Acontece, lê-se um livro apreendendo a história, vivenciando emoções, aprendendo novos conhecimentos, mas não percebendo o sentido mais oculto do enredo. Pode nem ser a intenção mais profunda do autor, mas é a mensagem subliminar contida na obra. Quando acabei de ler Vila dos Confins, de Mário Palmério, despedi-me do deputado Paulo Santos, do barqueiro Gerôncio, do tio Arlindo, do Jorge Turco do armazém, da fácil Maria da Penha e de tantos outros personagens; mas só vim me dar conta da mensagem oculta do livro no encontro com Jovens Católicos, ontem à noite. Vamos pegar dois trechos do livro (p.298): “Que diferença a vila depois de acabado o movimento da eleição. Voltara à vidinha sossegada de povoado sertanejo: uma ou outra senhora à janela, dois animais arreados a cochilar em frente ao armazém. Barulho mesmo mais nenhum. Havia sim o cacarejar de galinhas pondo ovos e a passarinhada disputando lugar no arvoredo. Paulo, de pé no barranco, via o rio correr cada vez mais cheio, cantava grosso, a correnteza cevada pela enxurrada forte da noite.(p.304) Gerôncio embarcava o resto do gado, os animais de sela da peonada e os sacos de viagem. Estava na hora de desatracar. Subiram os passageiros e por último chega Ritinha correndo, de vestido novo. A balsa larga caranguejando, andando de lado, a carretilha cantando. Paulo pensou: perigosa, aquela travessia. De repente um foguete estalou, longe, lá pelas bandas do cemitério, na entrada da Vila. Era o povo que voltava comemorando o resultado da eleição. Então, mais outro tiro e outro, mais perto agora. E mais três estourões valentes, um barulhão no céu. A passarada calou. Paulo viu: Virgem, mãe de Deus! Um garrotão rebentava os paus da cerca da balsa e se precipitava no rio, arrastando no mergulho o vestido cor de sangue de Ritinha. E o berro desvairado de Gerôncio: Boooi, diabo!”.
(no Colibri, lugarzinho perdido, uma quietude imensa, o amigo João Bosco enche a alma de paz apreciando o rio Preto que passa)
Ontem, estudávamos os ensinos dos homens e mulheres santificados e o exemplo do Senhor Jesus sobre o silêncio. De como na quietude Deus está. E de como o mundo dos homens nos cerca de barulho, enchendo nossos ouvidos, mente e coração para não ouvirmos nossa alma.