Esta sendo encenada no Rio a peça O Santo Inquérito, uma passagem da vida de São Bernardo. Estou lendo sobre ele no livro A Cruzada de Jerusalém. Ele foi um cristão em um momento histórico que não pode ser olvidado, As Cruzadas, quando uma legião de cristãos foram guerrear na Terra Santa.
"O papa Eugênio III começou a trabalhar, imediatamente, no lançamento da 2ª Cruzada para garantir o acesso livre à Santa Sepultura e a todos os outros lugares de peregrinação. Dirigiu-se, principalmente, ao rei Luís VII, da França. Em contrapartida, participar na campanha, a par daquilo que uma guerra sempre poderia trazer como ganho material, iria significar também o perdão de todos os pecados e a consequente garantia de entrada no Paraíso. No entanto, o rei Luís não obteve o menor sucesso em convencer os seus vassalos a respeito de uma campanha que, sem dúvida, seria grande e longa. Ele explicou, embaraçado, seus problemas para o papa que, nesta situação constrangedora, fez a única coisa possível. Mandou chamar Bernardo de Clairvaux e seus estandartes sagrados.
Este sacerdote era na época, espiritualmente, o homem mais influente e, provavelmente, o melhor orador do mundo laico. Ao se tornar conhecido que Bernardo iria falar na catedral de Vézelay, dedicada a Maria Madalena, em março de 1146.
Chegaram enormes multidões, tanta gente que logo ficou claro que a catedral não iria poder acomodar a todos. Foi preciso construir uma plataforma de madeira fora da cidade, e Bernardo ainda não tinha terminado de falar e já os dez mil ou mais ali reunidos começaram a gritar pela cruz.
Não foi sem uma ponta de orgulho que escreveu para o papa a respeito da sua façanha: 'Tu deste a ordem. Eu obedeci. Da força com que deste a ordem fez com que a obediência desse frutos. Abri a minha boca. Falei e logo em seguida o número de cruzados era multiplicado até ser impossível contá-los mais. As aldeias e as cidades estão agora despovoadas, abandonadas. Mal pudemos contar um homem para cada sete mulheres; por toda parte o que se vê são viúvas de homens que ainda vivem'".
Bernardo foi um cristão complexo, seja ou não 'politicamente correto' agora. Mas o próprio momento histórico era especial, era o tempo dos monges de Cister, quando um sacerdote podia e devia levar uma espada na cintura e usá-la bem. E Jesus sempre teve paciência, com eles conosco.