Quinta-feira, 27 de Outubro de 2011

Comecei a reler A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, o romance entre um médico e uma fotógrafa durante a invasão de Praga pelo exército russo. Na primeira página ele fala da fugacidade da vida. "O mito do eterno retorno é uma idéia misteriosa e Nietzsche nos diz, por negação, que a vida que desaparece não mais voltará, que é semelhante a uma sombra, não tem peso. Uma vida não deve ser considerada mais importante que uma guerra entre dois povos africanos [este Milan não conseguiu esconder seu preconceito contra os negros, achou esta imagem mais forte do que dizer: dois povos na Mesopotâmia] há muitos séculos. Não alterou em nada a face do mundo apesar de trinta mil negros terem encontrado nela a morte através de indescritíveis suplícios".

Kundera tropeça em paradoxos. Sea  vida e "nosso amor é fugaz", como diz a música de Marina Lima, por que se leva tão a sério um crime?

"Digamos, portanto, que a idéia do eterno retorno designa uma perspectiva na qual as coisas nos aparecem diferentes de como as conhecemos, elas retornam sem as circunstâncias atenuantes de sua fugacidade".

Mesmo em nosso cotidiano repetitivo as coisas não voltam iguaiszinhas, sempre há um detalhe que nos impede de concordar inteiramente com Chico Buarque: "todo dia ela faz tudo sempre igual".

"Como condenar o que é efêmero? As nuvens alaranjadas do crepúsculo douram todas as coisas com o encanto da nostalgia, inclusive uma guilhotina [ele cria cada imagem!]". E, sei lá, condenando as crenças na ressurreição e na reencarnação ele diz: "Essa reconciliação com o mal, até com Hitler, trai a nossa perversão moral inerente e afirma que o mundo está fundado essencialmente sobre a inexistência do retorno, pois neste mundo tudo é perdoado".

Concorda com ele? A lembrança que me ficou da primeira leitura é de que o livro é bom, então vou virar a página e continuar a leitura.              


tags:

publicado por joseadal às 01:22
Sexta-feira, 14 de Outubro de 2011

A revelação é uma experiência magnífica, mas não se esgota nela mesma. O que 'viu' precisa ajudar outros a também 'ver'.

Na Bíblia esta situação é descrita assim: O espírito diz: venha, e quem ouve diga à outros, venha. (Apocalipse 22:17)

Heidegger, explicando a "alegoria da caverna" descrita no livro A República diz: 

(nesta foto Malu procura cheiros na graminha)

"De acordo com a própria interpretação de Platão, deve-se tornar explícito esse elemento essencial, a contínua superação da falta de formação. Por isso, a narrativa não termina, como se gostaria, com a descrição do estágio mais elevado que foi alcançado na subida para fora da caverna. Ao contrário, a narrativa de um retorno dos libertos para o interior da caverna, para aqueles que ainda estão acorrentados, faz parte da alegoria. Esse que foi liberto deve, então, conduzir também aqueles para cima, para longe do pouco que está desvelado para eles, para o desvelado no mais alto grau".

Quem estiver buscando um melhor desvelado vai receber a este que conhece um pouco mais como um instrutor, mas quem acredita que as sombras que vê são toda verdade então vão maltratar e até matar o portador das boas novas. 



publicado por joseadal às 23:14
mais sobre mim
Março 2015
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
14

15
16
17
18
19
20
21

22
23
24
25
26
27
28

29
30


pesquisar neste blog
 
tags

todas as tags

blogs SAPO