol.
Segundo, Marte, a Lua e os outros planetas não estão presos em esferas translúcidas, mas soltos seguem seus caminhos pelos céus.
Terceiro, o Sol tem um magnetismo que mantém todos os corpos em sua volta - depois Newton compreendeu ser a força da gravidade.
Quarto, a geometria, na matemática, com suas figuras e sólidos, pode explicar o movimento, ao mesmo tempo solto e preso, dos corpos celestes.
Aí você diz: - Ora, eu também sei isto tudo!
Ora, como você é sabido! E, também, já meteu em tua cabeça que um pedacinho da tua pele, como uma lasquinha do teu carro, são cadeias de átomos que mais além são campos de energia?
E compreende mesmo que todo o esforço que despendemos para juntar coisas, na realidade estamos tentando segurar o vento?
Kepler, sempre muito doente e sofrendo dores o tempo todo descobriu, se deu conta, que antes entendia tudo errado: não existe "firmamento". Aprendeu o certo e mudou seu jeito de olhar o céu - é um Cosmo!
Pelo que sofreu no corpo e pelo tanto que nos legou será que Deus, que ele tanto amou, concedeu-lhe a dignidade de que já não havia mais necessidade de voltar a este planeta de expiação? E será, que em outra esfera, Kepler está aprendo mais e ajudando outros seres em um plano mais elevado? Então, você que foi Kepler, onde esteja, estás fazendo diferente do que o homem Kepler colocou em seu epitáfio: estás medindo luz e não sombras.